A Bedsrevenue analisou perto de um milhão de reservas em Portugal e apresenta as suas projeções para 2026 no setor hoteleiro português e europeu. Os resultados mostram que o crescimento do RevPAR será sustentado sobretudo pela melhoria da taxa de ocupação e não tanto pelo aumento da tarifa média. No Algarve, em Lisboa e no Porto, onde os preços médios registaram fortes subidas nos últimos anos, prevê-se que em 2026 continuem acima dos valores de 2019 em termos reais, mas com um crescimento mais moderado, estimado entre 1% e 3% ao ano. No caso do Algarve, por exemplo, o ADR registou um aumento acumulado de 9% até 2024, mas espera-se uma desaceleração.
As projeções apontam ainda para a consolidação de tendências ligadas a segmentos de mercado. O turismo de lazer deverá crescer entre 5% e 10% até 2030, representando já em 2026 uma fatia significativa das viagens de negócios que se prolongam para estadias de lazer. O turismo sénior será um dos segmentos em maior expansão, resultado de uma população mais envelhecida mas com capacidade e vontade de viajar, sobretudo em épocas médias. A procura por opções sustentáveis também deverá aumentar, com mais viajantes a escolher hotéis com certificações verdes e práticas ambientais responsáveis, em especial em destinos de natureza e mercados turísticos maduros.
Outro fator relevante é a evolução da antecedência média das reservas. A tendência indica um aumento gradual, sobretudo para férias longas, numa procura por maior segurança e por tarifas mais competitivas. Paralelamente, a sazonalidade do turismo está a tornar-se menos acentuada. Em 2024 e 2025, os meses de verão representaram apenas 36 a 37% das dormidas em Portugal, o valor mais baixo dos últimos anos, evidenciando que outros destinos, como os ligados à natureza ou ao turismo sénior, estão a ganhar importância nos meses fora da época alta.
Do ponto de vista macroeconómico, as previsões para 2026 sugerem que a inflação na zona euro e em Portugal deverá regressar a níveis mais moderados, mas ainda acima da meta dos 2 a 3%. Apesar disso, os custos operacionais relacionados com energia, alimentação e salários continuarão a pressionar os hotéis. As taxas de juro, que atingiram níveis elevados em 2024 e 2025, poderão estabilizar ou descer ligeiramente em 2026, embora o financiamento continue a representar um desafio. O poder de compra dos turistas poderá ser afetado por estas dinâmicas, mas a vontade de viajar mantém-se sólida, ainda que possa traduzir-se em estadias mais curtas ou em escolhas que privilegiem a relação qualidade-preço.
De acordo com Bruno Simões Ferrão, business development manager, da Bedsrevenue, as projeções para 2026 demonstram que o setor hoteleiro português caminha para um novo equilíbrio, marcado por ocupações mais sólidas, sazonalidade menos acentuada e hóspedes mais exigentes em termos de personalização e sustentabilidade. “É fundamental que os hotéis antecipem estas mudanças e ajustem as suas estratégias desde já, para proteger margens e reforçar a competitividade”, sublinha o responsável.






















































