A sustentabilidade e o turismo foram, uma vez mais, o mote para a Conferência Smart and Green Tourism, organizada pela Ambitur e Ambiente Magazine, em parceria com a Fundação AIP. O primeiro painel desta 4ª edição foi, como é habitual, dedicado à Hotelaria, desta vez com a temática “Geração Ambiental”, contando com Elisabete Félix, diretora do Departamento de Dinamização Empresarial do Turismo de Portugal como moderadora, e com Ana Parreira, Quality and Sustainability Manager da PHC Hotels, Francisco Santos, Head of Sustainability da Highgate Portugal e Fernando Morais, diretor de Sustentabilidade da Six Senses Douro Valley, como oradores.
Na PHC Hotels – Portuguese Hospitality Collection as realidades são muito diferentes, embora todas elas urbanas. Basta olharmos para o Hotel Mundial, uma unidade que abriu portas em 1958, ou o mais recente Convent Square Hotel, Vignette Collection, integrado na IHG, que está operacional desde 2023. Uma coisa é ter um edifício que já foi fruto de uma reabilitação, e traz património e história, e outra é um edifício que pode contar com as mais recentes tecnologias fundamentais e eficientes do ponto de vista da sustentabilidade.
Ana Parreira admite que o projeto de sustentabilidade no grupo é ainda muito recente, estando para já a dar os passos iniciais. Mas apesar das diferenças, “há uma linha e objetivos comuns”, garante a oradora. “Cada unidade tem os seus objetivos e métricas de sustentabilidade, mas o compromisso é da empresa, é global, e esses objetivos têm que estar alinhados com esse compromisso”, esclarece.
A estratégia da PHC está muito focada no ESG, e a componente social é um dos pontos mais fortes e foco de preocupação da administração, indica a responsável. Em termos ambientais, há claro preocupações com energia, água ou pegada carbónica.
A Quality and Sustainability Manager da PHC Hotels sabe que o facto de serem unidades urbanas também implica investimentos e preocupações diferenciadas, havendo um recurso muito forte à tecnologia. No caso do grupo hoteleiro português, os très pilares ambientais são a energia, os recursos hídricos e os resíduos. “O que tentamos é ter uma parte da tecnologia apoiada por muitos procedimentos e muito «engagement» das equipas nesses procedimentos”, explica, adiantando que “a tecnologia ajuda-nos mas se as pessoas náo estiverem envolvidas no projeto, não chegamos lá”.
“a tecnologia ajuda-nos mas se as pessoas náo estiverem envolvidas no projeto, não chegamos lá”
Detalhando, em termos energéticos, o grupo já tem a gestão técnica centralizada no Convent Square Hotel, por exemplo: trata-se de uma tecnologia sincronizada que permite controlar todos os aspetos desde a entrada do cliente no quarto, temperatura, ligação das luzes. “Há muito mais controlo, monitorização e targets de redução para cada uma destas áreas”, aponta Ana Parreira. Há também uma aposta na utilização de sensores em todas as áreas.
Outra questão passa pelas compras e aí a PHC garante ter 90% dos fornecedores do distrito de Lisboa, portanto, locais.
Para reduzir desperdícios a nível da água, a aposta passa por redutores de caudal, sendo que a nível dos chuveiros usados nos hotéis a redução é acompanhada da exigência de se manter o conforto para o hóspede. por exemplo.
O grupo hoteleiro implementou recentemente o «refill» de garrafas de água purificada, contribuindo deste modo para a redução da pegada em termos de transporte de mercadorias. Acabar com as garrafas de água de plástico foi uma das primeiras tarefas a nível dos resíduos e atualmente não há plástico de uso único nos restaurantes para o pequeno-almoço, nos quartos ou nas zonas públicas. “Estamos plastic free”, assegura a oradora, frisando que toda a equipa está muito envolvida no que diz respeito aos resíduos, com o objetivo de conseguir separar cada vez mais e melhor. Aliás, neste momento, a PHC tem já um protocolo com o Electrão para pilhas, lâmpadas e eletrodomésticos, e um projeto de separação de rolhas com a AHP e a Quercus.
Uma questão fundamental neste processo de sustentabilidade é, sem dúvida, a formação e Ana Parreira afirma ser um foco estratégico da empresa, que conta com um calendário de ações de formação que abrangem vários temas. O grupo está também neste momento a formar as suas «green teams», que funcionarão como “embaixadores dos procedimentos que fazemos a nível formativo e que se vão responsabilizar por levar em frente os targets de cada um dos seus departamentos”, explica a responsável.
“Procuramos ter parceiros, entidades que tragam conhecimento e mostrem como se faz, para conseguirmos um maior impacto junto das nossas equipas”
Este calendário de formações acaba por ser conjugado com o calendário de iniciativas da PHC. “Procuramos ter parceiros, entidades que tragam conhecimento e mostrem como se faz, para conseguirmos um maior impacto junto das nossas equipas”, pormenoriza a Quality and Sustainability Manager da PHC Hotels. O ponto de partida deu-se com a BCSD, para que todos percebessem a importância desta temática para a hotelaria, mas há já iniciativas com a Valorsul, por exemplo, através de visitas para que os colaboradores dos hotéis percebam a importância da valorização dos resíduos. Ana Parreira dá ainda conta de um trabalho com a Global Compact Network e ainda com a AHP no que diz respeito ao projeto HEART – Hospitality, Environment and Responsible Tourism (anteriormente designado por HOSPES).
Além disso, também os clientes são chamados a participar, com momentos específicos como a Hora do Planeta, o Dia da Árvore ou o Dia Mundial da Água. No Convent Square Hotel, lembra a responsável, os hóspedes são convidados a abdicar da limpeza, da troca de toalhas ou outras situações, sendo recompensados com benefícios no programa de fidelização.
Ana Parreira sabe que, em termos de custo-benefício, a PHC Hotels ainda está numa fase inicial, sobretudo de investimento, que “acreditamos a médio e longo prazo será um retorno em termos de eficiência, poupança e acabar com o desperdício”. E não tem dúvidas de que “para quem hoje procura um hotel, a sustentabilidade é um peso na hora da decisão, essas são as tendências evidentes nas plataformas de reservas”, pelo que a PHC sente que “estamos a dar resposta às necessidades do cliente atual”.
Por Inês Gromicho. Fotos @Raquel Wise.
Leia também…





















































