#Formação (Portucalense): “Os nossos estudantes são empreendedores e têm uma atitude que os leva dia a dia mais longe”

Numa altura em que muito se fala da escassez de recursos humanos na hotelaria, é fundamental analisar a oferta formativa do país e perceber que opções tem a nova geração se quiser ingressar nesta indústria. É isso que Ambitur procura fazer neste trabalho, falando com responsáveis de várias instituições académicas, bem como a tutela das Escolas do Turismo de Portugal. O objetivo é saber como anda a formação dos profissionais da hotelaria, que desafios enfrenta o universo educativo, quais as propostas que apresentam e que tendências anteveem. Hoje falamos com Isabel Vaz Freitas, diretora do departamento de Turismo, Património e Cultura da Universidade Portucalense.

Perante o atual contexto de escassez de mão-de-obra disponível que já está a desesperar muitas empresas, Isabel Vaz Freitas, diretora do departamento de Turismo, Património e Cultura da Universidade Portucalense, admite que nem “as dinâmicas da formação” conseguem, neste momento, “suprir as enormes falhas ao nível da empregabilidade”, antevendo um verão difícil para muitos empregadores que recorrem ao mercado de emprego internacional para suprir estas lacunas.

[blockquote style=”1″]”falta pensamento nas questões estruturais da hotelaria e das suas estratégias para o nosso país”[/blockquote]

E as grandes dificuldades estão relacionadas com “as velhas questões da sazonalidade e da precariedade do mercado de trabalho”, aponta a professora doutora, lembrando que licenciados e mestres nesta área procuram um mercado que garanta mais estabilidade, um futuro internacional e pleno de desafios. Neste sentido, embora a oferta de emprego tenha aumentado com impacto, as questões da precariedade mantêm-se e os salários continuam baixos, diz, pelo que “os desafios permanecem ainda sem grande dinamismo e sem grande criatividade”. Ou seja, frisa, “falta pensamento nas questões estruturais da hotelaria e das suas estratégias para o nosso país”. A responsável recorda que apesar de o turismo ter despertado, “não vemos da parte de Portugal grandes ações concertadas para se afirmar internacionalmente”, defendendo que “deveríamos estar a assistir a ações de marketing que explorassem em força os nossos recursos e que motivassem os nossos profissionais a irem mais longe. É preciso motivação para se fazer mais e melhor”.

Outra via para a empregabilidade, na qual a Universidade Portucalense tem uma constante preocupação, é a criação do próprio emprego e a docente afirma que “apesar dos inúmeros esforços do Turismo de Portugal”, é evidente a ” falta de ações de apoio que promovam novos negócios de qualidade que usem a criatividade e a inovação para se afirmarem no mercado”. Conclui dizendo que, neste momento, “há demasiado silêncio e demasiado habitual «deixar correr»”.

Por fim, aponta como terceira via de saída para os estudantes, a investigação aplicada, associada ao desenvolvimento estratégico da área associada ao desenvolvimento e regeneração dos territórios, mas reconhece que “estamos ainda numa fase muito incipiente, com muitas dúvidas e com falta de apoios”. Defende pois que é “fundamental pensar a área do turismo e da hotelaria no desenvolvimento do território e na criação de mais oportunidades para dar conhecer os lugares incríveis e plenos de cultura e de património que ainda se encontram à espera de um olhar atento”. Remata dizendo que ” são estes estudantes que saem das licenciaturas, mestrados e doutoramentos que podem fazer a diferença e agir com saber”.

A ligação com o mercado de trabalho

Na Portucalense, o propósito de estabelecer fortes ligações com o mercado de trabalho é encarado com seriedade, e por isso a instituição inclui no plano de estudos dois estágios em parceria com empresas e organismos do setor, que integram os estudantes nas suas atividades diárias, garantindo um apoio “imprescindível” à formação.

Tem ainda uma unidade curricular no curso de Gestão da Hospitalidade, designada por “Práticas de Alimentação e Bebidas”, na qual o Chef Renato Cunha e o Mestre Luís Rocha garantem uma aprendizagem ativa e inovadora na área da restauração. Semanalmente, às quartas feiras, realizam-se os almoços pedagógicos com colaboração dos estudantes na cozinha e na sala de almoços que têm alcançado um enorme sucesso, garante a responsável. No semestre organizam-se almoços de harmonização que contam com a presença de parcerias. Este ano, a Portucalense conta com a presença da Quinta do Crasto e da Quinta da Lixa, e espera ainda outro parceiro da área dos vinhos, antes do ano terminar. O curso abrange igualmente salas de simulação na área de Hotelaria, como a sala de Escanção e o Hotel-escola, que “garantem uma prática simulada antes da chegada aos locais de estágio ou ao mercado de trabalho”. A docente salienta ainda que as metodologias de trabalho da instituição orientam o estudante para outras práticas reais, como a aprendizagem baseada em projetos, em resolução de problemas, onde o trabalho em equipa e a criatividade são cultivados. Além de dar importância “ao empreendedorismo desenvolvendo confiança e conhecimento de mercado aos nossos estudantes que optam por esta via para se estabeleceram no mercado”.

[blockquote style=”1″]”Ao conversarmos com os nossos alumni, é sempre muito recompensador saber que estas estratégias formativas têm garantido uma boa inserção no mercado e na vida ativa e que os nossos estudantes são empreendedores e têm uma atitude que os leva dia a dia mais longe”[/blockquote]

O apoio não termina na licenciatura e, os que pretendem avançar para mestrado em Turismo e Hospitalidade, têm a oportunidade de desenvolver os seus próprios projetos, continuar a desenvolver a componente de trabalho junto de uma instituição parceira que garante mais integração e mais apoio aos saberes profissionais, ou, ainda, desenvolver um projeto de investigação muito ligado à regeneração e desenvolvimento dos territórios. “Ao conversarmos com os nossos alumni, é sempre muito recompensador saber que estas estratégias formativas têm garantido uma boa inserção no mercado e na vida ativa e que os nossos estudantes são empreendedores e têm uma atitude que os leva dia a dia mais longe”, diz, satisfeita, Isabel Vaz Freitas.

Para os profissionais já inseridos no mercado de trabalho, a responsável não hesita em defender a importância da formação atualizada e continuada “para aumentar a qualidade do setor e garantir a hospitalidade pela qual os portugueses são tão conhecidos”. E deixa ainda uma mensagem aos estudantes dos cursos profissionais para que continuem os seus estudos “de forma a garantirem um melhor futuro”, referindo que na Universidade Portucalense ” o estudante encontra um lugar onde pode criar, experimentar e desenvolver os seus interesses e competências numa das áreas especializadas do mercado onde pretenda apostar”.

Oferta formativa na Universidade Portucalense

  • Licenciatura em Gestão da Hospitalidade
  • Licenciatura em Turismo
  • Mestrado em Turismo e Hospitalidade
  • Mestrado em Património Cultural e Desenvolvimento do Território
  • Short Master em Escanção e Mercado Global dos Vinhos
  • Short Master em Gastronomia

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