A Ambitur.pt tem estado ao lado do setor da Hotelaria em Portugal, seguindo tendências, anunciando novidades, acompanhando mudanças. Hoje trazemos-lhe mais uma rubrica, desta feita procurando a visão das mulheres que escolheram o mundo dos hotéis para o seu percurso profissional. Como é ser mulher nesta indústria? É o que procuramos saber com “Hotelaria no Feminino”. Hoje estamos à conversa com Ana Beatriz, CEO na ABC Sustainable Luxury Hospitality, consultora de hotelaria que fundou em 2014. A profissional não tem dúvidas de que, hoje em dia, “é sábio” ter mulheres na hotelaria, até porque, a nível de gestão, “trazemos intuição, tacto, disrupção e inteligência”.
É difícil ser mulher na hotelaria em Portugal nos dias de hoje? Observa alguma evolução desde o seu primeiro emprego no setor?
Hotelaria é Hospitalidade, hospitalidade é energia feminina. Era inevitável que as mulheres ocupassem o lugar que hoje ocupamos sabendo que o equilíbrio entre homens e mulheres é fundamental.
Hoje é sábio ter mulheres no setor de hotelaria e considero que é natural. Sinto sim uma enorme evolução desde 1998.
Quando começou a trabalhar no setor hoteleiro e onde?
Comecei como empregada de mesa e barmaid no Hotel Lisboa Plaza – Hoteis Heritage.
O que a motivou a trabalhar na hotelaria?
A paixão que tenho desde de miúda admirando a minha mãe, Fernanda Beatriz, a liderar a Aldeia das Açoteias. Digo muitas vezes que nasci da primeira diretora de hotel mulher em Portugal.
Saí com o 9º ano da secundária e entrei no curso profissional Restaurante e Bar, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, que confirmou o meu caminho.
Qual a sua função/cargo na empresa em que trabalha? E como é o seu dia a dia?
Criei uma consultora hoteleira em 2014, ABC Sustainable Luxury Hospitality e desde em então que acompanho investidores/proprietários na criação e recriação de unidades hoteleiras únicas em Portugal assentes no segmento de saúde e bem-estar.
Tenho um dia-a-dia muito divertido e sempre com inovação e concretização. Desde criar conceitos hoteleiros, verificar a sua rentabilidade, consolidar e profissionalizar unidades hoteleiras, liderar processos de operação hoteleira e assegurar rentabilidade, não esquecendo o meu “bem-estar”.
Alguma vez sentiu, ao longo da sua carreira, mais dificuldade em aceder a determinado cargo/função por ser mulher? Considera que ser mulher é um fator que dificulta o crescimento profissional?
Nunca senti tal situação, muito pelo contrário.
Considero que Ser Mulher é uma mais-valia nesta indústria, como comecei por referir. Na minha perspetiva, o caminho deverá ser de respeito mútuo e de reconhecimento mútuo, pois existem talentos naturais nas mulheres e vice-versa nos homens. A mulher hoje é reconhecida e, mesmo que no passado, tenha sofrido injustiças, está na hora de unirmos e verdadeiramente sermos Seres Humanos.
Talvez tenha sentido mais “dificuldades”, ao longo da minha carreira, na infeliz “disputa” entre mulheres.
Na sua opinião, há um equilíbrio ou desequilíbrio no número de mulheres versus homens que trabalham no setor? De que forma isso se verifica – nos cargos exercidos, nos salários oferecidos? E por que razão considera que é assim?
Eu diria que em cargos de administração, proprietários e investidores assista a um maior desequilíbrio, são realmente mais homens.
Direção e chefia já vejo maior equilíbrio.
Colaboradores assisto a uma maior percentagem de mulheres.
Vivemos numa sociedade ainda patriarcal, e como tal muitos homens ainda lideram muitos cargos.
Hoje a regulamentação e a obrigação muito em breve de aplicar o ESG Management irá conduzir a uma gestão mais sustentável de todos os pontos de vista.
Na sua empresa quem está em maioria – mulheres ou homens?
Na minha empresa somos mais mulheres.
No seu caso pessoal, gosta mais de trabalhar com equipas de mulheres, só de homens ou mistas?
Gosto trabalhar com equipas mistas.
É fácil conjugar a sua vida pessoal/familiar com a vida profissional? Sente uma maior pressão em atingir este equilíbrio pelo facto de ser mulher?
Quando era diretora de hotel senti sim uma maior dificuldade, principalmente quando fui mãe. A minha filha mais velha nasceu um mês antes porque eu estava numa abertura de hotel, e lembro-me como se fosse hoje que uma hora depois de ter dado à luz, estava ao telefone com uma pessoa do hotel para “tentar orientar” a operação desse dia.
Hoje em dia, na posição que estou, faço questão de ter esse equilíbrio e de o passar aos nossos clientes, parceiros, colaboradores e tantos outros que impactamos no acreditar que o bem-estar físico, mental e espiritual é a maior bênção.
O que pensa que a visão feminina pode trazer de diferenciador e de positivo ao setor hoteleiro?
Nós temos qualidade únicas como: criatividade, sensibilidade, capacidade de adaptação, compaixão e um nível de inteligência emocional que permite ter uma atitude bem mais holística perante as situações do dia-a-dia de operação, onde a gestão de Pessoas lidera o tempo e é crucial para o sucesso destes negócios.
A nível de gestão, administração trazemos intuição, tato, disrupção e inteligência, sendo certo que a formação e experiência é determinante.
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