Já são conhecidos os nomeados para os prémios Xénios 2025, da ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal. A Ambitur decidiu conversar com cada um dos nomeados para conhecer melhor o seu percurso e perceber o que os motiva na Hotelaria. Fábio Rebelo, diretor de F&B do Hilton Porto Gaia, na Highgate Portugal, está nomeado para Melhor Diretor de F&B.
O que significa estar nomeado para os Xénios 2025?
Estar nomeado para os Xénios de 2025 como melhor Diretor de F&B é um enorme reconhecimento pela dedicação e paixão que coloco todos os dias no meu trabalho. Mais do que uma nomeação é um lembrete de que, de alguma forma, cada decisão tomada, cada desafio superado ou até mesmo cada momento criado teve um impacto real.
É também muito mais do que um reconhecimento individual. É um tributo a todas as pessoas que me acompanharam, e acompanham, ao longo destes anos e que juntos fomos capazes de transformar ideias em experiências e paixão em rigor.
Para mim, esta nomeação é mais um impulso para continuar a desafiar o convencional. Porque neste setor não basta seguir receitas – é preciso reinventá-las, surpreender e deixar um sabor de “quero mais”.
E o que significa ser o Melhor Diretor de F&B?
Ser o Melhor Diretor de F&B, para mim, é ser capaz de encontrar o equilíbrio perfeito entre a arte e a ciência da hospitalidade.
De um lado, temos a arte da hospitalidade, compreender que o sucesso reside no impacto emocional que somos capazes de ter nos nossos hóspedes e nas nossas equipas. Por outro lado, temos a ciência da hospitalidade, a forma criativa de como juntamos todas as “peças do puzzle” de modo a atingirmos os KPI’s que se pretendem.
Num departamento onde um dos pilares para um bom serviço são as pessoas, precisamos de compreender que o verdadeiro ingrediente para o sucesso está nas equipas. Precisamos de saber ouvir, formar, motivar e elevar todos os que nos acompanham, fomentando um ambiente de confiança, respeito e colaboração nos bastidores do “palco principal”. Só assim vamos ser capazes de dotar o nosso departamento com as ferramentas necessárias para que as experiências dos nossos hóspedes sejam completamente inesquecíveis.
Por sua vez, é necessário ser um visionário estratégico e compreender que por detrás de cada detalhe, existem números que contam histórias.
Ser o Melhor Diretor de F&B é, no fundo, ser um visionário pragmático. É entendermos que cada momento incrível que um hóspede vive é suportado por uma gestão inteligente de recursos. Porque o verdadeiro sucesso no F&B acontece quando a experiência encanta e o negócio prospera ao mesmo tempo.
Porquê trabalhar em Hotelaria?
Gosto muito de números. Gosto pouco de monotonia. Gosto de pessoas. Gosto pouco de falta de dinamismo. Essencialmente são estas quatro ideias que me fazem ser um verdadeiro apaixonado por aquilo que faço.
É aqui que encontro o equilíbrio perfeito entre os números, as pessoas e a dinâmica de uma operação em constante evolução. Sempre tive um fascínio por análise e estratégia – gosto de interpretar dados, otimizar processos e transformar desafios em oportunidades de crescimento. Mas, ao mesmo tempo, acredito que os números só fazem sentido quando estão ao serviço das pessoas.
A hotelaria permite-me liderar equipas, desenvolver talentos e criar um ambiente onde cada colaborador sente que faz parte de algo maior. Sinto que todos os dias tenho uma nova oportunidade para inspirar, motivar e criar uma cultura onde todos têm espaço para crescer e dar o seu melhor.
A par disso, adoro a adrenalina de um setor que em nada é monótono. Cada dia traz novos desafios, novas soluções e novas formas de inovar. Seja na gestão de custos, na criação de experiências memoráveis ou na análise do desempenho do negócio.
Ao longo dos anos já recebi várias propostas para atividades profissionais diferentes, que me levavam até um escritório das 09h às 18h, de segunda a sexta-feira, mas é aqui que encontro um propósito. É aqui que sou capaz de juntar o melhor de dois mundos: a precisão dos números e a magia da hospitalidade. É aqui onde sou feliz!
Qual tem sido o seu percurso neste setor e de que forma contribuiu para esta nomeação?
O meu percurso começou na restauração, um setor onde a rentabilidade não é opcional, mas sim a base da sobrevivência. A restauração não tem “muletas” ou fontes de receitas provenientes de outros departamentos como acontece nos outlets de hotéis.
Trabalhar neste ambiente ensinou-me a ser comercialmente estratégico, a estar próximo dos clientes e equipas e a encontrar constantemente novas formas de inovar. Foi aqui que aprendi a ler números como uma ferramenta essencial de gestão e a compreender a importância de equilibrar custos, margens e experiências. Esta mentalidade tem vindo a acompanhar-me ao longo da minha carreira e tornou-se um pilar fundamental na forma como encaro a gestão de Food & Beverage.
