O Algarve é o destino do mês de novembro da Ambitur. Num roteiro de cinco dias elaborado pelo Turismo do Algarve, percorremos a região de lés a lés, passando pelos 16 concelhos deste vasto território. De Alcoutim ou Vila Real de Santo António até Vila do Bispo ou Aljezur, atravessámos o litoral e o interior, e conhecemos iniciativas e projetos turísticos que contribuem para que o Algarve continue a ser hoje um destino que merece ser visitado ao longo de todo o ano.

Chegámos a Faro com a intenção de conhecer a história por detrás da Tertúlia Algarvia. À nossa espera, João Amaro convida-nos a experimentar os sabores da região no restaurante desta organização, localizado no centro histórico da capital do Algarve. Enquanto saboreamos a icónica cataplana, o empresário volta atrás no tempo para explicar como tudo começou.
E tudo começou em 2006, quando um grupo de 11 amigos começou a juntar-se, ainda o sol se preparava para lançar os primeiros raios, num hotel em Faro onde, depois do pequeno-almoço, ganhavam forças para abordar um interesse comum a todos: a gastronomia, a história e a cultura do Algarve. Assim nasceu a associação à qual deram o nome de Tertúlia Algarvia – Centro de Conhecimento em Cultura e Alimentação Tradicional do Algarve.
A missão desta associação era promover a história da gastronomia e a alimentação tradicional da região, o que os levou a outra ambição: ter um espaço físico onde pudessem concretizar esse sonho. E assim chegaram a Vila-Adentro, a um edifício que datará do século XVII ou XVIII, com dois pisos, e que, ao longo dos anos, foi alvo de várias transformações. Depois de muitas conversações com o proprietário, avançaram para este primeiro espaço, mas a crise do banco Lehman Brothers em 2008 não trouxe bons momentos e só em 2013 a Tertúlia Algarvia conseguiu finalmente abrir ao público este espaço inteiramente dedicado à gastronomia tradicional do Algarve.
Assim, além das refeições servidas no restaurante, aberto ao público quase todos os dias do ano, o grupo desenvolveu também aulas e demonstrações culinárias. Aqui, os participantes, na sua maioria turistas estrangeiros, sobretudo norte-americanos e canadianos, podem ir com o Chef de cozinha ao mercado escolher o peixe, o marisco, os bivalves, os pimentos, as cebolas ou os tomates… enfim, os ingredientes necessários para fazer uma cataplana. Depois disso, numa aula, aprendem a confecionar e podem, claro, no final, experimentá-la, recebendo ainda um certificado de participação e um avental exclusivo. João Amaro recorda que além desta, a Tertúlia Algarvia tem ainda outras experiências, e todas podem ser agendadas online.
Por outro lado, a atividade de experiências culinárias é complementada com demonstrações ao vivo em determinados eventos, como é o caso da BTL em Lisboa, a B-Travel em Barcelona, a Expovacaciones em Bilbau ou a Intur em Valladolid, nestes casos normalmente em parceria com a Região de Turismo do Algarve. O objetivo é animar os stands nas feiras com demonstrações de cozinha ao vivo e momentos de degustação. Mas também participam em outros eventos como o Festival MED em Loulé e a Feira da Perdiz, em Martim Longo (Alcoutim), esta última com um chef próprio que faz criações a partir do porco ibérico e com a realização de uma aula de Cataplana de Perdiz.
O catering é outro serviço destinado a congressos, seminários e outro tipo de eventos.
Em parceria com a Região de Turismo do Algarve, João Amaro destaca ainda o projeto Algarve Craft & Food que, pela primeira vez, estruturou uma oferta de turismo criativo na região. Foram assim criados 20 programas – 10 experiências de artesanato e 10 experiências de gastronomia – que permitem que os visitantes experimentem os sabores e os saberes tradicionais do Algarve. Em termos do artesanato, destacam-se atividades como workshops de cerâmica, olaria, azulejo ou cestaria, entre outros, e no que diz respeito às experiências gastronómicas, elas vão desde a degustação de vinagres à cataplana com todos, passando pela tiborna e pelo xarém, ou ainda pela doçaria popular algarvia.
Também com o Turismo do Algarve, a Tertúlia Algarvia lançou o projeto Cataplana Algarvia no sentido de promover experiências e dar visibilidade a este utensílio e às receitas tradicionais, mas também a novas receitas criadas por um conjunto de chefs regionais e nacionais.
Outros projetos abrangem o Catálogo Agrotur – Promoção de Produtos Alimentares dos Territórios de Baixa Densidade do Algarve, que abrange hoje 180 produtores e 792 produtos, e que vai já na sua segunda edição, e que foi desenvolvido em parceria com a Universidade do Algarve o NERA – Associação Empresarial do Algarve.
A Tertúlia Algarvia integra ainda um consórcio regional “O Algarve na Dieta Mediterrânica”, que envolve uma série de entidades, desde a Universidade do Algarve, a Câmara Municipal de Tavira, a Região de Turismo do Algarve, as Escolas de Hotelaria e Turismo do Algarve e de Vila Real de Santo António, entre outras, com o objetivo de implementar ações previstas no Plano de Salvaguarda para a Dieta Mediterrânica.
No fundo, uma série de iniciativas em prol da gastronomia regional que levam a que João Amaro fale mesmo de um nicho que já existe no Algarve em torno do turismo culinário, ou seja, turistas maioritariamente norte-americanos e do norte da Europa que, para além de procurarem locais para experimentar os sabores algarvios, querem também aprender a cozinhá-los.
Faro Story Spot: Um museu de Faro para o mundo
Mais recentemente, a Tertúlia Algarvia avançou para outro tipo de projetos: o Faro Story Spot. É um projeto arrojado, admite João Amaro, e difícil de rentabilizar em termos económicos. Mas o objetivo foi criar um espaço que pudesse dar a conhecer a história da cidade de Faro e da Ria Formosa de uma maneira diferente, mais interativa e visual.
Tivemos oportunidade de visitar o Museu Multimédia que, recorrendo ao Zé do Mar e ao cavalo-marinho que dá pelo nome de Marino, nos leva numa viagem pela história de Faro, pelos segredos da Taberna da Pepa e pela Ria Formosa com o seu habitat riquíssimo. Os visitantes podem assim aceder um roteiro dos pontos de maior interesse da cidade, enquanto ouvem histórias divertidas contadas pelo Zé do Mar. Já com o Marino somos levados a explorar a fauna e a flora da Ria Formosa, num apelo à preservação deste importante espaço natural.
Além disso, e como não poderia deixar de ser uma vez que é a Tertúlia Algarvia a entidade por trás deste espaço, a gastronomia é outro ponto de interesse no Faro Story Spot. No final da visita, o espaço de restauração espera-nos para um menu inspirado na Dieta Mediterrânica, sobre a qual ouvimos falar anteriormente com o Zé do Mar. Aqui é possível sentir as texturas das tradições algarvias.
Situado no Largo da Sé, o Faro Story Spot funciona de segunda a sexta-feira, das 10H00 às 16H30, e aos sábados das 10H00 às 14H30.
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