O consórcio Newtour/MS Aviation, interessado na privatização da SATA, defende, em nota de imprensa divulgada hoje, que o grupo de aviação precisa, urgentemente, de estabilidade operacional para recuperar a confiança do mercado. Isso implica, desde logo, adianta no comunicado, ter uma equipa de gestão profissional, independente e conhecedora do setor, que coloque os interesses da companhia acima de tudo. Para o agrupamento, a SATA necessita também de rever a sua rede de rotas e adequá-la à frota, bem como de ter uma manutenção preventiva e mais ajustada ao meio ambiente onde opera. E adianta que carece ainda, sendo este um “aspeto de extrema relevância”, de otimizar os recursos humanos, através de um planeamento mais rigoroso, equitativo e transparente na utilização das tripulações, e de uma formação planeada, integrada e capacitada.
O consórcio acredita que a SATA tem de ajustar a atividade à sua capacidade operacional pois “é esse o caminho para uma empresa sustentável, que preste um melhor serviço aos clientes, que garanta estabilidade aos trabalhadores. E nada disso se consegue sem alterar o modelo de negócio e gestão”.
O Agrupamento Newtour/MS Aviation garante ter uma visão estratégica para o dia seguinte à compra da SATA, estratégia essa que refere ter sido já partilhada com a SATA Holding e com os sindicatos. “Mas de nada serve uma estratégia robusta sem apoio para a implementar”, sublinha.
No comunicado de imprensa, o consórcio refere que é decisivo que pilotos e pessoal de cabine digam se estão contra ou a favor e esclareçam todas as suas dúvidas. E diz aguardar, “com a serenidade que o sentido de urgência permite, uma decisão definitiva dos trabalhadores, que resulte de uma discussão aberta e construtiva”.
Mais adianta que as negociações com a SATA Holding, que tem um papel essencial neste processo, decorrem de forma positiva e estão próximas do seu desfecho. No que toca aos trabalhadores – e uma vez que, agora, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) já reconhece a existência de uma proposta apresentada pelo Agrupamento – o que a Newtour/MS Aviation espera é que quem os representa coloque o documento à sua consideração. “Compete aos trabalhadores – e só a eles – analisar e decidir se a companhia aérea tem ou não viabilidade futura”, salienta.
Na mesma nota, o agrupamento recorda que “a urgência na tomada de posição não é uma imposição” sua mas sim “uma exigência da própria SATA, que não aguenta por muito mais tempo ter 15% da faturação em prejuízo, e decorre dos compromissos assumidos pelo Governo da Região Autónoma dos Açores junto da União Europeia”.
Para contextualizar, o consórcio lembra alguns elementos que sobressaem dos relatórios de contas da companhia, entre 2022 e 2024:
- O número de trabalhadores cresceu 25%, passando de 652 para 815, e a despesa com pessoal aumentou 61%, de 41 milhões para quase 67 milhões de euros.
- Além disso, os gastos com acordos de pré-reforma (que permitiram a saída de trabalhadores, mantendo obrigações de pagamento) aumentaram 466%. Ao mesmo tempo que celebrava esses acordos, a companhia contratava mais trabalhadores, exatamente para as mesmas funções.
- Os custos com Fornecimentos e Serviços Externos aumentaram 70%.
- Os gastos com ACMIs (fretamento de aeronaves) dispararam de 4,4 milhões para 28 milhões de euros, sem gerarem valia estrutural para a empresa.
- O valor das irregularidades passou de 1,6 milhões para 10,4 milhões, o que evidencia instabilidade na operação.
- As Obrigações de Serviço Público continuaram a ser executadas pela Azores Airlines, com as limitações resultantes dessas obrigações, mas sem o pagamento de qualquer indemnização/preço.
- A Azores Airlines apresentou quase 486 milhões de prejuízos acumulados, evidenciando que o problema da empresa não é conjuntural, mas sim estrutural.






















