A transição para a hotelaria permitiu-me aplicar essa abordagem a estruturas mais complexas e diversificadas.
O grande salto dá-se em 2016, quando integro o Holiday Inn Porto Gaia. Uma unidade com quase três centenas de quartos, 22 pisos, 17 salas de reunião e vários desafios para gerir. Aqui tive a oportunidade de aprender, crescer e solidificar conhecimentos.
Após sete anos, com a abertura de um restaurante (Friends Kitchen) e uma pandemia que nos obrigou a olhar para a hotelaria de uma forma completamente diferente pelo meio, tive a oportunidade de gerir o departamento de F&B num hotel boutique referência na cidade do Porto – Casa da Companhia, Vignette Collection. Deste projeto destaco todas as aprendizagens sobre a importância da atenção a cada detalhe.
No início de 2024, regressei à Highgate Portugal para liderar o departamento de Food & Beverage do Hilton Porto Gaia, um desafio que me permitiu consolidar a minha visão estratégica e operacional do setor. A abertura do Cusco foi um marco essencial, não apenas pela criação de um novo conceito gastronómico dentro do hotel, mas também pela oportunidade de desenvolver um espaço com identidade própria, capaz de atrair tanto hóspedes como clientes externos. Aqui, tenho o privilégio de fazer aquilo que realmente me motiva: analisar dados, definir estratégias, otimizar operações e, ao mesmo tempo, estar no terreno, acompanhando as equipas nos desafios do dia a dia.
Paralelamente, desempenho também funções como F&B Financial Analyst na Highgate Portugal, um papel que me dá um enorme prazer, pois permite-me aprofundar a componente analítica do negócio e contribuir para a eficiência financeira e a rentabilidade das várias unidades do grupo.
Todas estas experiências tiveram um impacto profundo no meu crescimento pessoal e profissional, moldando a forma como encaro a hotelaria e a gestão de Food & Beverage. Cada desafio, cada projeto e cada ambiente em que trabalhei trouxeram aprendizagens únicas – desde a necessidade de tomar decisões rápidas e estratégicas na restauração independente até à complexidade da gestão integrada num ambiente hoteleiro. É por isso que todas estas experiências são essenciais nesta nomeação. Refletem o caminho percorrido, a evolução ao longo dos anos e o compromisso em continuar a crescer, inovar e elevar os padrões da indústria.
Qual é a sua formação?
A minha jornada nesta área começa no ensino secundário, onde estudei Património e Turismo, no Colégio Internato dos Carvalhos. Finalizada esta primeira etapa, licenciei-me em Turismo e Gestão de Empresas Turísticas na Universidade Lusófona do Porto.
Enquanto eternos explorador do saber, ao longo da minha carreira procurei desenvolver novas skills e aprofundar conhecimentos pelo que nunca parei de estudar.
Atualmente estou no segundo ano do Mestrado de Gestão, também da Universidade Lusófona do Porto e, ao mesmo tempo, a estudar Revenue Management num curso que resulta da parceria entre Universidad de Nebrija & Cesae Business and Tourism School.
Destaco ainda algumas das formações que conclui no decorrer destes anos: Gestão Comercial e Revenue Management em F&B; Controle de Custos em F&B; Organização de Eventos; Inteligência Emocional e Marketing Digital.
No decorrer dos anos tenho vindo a tentar que a minha formação seja resultado da junção entre o conhecimento técnico da operação e a capacidade analítica de interpretar números e transformar dados em decisões estratégicas.
Que mensagem gostaria de deixar aos jovens que estão agora a estudar para trabalhar na indústria hoteleira?
A hotelaria é um palco onde cada dia traz um novo desafio e cada detalhe pode transformar uma simples experiência em algo memorável. Não é uma indústria para quem procura rotina, mas sim para quem tem paixão, resiliência e vontade de inovar.
É um setor exigente, onde a capacidade de adaptação e a atenção ao pormenor fazem toda a diferença, mas é também um dos poucos setores de atividade onde se pode ver o impacto do trabalho em tempo real – num sorriso, num agradecimento, num momento que fica na memória de um cliente.
O verdadeiro sucesso na hotelaria não vem apenas do conhecimento técnico, mas da capacidade de equilibrar estratégia e criatividade, análise e experiência humana. Para quem está agora a começar, o segredo está na curiosidade e na vontade de aprender. Nenhuma experiência é pequena demais para ensinar algo valioso. O que distingue os melhores não é apenas o talento, mas a forma como enfrentam desafios, como inovam e como encontram novas formas de elevar a experiência do cliente.





















































