A Ambitur.pt tem estado ao lado do setor da Hotelaria em Portugal, seguindo tendências, anunciando novidades, acompanhando mudanças. Hoje trazemos-lhe mais uma rubrica, desta feita procurando a visão das mulheres que escolheram o mundo dos hotéis para o seu percurso profissional. Como é ser mulher nesta indústria? É o que procuramos saber com “Hotelaria no Feminino”. Hoje falamos com Inês Ladislau, diretora do Convent Square Hotel, Vignette Collection, que acredita que o reconhecimento do potencial e do valor das mulheres na hotelaria está a crescer.
É difícil ser mulher na hotelaria em Portugal nos dias de hoje? Observa alguma evolução desde o seu primeiro emprego no setor?
Desde o meu início na hotelaria, houve uma enorme evolução, não apenas em relação à igualdade de género, mas também no reconhecimento do valor de cada pessoa, independentemente do seu sexo ou orientação. O conceito de “mulher ou homem” no mercado de trabalho já não tem a relevância que tinha no passado. As empresas, influenciadas por políticas de diversidade, mudanças sociais e maior conscientização, têm mostrado maior abertura para promover a igualdade de género. É mais comum ver mulheres em cargos de liderança, iniciativas de mentorias específicas para empoderar funcionárias, e uma crescente preocupação em criar ambientes de trabalho inclusivos. O reconhecimento do potencial e do valor das mulheres na hotelaria está a crescer, mas exige um compromisso contínuo por parte das empresas e da sociedade como um todo para que as mudanças sejam sustentáveis e significativas.
Quando começou a trabalhar no setor hoteleiro e onde?
Iniciei a minha carreira no setor hoteleiro há alguns anos, começando num hotel de luxo em Lisboa, onde tive a oportunidade de aprender sobre as diferentes áreas da operação hoteleira, desde a receção até a gestão de eventos. A partir daí vivi no Dubai, Bangkok, Singapura e Barcelona, onde fui crescendo em diferentes posições até chegar onde estou hoje.
O que a motivou a trabalhar na hotelaria?
Sempre me atraiu a ideia de trabalhar num ambiente dinâmico, focado para o atendimento ao cliente e onde pudesse combinar a minha paixão por serviços de qualidade com a possibilidade de crescer profissionalmente. A hotelaria oferece uma experiência única de interação com pessoas e de constante desafio, o que sempre me motivou.
Qual a sua função no hotel em que trabalha? Desde quando ocupa esse cargo? E como é o seu dia a dia?
Atualmente, sou diretora do Convent Square Hotel, Vigentte Collection, gerido pela PHC Hotels – Portuguese Hospitality Collection. Integrei a empresa no dia em que se comemorou o primeiro aniversário do hotel. O meu dia a dia envolve a coordenação das diferentes áreas do hotel, garantindo que a experiência do hóspede seja excecional e memorável, e liderando uma equipa para atingir os objetivos de qualidade e rentabilidade. Trabalhar com diferentes departamentos e ser a responsável pela gestão
de toda a operação são desafios diários que, para mim, são a verdadeira essência da hotelaria.
Alguma vez sentiu, ao longo da sua carreira, mais dificuldade em aceder a determinado cargo/função por ser mulher? Considera que ser mulher é um fator que dificulta o crescimento profissional?
Não, na minha carreira nunca senti que ser mulher fosse um obstáculo para o meu crescimento profissional. Hoje, as dificuldades no setor não estão mais ligadas ao género, mas sim a fatores como experiência, dedicação e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Acredito que, na atualidade, a competência e o compromisso são os verdadeiros diferenciais, independentemente de ser homem ou mulher.
Na sua opinião, há um equilíbrio ou desequilíbrio no número de mulheres versus homens que trabalham no setor? De que forma isso se verifica – nos cargos exercidos, nos salários oferecidos? E porque razão considera que é assim?
Nos dias de hoje, há um equilíbrio substancial entre homens e mulheres na hotelaria. O setor tem sido cada vez mais inclusivo, e as oportunidades para ambos os sexos são as mesmas. Quando analisamos os cargos e os salários, o que realmente importa é o desempenho individual, e as diferenças que existiam no passado foram diminuindo com o tempo. O foco agora é a meritocracia, onde a identidade de género já não se coloca em questão. A nova geração tem uma visão mais aberta e igualitária, e isso reflete-se diretamente no mercado de trabalho.
No seu hotel quem está em maioria – mulheres ou homens? E na equipa onde trabalha?
No Convent Square Hotel, Vignette Collection temos uma equipa bastante equilibrada em termos de género, com mulheres e homens a desempenharem papéis igualmente importantes em todas as áreas. Desde a gestão até à equipa operacional, todos são igualmente valorizados, com base nas suas competências, não no seu género.
No seu caso pessoal, gosta mais de trabalhar com equipas de mulheres, só de homens ou mistas?
Acredito que o mais importante é a diversidade de competências dentro de uma equipa. Pessoalmente, prefiro trabalhar com equipas mistas, onde a colaboração e o respeito pelas diferenças de cada indivíduo, seja no género, na formação ou nas experiências, aportam uma sinergia positiva. Acredito que uma equipa diversificada é mais forte e mais capaz de enfrentar desafios.
É fácil conjugar a sua vida pessoal/familiar com a vida profissional? Sente uma maior pressão em atingir este equilíbrio pelo facto de ser mulher?
Nos dias de hoje, a equação entre vida profissional e pessoal deve ser construída por ambos os lados – homens e mulheres. A minha experiência é que o importante é encontrar o equilíbrio, e na minha vida pessoal, esse equilíbrio é mantido por meio de responsabilidades partilhadas com a minha família. O conceito de “pressão por ser mulher” já não se aplica mais da mesma forma, pois há uma compreensão muito maior de que ambos os parceiros têm papéis ativos na vida familiar.
O que pensa que a visão feminina pode trazer de diferenciador e de positivo ao setor hoteleiro?
É essencial reconhecer que, mais do que uma questão de género, o verdadeiro diferencial no setor hoteleiro reside nas competências individuais, como a capacidade de liderança, criatividade, visão estratégica e foco na excelência do serviço. O equilíbrio entre diferentes perspetivas — femininas e masculinas — enriquece o setor, promovendo inovação, diversidade de pensamento e equipas mais coesas e inclusivas. Portanto, o valor está na conjugação de talentos e na forma como cada profissional contribui para elevar a experiência do cliente e a performance organizacional.
Acredito que, com a evolução da sociedade e do mercado de trabalho, as questões de género, como “ser mulher ou homem”, já não são relevantes no contexto da hotelaria. O foco está cada vez mais na excelência do serviço, na eficiência operacional e na capacidade de colaboração em equipa, qualidades que transcendem o género. A nova geração, com uma visão mais inclusiva e equilibrada, impulsiona um mercado de trabalho mais igualitário, onde as oportunidades são definidas pelo mérito e pelas competências, e não pelo género. Este progresso reforça um setor hoteleiro mais dinâmico, diverso e orientado para resultados.
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