O Alentejo é o destino do mês de junho na Ambitur.pt. Num roteiro de cinco dias pela região do baixo, norte e centro deste vasto território, pudemos conhecer melhor as histórias e “estórias” de projetos, imóveis, centros interpretativos, lugares de “culto” aos vinhos e à boa gastronomia alentejanos, sempre contadas pelos próprios, por quem ali vive e melhor do que ninguém sabe do que está a falar.

Ainda nem há um ano abriu portas mas o The Wine Hotel da Quinta do Paral já dá cartas no panorama da hospitalidade alentejana, e nacional. A proposta é oferecer o luxo e a exclusividade que esta região tão bem sabe dar num ambiente tranquilo e descontraído, onde os hóspedes conseguem desligar da azáfama do dia-a-dia e aproveitar uma estadia que, do início ao fim, se quer relaxada. É o que nos dizem Filipe Beja Simões, diretor do hotel, e Luís Leão, enólogo e CEO da Quinta do Paral, enquanto nos levam pelos cantos e recantos desta propriedade localizada na Vidigueira.
A entrada pelos enormes portões de ferro com o logotipo com a letra “P” e a coroa no topo já faz prever o que nos espera do outro lado. Este símbolo foi encontrado quando o atual proprietário da quinta, o empresário alemão Dieter Morszeck, a veio visitar originalmente na companhia de Luís Leão, e imediatamente deparam com um marco tombado que tinha esta assinatura. Mais tarde, com o evoluir da obra, descobriram-se 22 marcos, no total, e sabe-se que anteriormente delimitavam todas as propriedades do Conde de Palma, que detinha a propriedade. Nada fazia mais sentido do que adotar este símbolo como logotipo da Quinta do Paral, e hoje é possível vê-lo um pouco por todo o espaço.

À nossa espera está um buggy que nos transporta por um “túnel verde”, uma espécie de túnel do tempo que nos pede para esquecermos os relógios, os telemóveis e as contrariedades do dia-a-dia para nos podermos concentrar nos valores mais simples que a Quinta do Paral quer transmitir. Sim, porque simplicidade é a palavra de ordem nesta herdade de cerca de 85 hectares (30 de vinha), onde o luxo está em poder apreciar os mais ínfimos detalhes, além, claro, de todas as comodidades que se esperam num hotel desta categoria.
O check-in é feito num pequeno lounge acolhedor onde, confortavelmente sentados, e com uma bebida no copo, aguardamos que nos indiquem o quarto e todos os pormenores da quinta. Filipe Beja Simões sublinha que o elemento diferenciador nesta unidade é “respeitar muito o nosso hóspede, ouvir o que ele tem para dizer, quais são as suas preocupações”, e isso significa que é nesse momento de um primeiro contacto presencial com o cliente que se podem até fazer alterações ao nível da atribuição do quarto, consoante os gostos e expectativas do mesmo.
Por outro lado, é também nessa pequena conversa com o hóspede que se dá a conhecer o que é possível fazer na Quinta do Paral, mas sem o cansar para que ele possa ter tempo para usufruir da sua estadia sem pressas. Isto porque, esclarece o diretor do hotel, “a maior magia é claramente quando há uma experiência vivida e se continua essa experiência mesmo quando o hóspede parte, pois o objetivo é que os clientes venham muitas vezes e se sintam sempre verdadeiramente muito confortáveis”. Por isso a Quinta do Paral quer ser uma referência de uma abordagem diferente à hotelaria, que permita que os hóspedes vivam o ambiente do Alentejo com toda a serenidade.
A casa principal não é a mais típica do Alentejo pois tem dois pisos, e isso resulta do facto de ter pertencido à Condessa de Santar, da região do Dão, caracterizando-se pela casa senhorial, as adegas ou o espaço para os animais. Em vez de demolir e fazer de novo, a opção do proprietário alemão foi recuperar e preservar a tradição, transformando, claro, mas no sentido de trazer a modernidade para o que é necessário. A ideia é que há um lugar a valorizar, uma história a ser contada e mostrada ao mundo, não com a intenção de criar aqui um oásis onde os hóspedes estão alienados do mundo mas onde podem desfrutar da sua privacidade com toda a tranquilidade, algo que quem procura a Quinta do Paral muito aprecia.
A equipa que acolhe e lida com os hóspedes é, na sua maioria, da região, um elemento que contribui para que se crie um ambiente mais autêntico, com sugestões de gentes que aqui viveram durante toda a sua vida e têm um sentimento de pertença a este lugar. O luxo, na Quinta do Paral, é muito isto. È poder viver com tranquilidade o Alentejo, com todo o conforto que é obrigatório nos dias de hoje, mas sem comprometer o que é genuíno e real. É verdade que também é um luxo poder chegar a esta herdade no avião privado Pilatus PC-12, estacionado no Aeródromo de Cascais, e que faz a viagem até Beja, sobrevoando as vinhas alentejanas. E há clientes que optam por fazer essa viagem nos seus próprios aviões particulares. Porque estes são os clientes que procuram a Quinta do Paral, habituados a viajar pelo mundo e que valorizam o que a região do Alentejo lhes proporciona, e os pormenores que toda a equipa da Quinta do Paral tem em conta para que se sintam em casa.
