#32anos: “Investir na inovação e sustentabilidade é um dos grandes objetivos do Turismo”

No ano em que a Ambitur comemora o seu 32º aniversário, e quando as empresas do setor do turismo conseguiram finalmente “respirar” depois das ondas negras que a pandemia trouxe a nível global, quisemos ouvir os Conselheiros Ambitur, assim como a secretária de Estado do Turismo e o presidente do Turismo de Portugal, sobre o que nos pode esperar nos próximos tempos. Que desafios se levantam na próxima década e que resultados deve o turismo ambicionar, quais os grandes objetivos e estratégias a ter em mente e que temas estruturais importa resolver? Foi a estas questões que procuraram responder. O horizonte não se assemelha tão risonho como as empresas turísticas ou os organismos que tutelam o setor gostariam e muitos são os fatores que provocam incerteza e dúvidas sobre o futuro. Como perspetivam então este novo turismo que temos pela frente? Fique com a visão de José Luís Arnaut, presidente-adjunto da Associação Turismo de Lisboa e Conselheiro Ambitur.

O setor do turismo, relativamente a outros setores, é de tal forma volátil que até para um ano é difícil fazer previsões. Os dois anos de pandemia foram a prova disso mesmo: 2019 foi dos melhores anos de que há memória relativamente aos resultados alcançados e obtidos no turismo e tudo indicava que 2020 fosse um ano que permitisse dar continuidade a este caminho. E como todos sabemos, não foi isso que aconteceu.

No entanto, há premissas que são fundamentais, nomeadamente a colaboração entre as instituições do setor público e do setor privado, de forma a manter a capacitação do setor enquanto destino turístico de referência e excelência a nível internacional.

Também o papel crescente que a inovação e a sustentabilidade têm na atividade turística nacional é por si só um grande desafio, por estarem profundamente dependentes do investimento que o setor tem para investir em novos projetos. É necessário continuarmos atentos e com uma grande capacidade de adaptação aquilo que vai sendo exigido, nomeadamente pela alteração do perfil de turista.

Igualmente importante é a manutenção da segurança, pois mais do que nunca este é um fator crítico na escolha de destinos turísticos.

E é claro, um dos mais importantes desafios, é a decisão sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa. Não na próxima década, mas no imediato. Lisboa e o país não podem esperar mais.

Os grandes objetivos do Turismo

Não falando do tema fundamental que é o aeroporto de Lisboa e que já está em cima da mesa há demasiado tempo, um dos grandes objetivos do Turismo tem inevitavelmente de passar pelo investimento na inovação e sustentabilidade, como tive a oportunidade de referir anteriormente. Este desafio remete para a necessidade de reforçar o apoio às empresas privadas do setor, cujas necessidades já foram reportadas ao Governo, nomeadamente a redução do IRC; dos apoios a fundo perdido para a tesouraria e redução do endividamento das empresas; e mecanismos financeiros para novos investimentos e requalificação das empresas. É imperativo este reforço por forma a aumentar a capacidade do tecido empresarial português, no qual, inexplicavelmente, o Turismo ficou excluído, um setor que representa 15% do PIB.

Os resultados que ambicionamos passam por garantir a qualidade do Turismo. Estamos otimistas, temos confiança no nosso trabalho e acreditamos estar agora mais preparados para os desafios que vão surgir. Queremos continuar a ser geradores de riqueza e emprego.

A estratégia a seguir

A estratégia de desenvolvimento do turismo português deve integrar uma forte aposta na melhoria da qualidade do turismo, de forma a aumentar a atratividade do turismo e a dar continuidade ao caminho que tem sido traçado no dinamismo e inovação, tanto do setor público como do privado. Também deve ser reforçado o trabalho conjunto do turismo com outros setores, como a Cultura, o Comércio e a Ciência. Pois só uma estratégia que integre diferentes setores, com objetivos comuns, vai permitir o desenvolvimento económico e social do país.

Existem temas estruturais que todos sabemos estar em cima da mesa, que precisam de ser resolvidos e com uma influência direta no turismo e naqueles que são os objetivos queremos traçar. A tomada de decisão face ao novo aeroporto de Lisboa é essência, como todos sabemos, mas também a falta de mão-de-obra qualificada no setor do turismo é um tema importantíssimo a resolver. A par disso, a atual situação de guerra fez com que os custos disparassem significativamente, o que reforça a necessidade de apoio às empresas que já era premente devido à pandemia.

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