A empresa portuguesa Flowco, criadora da marca Goma, está a ganhar destaque no setor do design e da construção ao desenvolver pavimentos e revestimentos feitos com borracha reciclada de pneus e solas de sapatilhas. A inovação, que começou como um projeto académico entre quatro colegas de universidade, tornou-se hoje num negócio em expansão, como explicam António Vale e Rodrigo Meira.
“A empresa nasceu com a ideia de desenvolver um concurso de mobiliário urbano… a nossa proposta era desenvolver o primeiro puff urbano feito de borracha de pneu e de sola de sapatilha”, recorda António, cofundador da empresa. O conceito, inicialmente apenas teórico, chamou a atenção de alguns players antes mesmo de existir fisicamente. Foi então que os fundadores perceberam que havia espaço de mercado para produtos feitos de resíduos industriais.

Depois de estudos, investigação e uma mini pós-graduação que ajudou a estruturar o plano de negócios, a empresa conseguiu financiamento da Sociedade Ponto Verde e foi oficialmente fundada em 2018. A partir daí, o trabalho evoluiu. “Com a pandemia Covid-19 e outros acontecimentos, acabámos por nos direcionar mais para o desenvolvimento de resíduos industriais e criámos a marca Goma”, explica António.
Esta marca desenvolve pavimentos e revestimentos que combinam estética, conforto térmico e acústico, absorção de impacto e, sobretudo, sustentabilidade. “Estamos a falar de materiais com cerca de 90% a 92% de material reciclado, com a maioria dos fornecedores portugueses”, sublinha o diretor comercial, Rodrigo Meira.
A personalização é um dos grandes diferenciais: “nós não pintamos nada, as cores vêm das próprias solas. Selecionamos, separamos e criamos paletas únicas”, explica Rodrigo, mostrando alguns exemplos que estiveram em amostra na Decorhotel. E o resultado são pisos que fogem ao tradicional pavimento preto e criam ambientes totalmente diferentes, desde ginásios que imitam uma “praia” até espaços com textura semelhante a uma “tijoleira de terraço”.
Na feira, a empresa apresentou exclusivamente a marca Goma, procurando consolidar presença no setor hoteleiro. Já contam com projetos realizados em Portugal, incluindo um hotel de um grupo belga em Lisboa, e “o nosso objetivo é chegar a hotéis, restauração e espaços comerciais”, afirma António. Além da hotelaria, o crescimento acelerado do setor dos ginásios tem sido uma forte alavanca.
Apesar da forte componente manual e da complexidade de trabalhar com materiais reciclados, a empresa garante que os preços permanecem competitivos. “Não podemos praticar preços de entrada, mas o feedback é que o produto é competitivo e há materiais no setor que são mais caros”, afirma Rodrigo Meira.
Portugal continua a ser um mercado importante, mas sendo mais pequeno, a internacionalização é já uma realidade: “vemos sempre a internacionalização como essencial para crescer”, refere o diretor comercial, assinalando que a empresa está agora numa segunda fase de produção e a criar uma fábrica maior em Santa Maria de Lamas, depois da primeira em São João da Madeira.
Sustentabilidade agora é vantagem de mercado
António Vale lembra que a aposta nos reciclados começou há mais de uma década, quando muitos ainda viam esse caminho como uma moda. “Na altura diziam que éramos malucos, que os reciclados eram uma moda, mas todos os anos criam-se milhões de toneladas de resíduos que acabam no solo e contaminam água e alimentos”, alerta. Para ele, a mudança é inevitável: “o reciclado ainda é mais caro porque a indústria está a adaptar-se, mas acredito que em pouco tempo tudo vai inverter-se, o reciclado vai tornar-se o novo padrão e mais acessível”.
Além da procura de clientes no mundo da hotelaria e da restauração, a Flowco também está em busca de arquitetos e outros players interessados em trabalhar com este produto sustentável e inovador.
Por Diana Fonseca, na Decorhotel





















