O Wine Hotel conta com 22 quartos que se distribuem por seis tipologias diferentes – quarto superior, quarto deluxe com terraço, junior suite, um apartamento com três unidades, a casa senhorial com quatro quartos e a signature terrace suite. Todos oferecem sistema de som, lençóis Lameirinho e uma obra lúdica de David Reis Pinto que interpreta as vinhas velhas com as suas cores e torções, num circuito que poderia ser uma verdadeira galeria de arte pelos diferentes quartos.
A piscina, de água aquecida, proporciona momentos de lazer nos dias mais quentes. O hotel tem ainda um fitness center e uma sala de congressos e eventos. A nível gastronómico, são três as propostas para poder experimentar a cozinha local, começando pelo The Wine Restaurant com refeições de assinatura, o The Estate Lounge com refeições ligeiras e gourmet, e o The Grape Rooftop, para provar os melhores vinhos com uma vista arrebatadora sobre as vinhas e jardins da Quinta do Paral.
As experiências sugeridas também marcam pela qualidade e diferença, começando desde logo pelos trilhos para caminhadas ou passeios nas bicicletas elétricas disponíveis a todos. É possível reservar um jantar privado concebido pelos chefs residentes, num dos espaços interiores ou exteriores selecionados para isso. Na Oficina de Cozinha pode descobrir os mistérios da cozinha alentejana num menu com três petiscos portugueses e um prato principal, com harmonização selecionada de vinhos Quinta do Paral, e um passeio sensorial ao jardim de aromáticas. Pode ainda escolher participar numa prova de vinhos orientada pelo enólogo da Quinta do Paral ou pelo Sommelier, com a degustação de seis vinhos do segmento premium da marca. Ou optar por um piquenique no campo sobre uma manta de lã tradicional alentejana ou ainda por um passeio a cavalo pelas vinhas. À noite, a melhor sugestão é deleitar-se com a cama balinesa no meio das vinhas, seguindo um caminho iluminado por velas e música ambiente tranquila, e observar o céu noturno e as estrelas, acompanhado de um cesto de comida e vinho gourmet.
Os vinhos da Quinta do Paral
No Alentejo, o vinho é rei e a região da Vidigueira é um dos seus expoentes máximos na produção de vinho. Na Quinta do Paral o projeto arranca com os vinhos e, mais concretamente, com as vinhas velhas da Vidigueira, que se distinguem pelas suas castas únicas e dão origem a vinhos de sabor intenso, elegância e complexidade. E assim foi até 2024.
Luís Leão explica que começou por se adquirir 1 hectare de vinhas velhas e, neste momento, já são 15 hectares. E recorda que, dentro da sub-região da Vidigueira, onde a quinta está inserida, há apenas 23 hectares registados com vinhas anteriores a 1962. Na Quinta do Paral houve sempre uma grande aposta neste património vitícola, com castas únicas como o Larião, Perrum, Manteúdo ou Diagalves. Até porque, sublinha o enólogo e mentor deste projeto, “um produtor novo tem que ter sempre uma história para contar”.
Nas vinhas velhas, salientam-se os Quinta do Paral Origem Perrum, Origem Antão Vaz, Vinhas Velhas Tinto e Vinhas Velhas Branco. Nas reservas, produz-se na Quinta do Paral o Grande Reserva Tinto, Reserva Tinto e Reserva Branco. Há ainda lugar para os vinhos Superior Tinto e Superior Branco, ou os clássicos de vinhas tradicionais como o Clássico Rosé, o Clássico Branco e o Clássico Tinto.
Luís Leão conta também que já se vão fazendo variantes, como o espumante e os dois licorosos.
Neste momento, a Quinta do Paral já exporta cerca de 48% da sua produção, gerando cerca de 200 mil garrafas, sobretudo direcionadas para o mercado dos EUA, mas também Coreia e Europa, com destaque para a Suíça, Áustria, Holanda, Luxemburgo e Bélgica.
Aqui, na Quinta do Paral, vinho e turismo estão 100% alinhados para oferecer a melhor experiência possível. E isso mesmo dizem os dois responsáveis. Os hóspedes podem mesmo acompanhar o enólogo durante o dia, e houve já um norte-americano que o fez, na tentativa de conhecer melhor todo o processo, desde a apanha da uva e a sua prova, até à passagem para o laboratório e respetiva análise de qualidade.
“Estas são experiências autênticas”, garante Luís Leão, numa clara aposta no rico património da região. E foi essa a génese deste projeto, que quis sempre ser o mais genuíno possível.





















































