Por Jorge Aguiar, administrador da Bensaude Turismo
O ano de 2022 caracterizou-se por uma acentuada recuperação dos fluxos turísticos, especialmente no continente europeu, América e Médio Oriente. A Região Ásia Pacifico é a que ainda apresenta uma maior dificuldade na retoma. A nível global, se considerarmos o indicador de chegadas de turistas internacionais, atingimos, em setembro, 63% dos valores que se verificaram em 2019.
No contexto europeu, Portugal foi dos países que mais rapidamente recuperou, superando, inclusivamente no que diz respeito a receitas, a performance obtida em 2019, o melhor ano de sempre do turismo nacional. A vontade de os portugueses continuarem a descobrir o seu belo país e a retoma dos mercados emissores internacionais, com os Estados Unidos à cabeça, foram decisivas para este desempenho.
Contudo, esta rápida recuperação, quase em «V», também gerou pontos de tensão, sendo os desafios relacionados com o Capital Humano os mais importantes. A quebra demográfica, as dificuldades de mobilidade entre países extracomunitários, o desmantelamento do ensino profissional que se tem verificado ao longo dos anos e um certo desencanto com as profissões do setor que é possível ir percecionando criam um cenário muito desafiante a toda a cadeia de valor do Turismo. Urge, por isso, a implementação de um plano de âmbito nacional integrado e pragmático que, paralelamente à revalorização destas profissões, contribua para a superação destes desafios.
No que diz respeito aos Açores, apresentámos um número de dormidas já superior a 2019 e as receitas totais, valores acumulados a setembro, tiveram um acréscimo significativo em relação àquele ano. Ancorada nos seus atributos únicos, muito alinhados com as tendências de procura, a Região conseguiu captar mais valor, passo decisivo para o seu merecido reposicionamento.
Os mercados internacionais foram fundamentais para esta recuperação, retomando o seu share pré-pandemia. O importante incremento da conectividade aérea com vários países europeus e América do Norte deu o suporte necessário à retoma. O setor deu provas da sua resiliência e capacidade de regeneração.
Nesta conjuntura, a Bensaude Hotels Collection apresentou um desempenho muito positivo com indicadores idênticos e, em alguns casos, até superiores a 2019, com uma forte recuperação dos mercados internacionais. Além dos Estados Unidos da América e Alemanha, que cresceram, mas ainda sem atingir os níveis de 2019, França, Canadá e Itália deram um bom contributo, aumentando face a anos anteriores.
Mas o intenso movimento de procura também nos desafiou, não só ao destino, mas também às Equipas da Bensaude Hotels Collection. No entanto, as nossas Pessoas e as nossas Equipas souberam, de forma extraordinária, estar à altura dos acontecimentos, proporcionando aos nossos hóspedes e clientes as experiências e o nível de serviço da Hospitalidade Açoriana de que somos Embaixadores há 87 anos.
Quando procuramos projetar o próximo ano, é impossível não ter um forte sentimento de paradoxalidade. Por um lado, a tendência de procura percecionada anima-nos, com as reservas a entrar em bom ritmo, os eventos a serem marcados e a procura online a intensificar-se. Por outro lado, a situação geopolítica global, a iminente crise económica, o aumento das taxas de juro, com o consequente aumento dos custos financeiros, e a inflação galopante fazem-nos temer o pior.
No entanto, acreditamos que, como sempre, as vantagens competitivas que o nosso País apresenta, aliadas à vontade que nos anima a todos, nos farão superar com sucesso os novos desafios com que nos iremos confrontar.
