AHP: Para 2025 “crescimento sim, mas moderado” e “sem euforias”

A AHP – Associação da Hotelaria de Portugal apresentou hoje os resultados de mais um inquérito aos seus associados sobre o “Balanço 2024 & Perspetivas 2025”. Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da associação, garantiu que para 2025 a previsão é de “crescimento sim, mas moderado” e “sem euforias”, já que são vários os desafios que se colocam, quer a nível nacional, como internacional.

Começando por fazer um balanço do ano passado, os indicadores foram positivos e de estabilidade, com a taxa de ocupação a nível nacional a situar-se nos 65%, o preço médio por quarto (ARR) a chegar aos 146 euros e o RevPar a atingir os 95 euros, crescimentos relativamente a 2023. Portugal destacou-se entre os principais mercados emissores, sendo referido por 89% dos inquiridos como estando entre os três primeiros, logo seguido do Reino Unido (indicado por 55% dos associados) e os EUA (39%). Em termos de canais de reserva, as plataformas digitais ganharam, com 95% dos hotéis a apontarem a Booking como principal canal, seguindo-se o website próprio pata 91% dos hoteleiros.

Relativamente aos períodos do Natal e do Réveillon, a performance nacional foi uma vez mais positiva, embora Cristina Siza Vieira reconheça que o Natal não tenha tanta expressão na hotelaria como o Fim do Ano. A Madeira destacou-se com uma ocupação a atingir os 81% no Réveillon e um ARR de 236 euros. Outras regiões como a Grande Lisboa, onde o ARR foi de 171 euros no Natal, o Alentejo, com o terceiro ARR mais alto em ambos os períodos, e o Algarve registaram também desempenhos sólidos.

Para 2025, as expectativas também são positivas. 48% dos inquiridos do Algarve consideram que a taxa de ocupação este ano será melhor do que em 2024, assim como 47% dos hoteleiros na Península de Setúbal, 45% do Alentejo e 43% da Grande Lisboa. Quanto ao preço médio por quarto (ARR), existe um consenso transversal entre as várias regiões de que este deverá aumentar. Em linha com esta tendência, muitos hotéis esperam crescer em termos de receitas, nomeadamente na Península de Setúbal (78%), Açores e Grande Lisboa (63%), Norte (54%) e Oeste e Vale do Tejo (53%). Verifica-se que as melhores expectativas são apontadas para os terceiro e quarto trimestre, sendo que, lembra a vice-presidente executiva da AHP, o quarto trimestre do ano tem vindo a afirmar-se na hotelaria nacional, quer por força dos eventos, das alterações climáticas ou do tipo de procura, que tem sido mais sénior.

Portugal mantém-se no cabaz dos três principais mercados emissores para 83% dos inquiridos. Espanha, com maior expressão nas NUTS Norte, Centro e Alentejo, apontada por 54% dos associados da AHP. (54%) consolida a sua posição. O Reino Unido (39%) continua a ser determinante para o Algarve e a Madeira, enquanto os Estados Unidos (34%) reforçam a sua importância em Lisboa, Açores e Alentejo. O Brasil (32%) evidencia sinais de recuperação, sobretudo em Lisboa e no Centro do país. Outros mercados em ascensão incluem a Irlanda, a Polónia e o Canadá.

Quanto aos principais desafios identificados pelos inquiridos para 2025 destacam-se a concorrência de outros destinos internacionais para 68%, o aumento generalizado dos custos para 52%, a instabilidade geopolítica para 52% e a escassez de mão-de-obra qualificada para 49%.

Global Outlook 2025

O Banco de Portugal prevê um crescimento económico de 2,3% para 2025, com uma inflação a descer para 2,3% e a estabilizar nos 2% nos anos seguintes. Ainda assim, alerta para os riscos associados à conjuntura geopolítica, como a guerra comercial EUA-China, políticas protecionistas e instabilidade nas cadeias de abastecimento, que poderão afetar decisões de investimento e consumo.

Já para a IATA, o setor aéreo poderá beneficiar da descida dos preços dos combustíveis, mas enfrenta riscos com novas tarifas e escassez de mão-de-obra, devido às intenções de deportação em massa dos EUA. Apesar deste cenário incerto, o relatório 2025 Global Hotel Outlook, da CBRE, mantém uma visão positiva para a hotelaria europeia, com o crescimento do RevPAR impulsionado pela procura intraeuropeia e por mercados globais. A AHP sublinha a necessidade de acompanhar estas dinâmicas internacionais para mitigar impactos no turismo nacional.

Cristina Siza Vieira refere que as previsões dos associados da AHP para 2025 parecem estar suportadas nas perspetivas globais destas entidades: “Estamos alinhados com as perspetivas globais, temos uma grande lucidez por parte dos nossos associados”.

Rotas aéreas no verão IATA 2025 em crescimento

Segundo dados da ANA Aeroportos analisados pela AHP, prevê-se um aumento do número de lugares na oferta aérea para o verão IATA 2025 (entre 30 de março e 25 de outubro, com destaque para o Funchal (+19%), Faro (+8%) e Porto (+7%). Mercados como Croácia, Coreia do Sul (+335%), Islândia e Catar registam os maiores crescimentos percentuais, refletindo uma maior diversificação da procura, mas também a Polónia terá mais 34% de lugares, num total de 236.610 lugares. Portugal lidera como principal mercado em número de lugares de passageiros, seguido do Reino Unido, França, Espanha e Alemanha. Os EUA destacam-se com quase 1 milhão de lugares diretos para Portugal (+7%). Este crescimento insere-se num contexto global positivo, com a IATA a prever um aumento anual, a nível mundial, de passageiros de 3,8% até 2043. Já na Europa prevê-se um crescimento de 2,3% ao ano até à mesma data.

Por Inês Gromicho

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