O Alentejo é o destino do mês de junho na Ambitur.pt. Num roteiro de cinco dias pela região do baixo, norte e centro deste vasto território, pudemos conhecer melhor as histórias e “estórias” de projetos, imóveis, centros interpretativos, lugares de “culto” aos vinhos e à boa gastronomia alentejanos, sempre contadas pelos próprios, por quem ali vive e melhor do que ninguém sabe do que está a falar.
No centro da cidade de Portalegre, um edifício que nasceu no século XVIII a mando do Visconde do Reguengo e visitado pelo Rei D. Carlos nas suas deslocações ao Alentejo quando ia caçar com o Rei de Espanha, abriu portas em 2022 como hotel cujo lema é “The New Luxury Concept”. O Portalegre Palace assenta assim em três pilares fundamentais: a valorização do património, a valorização das pessoas e a valorização da gastronomia e cultura local.
Tudo iso nos vai explicando a gerente operacional desta unidade, Beatriz Ferreira da Silva, enquanto nos guia por este imóvel cuja história foi passando de boca em boca mas sem grandes registos escritos que a assinalassem. Beatriz é da região e, depois de um breve interregno para estudar em Leiria, onde se formou na área de Marketing e Gestão, regressou a Portalegre, e garante que a maior parte da equipa também é local. Apaixonada pelo que faz, diz-nos que apesar de o turismo não ter sido a sua opção original lógica, acabou por abraçar este desafio pelo dinamismo e criatividade que os proprietários lhe procuram impor.
O hotel pertence a Hélder Martins e é o primeiro projeto hoteleiro da sua empresa, a Poupatempo, mas a nossa guia garante que provavelmente não será o ultimo.
Antes de ser hotel o imóvel funcionou como casa de família e ainda hoje são vários os portalegrenses que ainda recordam a antiga proprietária, a D. Ester Sampaio, uma personalidade relevante para a história da cidade e muito ligada à comunidade local, conta-nos Beatriz. Algumas já tinham visitado o edifício anteriormente e até brincado nos jardins e, por isso, gostam de o revisitar agora, tentando perceber as mudanças e novidades.
Apesar de estarmos mesmo no centro da cidade, ao entrarmos no Portalegre Palace somos invadidos por uma sensação de serenidade e paz, e este o conceito que os proprietários procuraram desenvolver nesta unidade hoteleira onde cada detalhe nos transporta para outras épocas anteriores. Basta olharmos para as pequenas notas que se encontram nos livros à disposição dos hóspedes, livros que estão assinados pelas várias famílias que por aqui passaram, e que nos levam a querer saber mais sobre a vida dessas pessoas e os seus interesses. E este é o verdadeiro luxo que o hotel procura transmitir, a atenção dada ao detalhe e ao cliente, procurando ir de encontro ao que cada um pretende desta experiência e buscando a reinvenção constante para melhor poder responder a todas as necessidades e exigências.
Detalhes que também chamam a atenção do hóspede mais atento são alguns elementos que foram preservados da antiga vivência do edifício, como é o caso de uma secretária, dos azulejos da fachada, do portão, do teto ou das janelas.
No Portalegre Palace podemos encontrar uma suite familiar, três suites duplas e sete quartos duplos, num total de 11 unidades de alojamento. Todas têm um nome associado a doçaria conventual da cidade, um sinal de que a gastronomia é um elemento muito presente nesta unidade, como Rebuçados de Ovo ou Boleima de Portalegre, para não falar do Tutanto do Céu ou do Tecolameco. Todos os quartos são diferentes e vocacionados para estadias familiares e prolongadas, tendo em comum as grandes áreas “palacianas”, salas e casas de banho.
Para chegarmos ao salão passamos pelo espaço da Cozinha Alentejana, com fogão a lenha, aberta aos hóspedes e onde por vezes se realizam workshops. Já no Salão Nobre, são servidos os pequenos-almoços de produtos locais e sazonais, bem como um chá ao meio da tarde. É possível ainda conhecer o oratório da antiga capela do imóvel. Junto à lareira, os hóspedes podem relaxar consultando alguns livros da biblioteca.
Lá fora, há espaços para ler à sombra de uma árvore, apanhar sol ou deixar as crianças brincar. No verão, o espaço é aberto ao público que pode vir experimentar o Wine Garden do Portalegre Palace. Conhecemos também a piscina, um espaço aproveitado a partir de um tanque antigo que, provavelmente, em outros tempos, teria tido a função de armazenar água. Não faltam ainda um Jacuzzi e um pequeno Spa, com duche sensorial, spa para pés, fonte de gelo e sauna.
Tempo ainda para conhecer a garrafeira do hotel, com uma seleção de vinhos de altitude e vinhas velhas, assim como outros produtos da Serra de S. Mamede. O espaço é aproveitado para provas e tertúlias por parceiros e produtores, sendo ainda possível contar com os conselhos do escanção residente.
Pelas mãos do Chef Luís…
Sendo a gastronomia um dos elementos essenciais do Portalegre Palace, não podíamos deixar de conhecer o responsável por esta componente. Chama-se Luís Morgado Pinto, é natural de Portalegre e, apesar de ter estudado Direito, em Lisboa, acabou por reconhecer a sua verdadeira paixão: a cozinha. Por isso, decidiu fazer um curso nesta área, na Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, e foi fazendo o seu percurso profissional por espaços como o antigo “Talho”, hoje o “Talho do Povo”, a Hamburgueria Plátano, o Páteo Real, o Gavião Nature Village e, por fim, assumiu o seu cargo de Chef de cozinha no Portalegre Palace: “Não hesitei, porque o conceito é a minha praia”, admite.
Luís gosta de “inventar”, procurar novas texturas e novos sabores. No hotel claro que trabalha com aquilo que já existe, mas explica que tem liberdade total.
Na verdade, a gastronomia sempre foi um elemento muito procura pelos clientes do Portalegre Palace, e o pequeno-almoço aqui sempre foi digno de realeza, explicam os dois responsáveis. É servido à mesa, com uma ementa de onde se destacam as ostras e o espumante, uma combinação muito procurada. A funcionar desde as oito da manhã até ao meio dia, é um momento especial que marca a experiência nesta unidade.
Diz-nos o Chef Luís que a proposta gastronómica no Portalegre Palace vai ao encontro da história do próprio imóvel, com produtos locais como os queijos, os enchidos, os croquetes e as chamuças, os ovos com espargos… Também nos vinhos se procura recorrer aos da região, apostando em vinhos equilibrados. A doçaria não podia deixar de fazer parte da proposta, com o toucinho-do-céu, o pão real ou os queijinhos de amêndoa a serem presença obrigatória no menu, mas também a torta de laranja ou o branco com chocolate.
No fundo, explica Luís, os petiscos são a sua zona de conforto e é nisso sobretudo que aposta na sua cozinha, bem como sopas reconfortantes como a sopa de tomate ou de batata com bacalhau. Mas há um prato que, quem já provou, imediatamente identifica como sendo do chef: o gaspacho.
Quem visita o Portalegre Palace pela primeira vez, não pode deixar de experimentar os croquetes de carne, que acabam por funcionar como uma refeição principal.
Para Luís, o segredo de uma boa cozinha reside sobretudo no produto e no gosto por aquilo que se faz, bem como pela proximidade que se cria com o cliente. E da sua cozinha? “Simplicidade e sabor”, resume.
Beatriz e Luís convidam pois a conhecer o Portalegre Palace, onde garantem que o hóspede terá “uma experiência do início ao fim”, onde a estadia se complementa na perfeição com a gastronomia e o serviço.
























































