Em 2024, o Valor Acrescentado Bruto direto gerado pelo Turismo (VABGT) e o Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) registaram aumentos nominais de 6,5%, revelando um dinamismo ligeiramente superior ao da economia nacional (o VAB e o PIB nacionais cresceram 6,2% e 6,4%, respetivamente), segundo revelam os dados divulgados esta semana pelo INE relativos à Conta Satélite do Turismo de Portugal.
O VABGT representou 8,1% do VAB nacional em 2024, e o CTTE foi equivalente a 16,6% do PIB, mantendo-se os valores deste indicador em máximos históricos.
Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output (MSIO) aos principais resultados da Conta Satélite do Turismo, estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo total (direto e indireto) de 34 mil milhões de euros para o PIB em 2024, o que corresponde a 11,9% (12,0% em 2023 e 11,2% em 2022). Estes resultados refletem um contributo de 0,3 pontos percentuais (p.p.) para o crescimento real do PIB em 2024 (1,9%).
Entre 2021 e 2022, o emprego nas atividades características do turismo medido em equivalente a tempo completo (ETC) registou um crescimento significativo (14,2%), acima do observado na economia nacional (5,7%), representando 9,8% do emprego da economia nacional (9,0% em 2021).
As remunerações das atividades características do turismo representavam 8,4% do total das remunerações da economia nacional, e a remuneração média por trabalhador nestas atividades correspondia a 91,1% da remuneração média nacional.
O VABGT totalizou 20.110 milhões de euros em 2024, mantendo a sua importância relativa no VAB da economia nacional (8,1% em 2023 e 2024).
O CTTE cifrou-se em 47.227 milhões de euros, mantendo igualmente o peso relativo no PIB observado em 2023 (16,6%).
O VABGT e o CTTE registaram aumentos nominais de 6,5% face a 2023, acima dos crescimentos do VAB (6,2%) e o PIB nacionais (6,4%), evidenciando um dinamismo do setor do turismo ligeiramente superior ao observado na economia portuguesa em 2024.
Estima-se que, em 2024, o consumo turístico tenha tido um contributo total (direto e indireto) de 11,9% (34 mil milhões de euros) para o PIB e de 11,5% (28,4 mil milhões de euros) para o VAB da economia nacional. Neste ano, o PIB do Turismo aumentou 5,8%, em termos nominais face a 2023.
Em termos reais, o PIB nacional aumentou 1,9% em 2024, tendo o turismo contribuído com 0,3 p.p. para este crescimento.
O VAB total (direto e indireto) gerado pelo turismo acompanhou a trajetória do VABGT entre 2021 e 2024. Desde 2022 que se assiste a uma recuperação da atividade turística, sendo que, em 2024, o VAB total (direto e indireto) gerado pelo turismo aumentou 5,6%, face a 2023, cifrando-se o seu peso no VAB nacional em 11,5%.
O contributo do turismo para a evolução real do PIB da economia também continua a ser positivo. Em 2022, já em contexto de forte recuperação, o contributo do turismo para a evolução real do PIB da economia foi significativo (3,6 p.p. em 7,0%), bem como em 2023 (1,2 p.p. em 2,6%). Em 2024, em consequência de algum abrandamento da atividade turística, o respetivo contributo para a evolução real estimada do PIB (1,9%) diminuiu para 0,3 p.p..
Entre 2021 e 2024 as exportações de turismo (“Viagens e Turismo” – crédito) aumentaram 173,1%, enquanto as importações de turismo (“Viagens e Turismo” – débito) registaram um aumento de 88,4%. Ambos os agregados apresentaram taxas de variação anuais positivas e o crescimento das exportações foi sempre superior ao das importações.
Os anos de 2021 e 2022 foram marcados por uma recuperação expressiva face ao impacto muito negativo da pandemia COVID-19, com aumentos significativos nas exportações (31,2% e 109%, respetivamente) e nas importações (30,3% e 54,8%). Em 2023 e 2024, verificou-se uma redução do ritmo de crescimento face aos anos anteriores, tendo as exportações aumentado 19,8% em 2023 e 8,8% em 2024, enquanto as importações aumentaram 13,9% e 6,8%, respetivamente.
As dormidas em estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal, de residentes e não residentes, entre 2021 e 2024, registaram taxas de variação positivas, tendo sido mais elevadas no caso dos não residentes. Em 2021 e 2022 ambas as series verificam um maior dinamismo, que abrandou no biénio seguinte. Em 2024, as dormidas de não residentes e residentes aumentaram 4,9% e 2,2% respetivamente.
Portugal mantém segundo peso relativo mais elevado da procura turística no PIB em 2023 (16,6%)
Em 2023, o ano mais recente com informação disponível (dados provisórios ou preliminares) para um conjunto de países europeus, Portugal manteve a segunda posição no que se refere à importância relativa da procura turística no PIB (16,6 %), atrás da Islândia, que manteve a primeira posição (18,9%). Com exceção da Finlândia, com o mesmo peso do CTTE no PIB em 2022 e 2023 (5,6%), todos os restantes países registaram aumentos, refletindo a recuperação do setor no período pós-pandemia.
