À beira de completar 50 anos, a Quinta do Lago convidou-nos para um fim de semana de experiências, gastronómicas mas não só. Padel, golfe, cocktails, um passeio de bicicleta nos passadiços da Ria Formosa e até tempo para o último mergulho do ano completaram estes dias no resort mais exclusivo do Algarve. Sem esquecer o por do sol único.
Nascida há 49 anos da visão e iniciativa do empresário luso-brasileiro de origem polaca André Jordan, desde 1998 que o resort algarvio de luxo Quinta do Lago é propriedade do milionário irlandês Denis O’Brien. Com os seus 645 hectares inseridos no Parque Natural da Ria Formosa o resort tem a atividade assente em três pilares fundamentais, o imobiliário, a restauração e, claro, o golfe. Em poucos locais no Algarve se alcançou uma simbiose tão estreita entre natureza e lifestyle como aqui.
Quase a alcançar 50 anos de existência, o resort, que emprega mais de 500 pessoas e tem na Inglaterra e na Irlanda 75% do seu mercado, assumiu a proteção do meio em que está inserido e a sustentabilidade como transversais a toda a sua atividade. O futuro deverá necessariamente ser diferente, uma vez que o negócio da construção deverá chegar ao fim com a chegada ao mercado do último lote disponível.
O Instagram não resiste ao golfe da Quinta do Lago
O golfe sofreu um forte impacto com as restrições impostas para controlar a crise pandémica, não só pelo fecho durante o confinamento mas pela descida de turistas internacionais. Joana Oliveira, marketing manager do resort diz que “foi o desporto que mais demorou a reativar quando as restrições abrandaram”. A empresa aproveitou este tempo para realizar investimentos que fazem aumentar ainda mais a excelência do resort.
A Quinta do Lago conta com três campos de golfe mas a joia da coroa, como lhe chamam, e aquele que mais vezes surge partilhado em posts no Instagram (de acordo com um estudo publicado este ano pela revista norte-americana Forbes), é o South Golf Course.
Durantes os meses em que estiveram fechados €7 milhões foram investidos em melhoramentos neste campo. Construído em 1974 foi desenhado por William Mitchell ao estilo americano e os seus “greens, bunkers e tees” ganharam reputação internacional. Com vista sobre o Parque Natural da Ria Formosa, o Campo Sul estende-se por 6.500 metros entre lagoas e pinheiros. Aqui decorreram já oito edições do Open de Portugal e o campo é considerado um dos mais importantes da Europa.
Mark Tupling, superintendente de golfe da Quinta do Lago, que voltou à Europa em janeiro de 2020 depois de nove anos no Jumeirah Golf Estates no Dubai, explica que os objetivos do investimento foram sobretudo dois: renovar a relva e gastar menos na irrigação. No processo eliminaram-se as daninhas, sobretudo acácias, e as doenças da relva. Por outro lado, no caminho da sustentabilidade – uma ideia que atravessa a indústria do golfe – estabeleceu-se um processo de obter água reciclada da ETAR, o que permite usar mais água com menos consumo de energia.
Tupling referiu também algumas iniciativas realizadas com a comunidade residente e com instituições ambientais, como monitorizar as aves, instalar caixas de refúgio para os pássaros ou a libertação de tartarugas.
A Academia de Golfe Paul McGinley é o local na Quinta do Lago que recebe os principiantes e quem quer apenas experimentar dar umas tacadas. A quem acha que o golfe é um desporto caro e de elite, o instrutor de golfe Nuno Silva responde: “São precisos €10 para comprar um taco e estamos prontos para começar”. Ou seja, o investimento inicial não tem que ser avantajado. Depois, é preciso escolher onde jogar. Na Quinta do Lago, o “green fee” começa nos €180 por pessoa para 4 horas, por isso, se está a começar, talvez seja melhor escolher um campo mais em conta, perto de casa. E é preciso treinar. “Enquanto seja talvez mais fácil na técnica, é psicologicamente desafiante, até percebermos que o trabalho e a resiliência compensam”, diz Nuno Silva.
A área de construção esgota-se
Os 26 apartamentos de A Reserva, o mais recente empreendimento imobiliário da Quinta do Lago, foram vendidos a uma média de 2,7 milhões de euros. Agora, quase a completar 50 anos, a Quinta do Lago colocou este ano no mercado um novo loteamento – na área designada San Lorenzo North – que deverá ser a última fase de construção no empreendimento algarvio.
Como parte integrante da Ria Formosa, o resort tem apenas 9% de área útil de construção, todo o resto é ocupado pelos lagos, pelo golfe e zonas verdes. Atualmente mais de 90% da área já foi vendida. “Não há muito mais para vender, o futuro passará por outro modelo de negócio”, diz Joana Oliveira, marketing manager do resort que diz que deverá haver em breve notícias sobre isso.
Um ar de Palm Springs
As cores, os flamingos na decoração, as coloridas espreguiçadeiras dispostas ao redor da piscina, as palmeiras, tudo
se conjuga para dar um ar de Palm Springs ao Magnolia Hotel. Embora existam vários hotéis dentro do resort o The Magnolia Hotel é o único do grupo – existem outras opções de alojamento como o aluguer de apartamentos e villas.
Este boutique hotel tem 74 quartos, 3 suites, 7 cottages, ginásio, spa e sala de cinema. Como não estamos na Califórnia e mesmo no Algarve os dias podem arrefecer, a piscina exterior é aquecida. No bar da piscina servem-se hambúrgueres e guacamole enquanto o pequeno-almoço é servido no restaurante e oferece opções à carta com escolhas como porridge, english breakfast, escalfados na tosta, omelete ou panquecas (com frutos vermelhos, banana ou chocolate).
