AD: “O ataque desferido ao AL será revertido”

Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD e vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, é um dos responsáveis pela candidatura da Aliança Democrática às próximas eleições legislativas, e acedeu ao convite da Ambitur para responder a cinco questões sobre Turismo colocadas pelo nosso diretor convidado, Miguel Quintas, CEO da Consolidador.com e presidente da ANAV – Associação Nacional de Agências de Viagens.

Sendo que o Turismo representa perto de 15% do PIB e que o mesmo, em uníssono, reclama por um novo aeroporto em Lisboa, que prioridade daria à construção do mesmo? Que medidas executivas tomaria para evitar mais atrasos ou reavaliações?

O aeroporto é uma prioridade nacional. Não podemos investir tanto no Turismo e depois ter como cartão de visita um aeroporto que não responde com conforto e qualidade a quem nos visita. Foi por isso que ainda com o governo socialista em funções criámos a metodologia da Comissão Técnica Independente e que logo após a apresentação do relatório preliminar, criámos uma comissão interna para estudar o relatório e estar capacitado para a decisão logo que tome posse.

Mas também as melhorias urgentes no Aeroporto Humberto Delgado têm de ser executadas. Obras que estão há muito adiadas e que são da máxima importância.

O setor considera que a proliferação de taxas no setor do turismo gera desequilíbrios, falta de competitividade e pode ter impactos estratégicos perniciosos face a zonas que precisam de ser desenvolvidas. Como pensam harmonizar Portugal e que áreas de atividade deverão ser sujeitas um critério de maior sensibilidade estratégica?

As taxas turísticas são um instrumento importante para o desenvolvimento das regiões e para a própria promoção do Turismo. Dão autonomia e músculo financeiro às regiões e às autarquias. Mas têm de ser geridas com muita parcimónia, devem ser investidas por forma a principalmente potenciar o setor e nunca correr o risco de matar a “galinha dos ovos de ouro”.

Sendo o Turismo a maior indústria exportadora nacional e com o maior peso no PIB (perto de 15%), é a favor de um Ministério do Turismo? Porquê?

Mais do que a orgânica, se é um Ministério ou uma Secretaria de Estado Adjunta, o importante é que o Turismo tenha voz. Se tem o peso económico que tem, tem de lhe ser dado o relevo político. O setor precisa de quem pense nele, de quem trabalhe nele e de quem o priorize. É por isso que pretendo implementar reuniões do Conselho de Ministros divididas por três áreas, a reunir uma vez por mês. E uma dessas áreas são os assuntos económicos, em que evidentemente o Turismo tem um lugar de destaque e o espaço para a definição de políticas próprias.

Que medidas tomaria para colmatar a falta de mão de obra no setor?

Existem três eixos fundamentais que acabam todos por estar interligados. Ter melhores turistas, por forma a poder subir salários e a ser mais atrativo. Formar mais e melhor. Temos de ambicionar ter uma grande escola de hospitality em Portugal. Em que os melhores professores lecionam cá. Temos de investir num ensino profissionalizante massivo em todo o território e devemos ambicionar uma grande escola de gastronomia, à semelhança do que é feito na nossa vizinha Espanha.

Por fim, a imigração. Precisamos de imigrantes e precisamos de lhes dar condições de vida para que também eles escolham Portugal para implementar os seus projetos de felicidade. Precisamos primeiro, de saber quem são, para os poder integrar. Formá-los para a língua, para a cultura e claro para a profissão.

Em que medida a crise da habitação justifica politicamente o travão ao alojamento local? Que medidas tomaria para a retoma desta atividade (alojamento local) tão fundamental para pequenos proprietários e microempresários?

O ataque desferido ao Alojamento Local será revertido. Quem pensa que o AL rouba espaço da oferta da habitação não sabe do que está a falar.

Temos de ter em conta a importância do alojamento local na reabilitação do imobiliário, no número de postos de trabalho e claro no valor económico. Existem zonas do país, que por força da pressão turística, se deve ter maior cautela na expansão desta atividade e outras em que o pelo contrário a atividade deve ser incentivada, promovida e até apoiada. Como referi, o alojamento local é uma ferramenta importante da reabilitação urbana e essa sua vertente deve ser incentivada, explorada e utilizada. Como tal, penso que devem ser ouvidas as autarquias, que devem ser as Câmaras municipais, quem melhor conhece as especificidades do território, a ter uma palavra a dizer na definição da estratégia local.

*Este artigo foi publicado na edição 347 da Ambitur.

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