A Ambitur.pt tem estado ao lado do setor da Hotelaria em Portugal, seguindo tendências, anunciando novidades, acompanhando mudanças. Hoje trazemos-lhe mais uma rubrica, desta feita procurando a visão das mulheres que escolheram o mundo dos hotéis para o seu percurso profissional. Como é ser mulher nesta indústria? É o que procuramos saber com “Hotelaria no Feminino”. A conversa de hoje é com Ana Galo, diretora geral do Montebelo Vista Alegre Lisboa Chiado Hotel, que acredita que o setor, nos dias de hoje, já está equilibrado, não só a nível dos cargos mas, espera, também dos salários, no fundo “fruto da evolução da sociedade”.
É difícil ser mulher na hotelaria em Portugal nos dias de hoje? Observa alguma evolução desde o seu primeiro emprego no setor?
Não considero que seja difícil ser mulher na hotelaria atualmente, há uma evolução do papel da mulher na sociedade que estou em crer que venha a acompanhar todos os setores não sendo a hotelaria uma exceção. Ainda há muito a fazer, não só em hotelaria mas em todas as áreas no geral. A maior diferença ou evolução, como prefiram, está nos cargos de liderança, que no meu primeiro emprego eram maioritariamente ocupados por homens e atualmente encontro muitas mulheres nestes cargos e isso deixa-me bastante satisfeita.
Quando começou a trabalhar no setor hoteleiro e onde?
Comecei a trabalhar no setor hoteleiro enquanto fazia a minha pós-graduação, na altura com uma empresa de outsourcing, a Laçarote Cater, uma referência no mercado a todos os níveis. Foi com eles que comecei e aprendi muito e onde ganhei asas.
O que a motivou a trabalhar na hotelaria?
O contacto com o hóspede, o cuidado, a possibilidade de trabalhar todos os detalhes para surpreender. Mas também toda agitação, todo o “lodo” como gostamos de lhe chamar, esse frenesim do dia-a-dia da hotelaria é sem dúvida a minha paixão. A organização e planeamento para assistir ao resultado final confesso que me dão muito gozo.
Qual a sua função no hotel em que trabalha? Desde quando ocupa esse cargo? E como é o seu dia a dia?
Atualmente trabalho para o Grupo Visabeira, na Montebelo Hotels, como diretora geral do Hotel Montebelo Vista Alegre Chiado, a par do Montebelo Lisbon Downtown Apartments, e também como responsável das unidades de restauração de Lisboa: o Restaurante Zambéze, uma fusão de cozinha Beirã e Moçambicana, o Restaurante Troppo Squisito, a Cervejaria Antártida e a última aquisição em parceria com o Chefe Chakall o La Panamericana. Ocupo este cargo desde julho deste ano e o meu dia-a-dia felizmente é diferente todos os dias. são várias as unidades, com diferentes necessidades, que exigem uma adaptação bastante grande, por isso não há dois dias iguais, mas normalmente o meu dia começa no Montebelo Vista Alegre Chiado onde gosto de estar logo de manhã cedo para acompanhar o começo da operação.
Alguma vez sentiu, ao longo da sua carreira, mais dificuldade em aceder a determinado cargo/função por ser mulher? Considera que ser mulher é um fator que dificulta o crescimento profissional?
Prefiro encarar os desafios sem colocar na equação o facto de ser mulher, nunca senti um tratamento diferente por ser mulher e não quero que isso condicione o meu pensamento, a minha decisão, nem que seja argumento para progressão. Contudo não sou alheia a que por vezes seja uma barreira no crescimento profissional e no alcance de determinados cargos.
Na sua opinião, há um equilíbrio ou desequilíbrio no número de mulheres versus homens que trabalham no setor? De que forma isso se verifica – nos cargos exercidos, nos salários oferecidos? E porque razão considera que é assim?
Ao longo do meu percurso profissional tenho trabalhado com muitas mulheres, muitas delas em cargos decisores, creio que o setor está bem representado e equilibrado atualmente. Sinto que sofreu uma evolução nesse sentido ao longo dos últimos anos, que se verifica não só nos cargos mas espero que também nos salários, e que é fruto da evolução da sociedade.
No seu hotel/grupo hoteleiro quem está em maioria – mulheres ou homens? E na equipa onde trabalha?
Acho que estamos equilibrados, continuamos a ter departamentos maioritariamente femininos como o housekeeping mas onde os homens já vão tendo alguma presença pontual, mas temos também departamentos maioritariamente masculinos como a manutenção.
No seu caso pessoal, gosta mais de trabalhar com equipas de mulheres, só de homens ou mistas?
Gosto de trabalhar com equipas mistas, todos somos diferentes e todos temos sempre algo a acrescentar para que o trabalho final seja o melhor. Contudo aprecio o sentido prático e descomplicado dos homens que ajudam a um equilíbrio perfeito nestas equipas mista.
É fácil conjugar a sua vida pessoal/familiar com a vida profissional? Sente uma maior pressão em atingir este equilíbrio pelo facto de ser mulher?
Muitas vezes é difícil conjugar a vida pessoal com a profissional, não pelo facto de ser mulher mas pela profissão e pela área que escolhi, é um setor que trabalha 24h por dia, com o intuito de deixar uma marca e de proporcionar uma experiência inesquecível. O meu nível de exigência também é elevado e gosto de estar a par de tudo. Não sinto pressão por ser mulher, há que planear bem para usufruir de tudo na mesma proporção. Mas o apoio da família também tem um papel fundamental para que haja equilíbrio.
O que pensa que a visão feminina pode trazer de diferenciador e de positivo ao setor hoteleiro?
Gosto de acreditar que as mulheres trazem mais detalhe e mais cuidado, não só por sermos mulheres mas por sermos todos seres humanos diferentes.
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