O Algarve é o destino do mês de novembro da Ambitur. Num roteiro de cinco dias elaborado pelo Turismo do Algarve, percorremos a região de lés a lés, passando pelos 16 concelhos deste vasto território. De Alcoutim ou Vila Real de Santo António até Vila do Bispo ou Aljezur, atravessámos o litoral e o interior, e conhecemos iniciativas e projetos turísticos que contribuem para que o Algarve continue a ser hoje um destino que merece ser visitado ao longo de todo o ano.

Este é um projeto que envolve seis municípios do Algarve: Lagos, Portimão, Monchique, Lagoa, Albufeira e São Brás de Alportel. Uma iniciativa criada no âmbito da candidatura ao Algarve Cidade Europeia do Vinho em 2026, que foi ultrapassada na reta final da competição pelo Baixo Alentejo. Mas o Algarve Golden Terroir promete não ficar por aqui, pois vai muito mais além de uma simples candidatura.
Explica Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, â Ambitur, que se pretende juntar aqui territórios com tradição vinhateira, corticeira e olivícola. Estes são seis municípios que fazem parte da Associação de Municípios Portugueses do Vinho, uma das condições para poder apresentar uma candidatura, e aqui pretende-se juntar os territórios e desenvolver um projeto a partir daquilo que são produtos endógenos, como o vinho, a cortiça e o azeite. Com o objetivo de dinamizar a economia local de cada um dos seus territórios. “Na perspetiva de que o todo é muito mais do que a simples soma das partes. E por isso entendemos que faz sentido”, acrescenta o responsável.
O projeto, cuja evolução poderá ser alterada devido às recentes eleições autárquicas e mudanças de executivos camarários, “é sempre um desafio constante e há sempre a procura de continuarmos a evoluir e podermos continuar a trabalhar as diversas sinergias que vão surgindo”, indica o autarca. Acrescenta ainda que “temos aí uma proposta que depois terei de partilhar com os meus colegas, quando houver condições para isso, para que o projeto Algarve Golden Terroir possa avançar com um desafio que nos é colocado pela rede europeia das cidades do vinho, que é também sermos a região europeia da gastronomia e do vinho em 2026”. Outro caminho a seguir é uma avaliação de outras ações que possam fazer em conjunto, nomeadamente a promoção em feiras internacionais, feiras de turismo, mostras vitivinícolas.
A região tem estado nas últimas décadas a recuperar a sua forte tradição de produção vitivinícola, “e em particular no Concelho de Lagoa, que é o que eu melhor conheço, em que temos vestígios da produção de vitivinícola ao longo dos séculos”, afirma Luís Encarnação. No final da década de 90, no final do século passado, há aqui uma inversão e um papel muito importante da Comissão Vitivinícola e também da DRAPA – Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, porque de facto surgem uma série de incentivos, resultando hoje na existência de mais de 60 produtores na região.
Recorda o autarca que, quando Lagoa quando foi Cidade Nacional do Vinho em 2016, tinha três produtores, hoje conta já quase com uma dúzia de produtores, projetos pequenos, ligados ao enoturismo. “Portanto é muito mais do que somente a parte agrícola da produção vitivinícola. E essas produções pequenas têm uma enorme vantagem. Os produtores algarvios não têm grandes dificuldades em escoar os seus produtos. Muitos deles são vendidos até à porta das adegas. Portanto há aqui um potencial enorme do nosso ponto de vista em duas áreas”, acrescenta o responsável.
Este é também um setor importante para a atividade turística da região, como refere Luís Encarnação: “É que nos ajuda, no nosso ponto de vista tem aqui uma dupla função. Por um lado, ajuda-nos a mitigar a questão da sazonalidade, porque o enoturista, aquelas pessoas que viajem motivadas pelo vinho e pela gastronomia, não escolhem o verão especificamente, vêm em qualquer altura do ano. E depois o outro aspeto que para nós é também muito importante é o vinho, aliado aqui à gastronomia, e que proporciona experiências. E essas experiências ajudam-nos a fidelizar os nossos clientes. Portanto tem aqui uma dupla função muito importante”.
Comissão Vitivinícola do Algarve
Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA) e Coordenadora do Projeto Algarve Golden Terroir, indica que “candidaturas como esta trazem dois aspetos, o movimento agregador, que é muito importante nesta candidatura do Algarve Golden Terroir, destes vários municípios com foco no vinho, mas também destas produções tradicionais, que são características do Algarve e têm este potencial de dar aqui uma característica mais diferenciadora a este território”. Por outro lado, destaca “estarmos a demonstrar que o Algarve é uma região vitivinícola de excelência, com bons vinhos, com bons projetos de enoturismo, que vale a pena conhecer, que vale a pena experimentar os nossos vinhos, com este número extraordinário de turistas que recebemos aqui, que haja esta consciência de que existe esta produção de qualidade”.
Para a responsável, basicamente tem que se mostrar que projetos como este trazem um alcance de notoriedade à região. “Como região produtora de vinhos e com enoturismo, que é necessário dar a conhecer, porque, obviamente para quem pensa no Algarve não pensa logo nos seus vinhos e no seu enoturismo, e, por isso, todos estes projetos que têm este alcance de levar o nome do Algarve da parte dos vinhos e do enoturismo mais longe são projetos de muito valor”.
Hoje o Algarve já conta com 60 produtores na região, sendo que metade terão atividade de enoturismo, estando 25 já integrados na Rota dos Vinhos do Algarve, que pertence à CVA, seguindo um regulamento com alguns critérios. Indica Sara Silva, “tem que haver aqui uma estrutura mínima de visitação e uma qualificação dessa oferta também, mas estamos em crer que, nos próximos dois, três anos, este número chegue mais próximo ainda dos 30 produtores com enoturismo, porque penso que já foi encontrado o foco de estratégia dos vinhos do Algarve”. Destaca a responsável que “nós, claro, queremos mais visibilidade internacional e estamos envolvidos agora na apresentação de um projeto de internacionalização do Algarve, onde nós, Comissão Vitivinícola do Algarve, estamos integrados também, e a região do turismo também, com a parte do enoturismo”.
Ressalva a entrevistada que nesta questão do enoturismo é muito importante que haja uma aglutinação de interesses entre os municípios para um bem comum, que é o enoturismo, com os vários produtores cada vez mais ativos e a diversificarem também a sua panóplia de experiências disponíveis praticamente ao longo de todo o ano. Conclui Sara Silva “que está aqui o tal contributo muito importante para a quebra da sazonalidade, e não só o foco obviamente do turista estrangeiro ou nacional, mas também o foco de contribuir e de convidar à visitação de todos os algarvios. Portanto estamos agora a entrar numa época mais baixa e que até os próprios algarvios tenham mais tempo para ir aos restaurantes beber os nossos vinhos, para visitarem os projetos de enoturismo, por isso temos aqui um grande potencial e espaço para chegar a públicos diferentes também”.
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