AHP: 54% dos estabelecimentos hoteleiros considera que já retomou os níveis de 2019

54% dos associados inquiridos pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) considera que já retomou as operações ao nível de 2019. Um terço diz que só deverá atingir esses valores este ano.

Estes foram alguns dos dados apresentados por Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, esta quinta-feira, no Roca Lisboa Gallery. No inquérito Balanço 2022 & Perspetivas 2023, o objetivo foi “perceber como correu o ano para a Hotelaria nacional” e saber o que “os hoteleiros perspetivam para 2023”.

Depois de questionados sobre os resultados de 2022, os associados da AHP foram convidados a apresentar as expectativas para o ano presente. Sobre questões idênticas às dos resultados, e outras igualmente relevantes, Cristina Siza Vieira referiu que “muitos hoteleiros consideram que já chegaram aos resultados de 2019”. Ainda assim, “alguns só no quarto trimestre de 2023 é que vão atingir os resultados” do pré-pandemia.

Sobre a taxa de ocupação, os inquiridos consideram que, em todos os trimestres deste ano, os resultados deverão ser melhores do que os do ano passado, situando-se as percentagens para cada trimestre entre os 46% e os 56%.

Entre 18% e 37% estão aqueles que consideram que os resultados serão iguais ao do ano passado. A componente “muito melhor” não é significativa para a maioria dos associados da AHP, ainda que 20% sinta que o primeiro trimestre deverá representar resultados muito melhores do que os do ano passado. Em grande parte, isto deve-se ao facto de, no início de 2022, ainda estarem presentes várias restrições devido à pandemia.

Relativamente a 2019, a projeção é idêntica. Entre 47% e 50% dos inquiridos afirma que o ano de 2023 terá taxas de ocupação superiores às do pré-pandemia. Entre 17% e 25% assumem que a taxa de ocupação será idêntica à daquele ano.

As estimativas para o preço médio por quarto são muito significativas face ao ano passado. Entre 59% e 70% da hotelaria assume que o preço será “melhor” do que o de 2022, registando as outras classificações percentagens muito reduzidas.

Se comparado com 2019, o ano de 2023 também tem uma estimativa de preço médio superior ao daquele ano. Entre 57% e 60% consideram que o preço médio vai ser “melhor”. Já 25% a 29% referem que o preço será “muito melhor” do que o de 2019.

“Há aqui espaço para crescer, e eu diria que, sendo a procura elástica, o preço também naturalmente irá acompanhar, o que é um ótimo sinal”, disse a vice-presidente executiva da AHP, que salientou o mesmo para as receitas: “as perspetivas de serem melhores são interessantes, apesar dos desafios que temos pela frente”.

Acerca dos principais mercados apontados para 2023, “os Estados Unidos de facto têm tido um crescimento extraordinário, sustentado”, frisou Cristina Siza Vieira. Este país é, aliás, o que mais cresce nas expectativas da hotelaria. 40% dos inquiridos considera que este será um dos três principais mercados a nível nacional, sendo que, nos Açores (85%) e em Lisboa (66%), a expectativa é superior à média global.

Só o mercado português (80%) e o espanhol (49%) são mais mencionados na generalidade dos hoteleiros. O Reino Unido (36%), a França (24%), a Alemanha (22%) e o Brasil (19%) são os quatro mercados a seguir referidos, no total de sete.

À questão colocada pela AHP sobre a estimativa apontada para retomar as operações ao nível de 2019, 54% dos associados inquiridos considera que já o fez antes da passagem para o presente ano.

A restante fatia espera alcançar os valores do ano anterior à pandemia durante 2023 ou apenas em 2024. 25% dos inquiridos dizem alcançar a retoma no segundo semestre deste ano, sendo que apenas 9% asseguram atingir valores iguais aos de 2019 até junho de 2023. 12% acreditam que só deverão retomar os níveis do ano pré-pandemia no próximo ano.

A inflação “teve um impacto direto no crescimento do preço médio”, segundo afirmou a dirigente associativa. E mesmo apesar de os bancos centrais estarem a tomar medidas em relação a este vetor económico, a comunidade hoteleira considera-o o maior desafio para o ano de 2023, fazendo parte das respostas de 88% dos inquiridos.

Sobre outros desafios que o setor prevê, os custos na energia (73%) estão em segundo lugar no conjunto dos três maiores desafios para os inquiridos, e a instabilidade geopolítica o terceiro (56%), em grande parte referente à guerra na Ucrânia.

O aumento das taxas de juro (37%) e os recursos humanos (11%) são outros pontos que desafiam o setor do turismo.

Apesar de este último ter estado entre os principais desafios em anos anteriores, devido à “migração para outras áreas” verificada em 2021 e 2022, Cristina Siza Vieira afirmou que a falta de recursos humanos só vem no fim da lista porque agora há mais desafios. Embora estejamos “a assistir a um abrandamento nesta situação dos recursos humanos”, o problema ainda existe.

Durante a apresentação da AHP, Cristina Siza Vieira apresentou ainda os resultados do setor da hotelaria do ano de 2022.

Por Redação Ambitur