Rita Marques defende “política de flexibilização” para “boa gestão em clima de incerteza”

Em 132 mil empresas na área de atividade turística, 75% pertencem a empresários individuais: “Temos uma estrutura empresarial muito diferente do que acontece em outros setores de atividade”, começa por dizer Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, reiterando o peso importante do setor no país, quer no crescimento quer na riqueza.

A responsável, que falava no webinar “Covid-19 e Turismo: e daqui em diante?”, promovido pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), que juntou ainda anteriores secretários de Estado do Turismo, realça que a razão deste crescimento e riqueza prende-se com o “espírito de compromisso e de cooperação”, que foi sendo uma “regra ao longo dos vários governos”, ao mesmo tempo que era mantida uma “coerência da política pública” no que toca ao turismo.

Além disso, Rita Marques destaca o compromisso público-privado, onde prevaleceu uma relação muito dinâmica entre secretaria de Estado, Confederação do Turismo de Portugal, Turismo de Portugal, associações do setor e, mesmo,  empresários, que merece ser “enaltecida, acarinhada e trabalhada”. Dentro dos compromissos que têm vindo a ser determinantes no sucesso do turismo em Portugal, a secretária de Estado evidencia o compromisso do poder central, regional e local: “A dinâmica com que o turismo tem funcionado territorialmente tem sido muito positiva”.

No que concerne à pandemia, a dirigente realça que a “confiança” tem sido a palavra de ordem e Portugal “teve uma resposta interessante” ao nível da saúde pública, contribuindo para que “fossemos o primeiro país a ser reconhecido como um destino seguro”, algo que que vai ajudar a “instigar confiança” a quem procura Portugal.

A comunicação é outro elo de grande importância: “Passar uma mensagem positiva muito alinhada, assertiva, clara e focada” é algo que deve ser privilegiado, diz a responsável, elogiando todas as campanhas que têm vindo a ser promovidas.

“Turismo interno mereceu sempre uma especial atenção”

O turismo interno é hoje visto como a “salvação” para este arranque do setor. Rita Marques considera “injusto” que digam que “só agora é que estamos a olhar para o turismo interno” até porque este mercado “mereceu sempre especial atenção” pela secretaria de Estado e pelo Turismo de Portugal. “Foram várias as campanhas lançadas”, sublinha, salientando que este ano será “reforçado o investimento” neste segmento.

E porque a incerteza é algo com que o setor terá que saber lidar, a atual governante sublinha que o “turista precisa de ter, do lado do operador económico, uma grande flexibilidade no momento de reserva e de pagamento”, algo que pode vir a ser uma “proposta de valor” que até então “não seria tida como importante”. Esta política de flexibilização é algo que a dirigente considera que deve ser seguida pelos operadores, garantido uma “boa gestão deste clima de incerteza” que vai continuar a pairar.

Os congressos e eventos têm também sido alvo de muitas questões. Rita Marques realça que, no Plano Estratégico económico-social, foram “antecipadas medidas específicas para este setor”, incluindo uma que era uma “pretensão de há largos anos” e que se prende com a “devolução aos organizadores dos congressos, feiras, exposições , seminários e similares do valor de IVA”, acreditando que “estamos a colocar Portugal na linha da frente a par de outros destinos turísticos”, criando “maiores níveis de competitividade”. A projeção desta responsável é de otimismo: “Até final do ano, teremos muitos eventos e congressos”.

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