No exterior do hotel há bicicletas holandesas à disposição dos hóspedes. Todo o resort é um excelente local para pedalar, a praia está perto e os passadiços construídos ao longo da Ria Formosa permitem um passeio tranquilo na natureza e até mesmo chegar a Faro.
Uma horta à medida dos chefs
Foi Gareth Billington, o chefe executivo do grupo Quinta do Lago, que nos guiou pelas fileiras de couves de bruxelas, ervilhas, rábanos e outros legumes mais ao gosto da clientela inglesa e irlandesa do resort. Naquele local, perto da rotunda 4, funcionou em tempos um campo de ténis que entretanto foi preparado para receber a quinta orgânica a que se chamou Q Farm.
A horta é um projeto ainda em desenvolvimento mas, consoante os restaurantes, já consegue abastecer cerca de 20% das necessidades de vegetais e ervas aromáticas. Gareth explica que “a horta é quase uma extensão da cozinha dos restaurantes, possibilitando aos chefs solicitar ingredientes específicos necessários para fazer os seus pratos de assinatura”.
Existe uma estufa, onde as sementes são plantadas, e depois plantadas ali na Q Farm (existe outra extensão da horta junta ao Laranjal). Portanto, há uma grande probabilidade de que a salada provada ao almoço tenha saído dali mesmo pela manhã.
Devaneios gastronómicos
Escolher onde (e o que) comer pode ser realmente a escolha mais difícil dentro da Quinta do Lago. Ao todo há 17
restaurantes e bares dentro do resort, que vão desde a requintada cozinha de inspiração francesa ao bar de snacks e sanduiches da praia.
No Bovino Steakhouse há bifes e cocktails de assinatura para acompanhar. O atual menu de cocktails é inspirado nas farmácias antigas e vai à horta buscar ingredientes frescos para as misturas, como a erva-príncipe (ou lemongrass) do Apolo (tequila, figo de pita, erva-príncipe, lima e licor de sabugueiro), o figo e a alfarroba para os não alcoólicos Sana e Asclepius.
Logo ao lado está o Casa Velha, o ancião dos restaurantes da Quinta do Lago, e onde se pode ter a verdadeira experiência de “fine dining”. O chef Alípio Branco trabalha com mestria os ingredientes sazonais da região – gamba de Vila Real de Santo António, plantas das salinas, algas da ria, perceves, alfarroba – sem perder de vista o objetivo que o resort busca há algum tempo, a estrela Michelin.
No Umami, o mais recente do portfólio de restaurantes, o jovem chef Diogo Martins explora a sofisticada cozinha japonesa robata (abreviação de robatayaki), uma técnica de grelha tradicional do Japão em que os alimentos são preparados no carvão. Juntando à carta a fabulosa localização do restaurante, com a Ria Formosa como pano de fundo, percebe-se que o restaurante se apresente como “a experiência gastronómica asiática mais requintada do Algarve”.
O Pure é a opção saudável do resort, smothies, sumos de frutas, shots de vitaminas e saladas diferentes a cada dia trazem muita cor à mesa. Para um almoço descontraído, na esplanada sobre o lago, a opção é o The Shack onde os mais famosos são os tacos de peixe e os nachos de jalapeño. É o sítio de eleição para as festas de verão.
A Casa do Lago, um dos restaurantes mais antigos (e o escolhidos pra muitas festas de casamento), foi remodelado durante o confinamento e apresenta agora um design mais sofisticado. Na carta o destaque continua no peixe e marisco fresco locais.
Também o mítico Gigi aproveitou os tempos pandémicos para uma remodelação, esta mais a fundo um vez que todo o edifício foi demolido e será reconstruído numa localização ligeiramente diferente, na mesma depois da famosa ponte e com vistas para o mar.
Desporto para todos
O desporto está presente no ADN da Quinta do Lago desde o início. E embora o golfe seja a modalidade que mais associamos ao resort, ali é possível praticar quase tudo. Quem quiser acrescentar exercício físico às suas férias só tem que se dirigir ao The Campus.
É um centro de alto rendimento (de última geração) para atletas e equipas com instalações de reabilitação, fisioterapia, piscina semiolímpica – por lá já passaram em estágio equipas como o Lille, o Glasgow Rangers ou o PSG. Mas, ao mesmo tempo, está preparado para atender qualquer adepto do desporto, seja qual for o seu nível.
Pudemos experimentar o Padel, que tem vindo a ganhar adeptos. Depois de muitas bolas disparadas na direção dos campos vizinhos, consegue-se perceber que o crescente interesse pela modalidade talvez se explique por ser tecnicamente simples e ao mesmo tempo ser um jogo muito social por se jogar a pares.
Ténis, futebol, rugby são outras modalidades que se podem praticar ali. O ciclismo também tem ganho muitos praticantes e na Quinta do Lago acredita-se que o Algarve tem todos os ingredientes para ser um dos melhores destino de ciclismo. No The Bike Shed alugam-se bicicletas e organizam-se tours e passeios com percursos de montanha e de estrada.
Todos os anos o resort organiza também o Triatlo da Quinta do Lago com um percurso que passa pelos trilhos da Ria Formosa e pelo grande lago que dá nome ao empreendimento.
O day pass para o The Campus (€45) dá acesso a todas as instalações e às aulas do dia.






















