A procura turística demonstrou em 2023 uma dinâmica de crescimento muito evidente. A taxa de variação do CTTE (2022/2023) esteve acima dos 15%, com exceção da Finlândia, que apresentou a taxa de variação mais reduzida (3,4%) e dos Países Baixos (9,6%). Portugal registou uma variação de 18,0% e a Hungria destacou-se com uma taxa de 34,9%, a mais elevada.
Em 2023, considerando a informação disponível (dados provisórios ou preliminares) para um conjunto de países europeus, Portugal apresenta o peso mais elevado do VAGBT na economia nacional (8,1%), seguindo-se a Islândia (7,8%) e a Áustria (4,2%).
Em termos de taxa de variação do VABGT 2022/2023, Portugal apresenta o segundo registo mais elevado (17,0%), sendo apenas ultrapassado pela Chéquia (18,7%), no mesmo conjunto de países em análise.
Resultados definitivos de 2021 e 2022
Em 2022, a despesa de turismo recetor contribuiu com 62,9% para o total do CTTE, a despesa de turismo interno com 32,4% e as outras componentes com 4,7%. A recuperação de 11,7 p.p. do turismo recetor, face a 2021, permitiu que o CTTE retomasse a composição habitual, com o turismo recetor a pesar cerca de 2/3 do total
A despesa do turismo recetor representou, em 2022, 23,4% do total das exportações de bens e serviços, mais 10,3 p.p. do que em 2021, refletindo o maior dinamismo do turismo recetor (com um crescimento de 123,3%), do que o das exportações de bens e serviços (25,2%), no mesmo ano. O crescimento acentuado do peso do turismo recetor traduziu a recuperação do setor do turismo internacional depois da pandemia COVID-19.
O saldo positivo dos fluxos turísticos aumentou substancialmente em 2022 (variação de 158,9% face ao ano anterior), refletindo a dinâmica de crescimento mais acentuada da despesa do turismo recetor, que registou uma taxa de variação de 123,3%, quando comparada com a da despesa do turismo emissor, com uma taxa de variação de 62,4%.
Emprego e remunerações
O emprego nas atividades características do turismo medido em equivalente a tempo completo (ETC) registou, entre 2022 e 2021, um crescimento significativo (14,2%), acima do observado na economia nacional (5,7%). O emprego remunerado nestas atividades aumentou 15,3%, enquanto o não remunerado cresceu 9,3%. Na economia nacional, os crescimentos respetivos foram de 5,5% e 7,5%. Estas dinâmicas são o reflexo da recuperação da atividade turística após o impacto marcadamente negativo da pandemia COVID-19.
Todas as atividades características do turismo evidenciaram crescimento acentuado no emprego e nas remunerações, entre 2021 e 2022, refletindo a recuperação do impacto da pandemia COVID-19 que, por sua vez, se traduziu num crescimento significativo do emprego total (14,2%) e ainda mais pronunciado das remunerações (22,5%).
No emprego, de entre as atividades que registaram um maior crescimento, destacaram-se os hotéis e similares (19,4%) e os restaurantes e similares (14,4%). As atividades que registaram menor crescimento foram os transportes aéreos (4,2%) e os serviços culturais (6,9%).
Nas remunerações foram também os hotéis e similares que evidenciaram um maior crescimento (37,9%) e restaurantes e similares (24,2%) respetivamente. As atividades cujas remunerações registaram menor crescimento foram os serviços de desporto, recreação e lazer (10,7%) e os serviços culturais (13,0%).
Considerando o peso do VABGT direto no VAB das respetivas atividades características do turismo, estimou-se a componente turística do emprego (ETC). No conjunto daquelas atividades, 56,6% do emprego total foi considerado efetivamente turístico. As atividades cujo peso turístico mais se destaca são os hotéis e similares (98,5%), seguidos das agências de viagem (76,4%) e os transportes aéreos (71,5%). Os serviços culturais (25,4%) e o desporto, recreação e lazer (28,1%) são as atividades com uma menor componente turística.
A remuneração média por trabalhador nas atividades características do turismo foi inferior à média nacional verificando-se, no entanto, um ligeiro acréscimo em 2022 face a 2021, graças a um aumento de 6,2%, passando a representar 91,1% do total da média da remuneração nacional.
As várias atividades revelaram um perfil diferenciado nas remunerações médias por trabalhador. Acima da média da economia nacional surgem apenas os transportes aéreos (127,3%), o desporto, recreação e lazer (33,2%) e o aluguer de equipamento de transporte (11,4%).





















































