A Ambitur esteve à conversa com Inês Castro, diretora geral do Outsite Mouco desde finais de 2024. Trata-se de um conceito híbrido, que junta hotelaria, eventos, coliving e coworking na cidade do Porto, um destino que, explica-nos a responsável, tem vindo a crescer junto da comunidade de nómadas digitais e empresas tecnológicas. Hoje a Outsite conta com oito unidades em Portugal, sendo que a unidade do Porto é a única com conceito hoteleiro.
Como e quando surgiu o Outsite Mouco?
O Outsite Mouco resulta da integração, em 2023, do Mouco na rede global da Outsite – uma marca de coliving e coworking com mais de 50 localizações em todo o mundo – após a aquisição do hotel por parte de um fundo francês.
O projeto do Mouco nasceu inicialmente como um espaço para impulsionar a criação artística no universo da música. Essa identidade foi mantida e reconfigurada ao longo dos anos, à medida que o espaço se foi direcionando para o universo da hospitalidade. Sob gestão da Outsite, o conceito do Mouco foi complementado por uma oferta robusta de coliving, com uma aposta reforçada no coworking e nos eventos corporativos.
A direção da unidade está a meu cargo. Assumi a função de diretora-geral do Outsite Mouco no final de 2024, após mais de uma década de experiência no setor da hotelaria e, em concreto, no segmento de luxo, com passagens, em funções de concierge, front office e gestão operacional, por unidades de referência como The Yeatman, The Independente Collective e Le Monumental Palace.
Qual a filosofia que está na base deste conceito de alojamento e de que forma procura diferenciar-se da restante oferta do mercado?
O Outsite Mouco diferencia-se por ser um espaço multidisciplinar que combina alojamento, cultura, trabalho e comunidade. Inspirado na missão da Outsite de proporcionar estilos de vida flexíveis para nómadas digitais, profissionais remotos e empresas, o espaço integra design contemporâneo, infraestrutura tecnológica de ponta e uma programação cultural ativa. A ideia, portanto, é conciliar as várias dimensões da oferta através de um conceito híbrido, entre o hotel, os eventos, o coliving e o coworking, criando um ecossistema complementar em que estas diferentes dimensões da oferta coexistem, coabitam e se potenciam mutuamente.
A filosofia do Outsite Mouco assenta na hospitalidade com propósito: criar um ambiente onde é possível viver, trabalhar, vivenciar experiências comunitárias e culturais e encontrar inspiração, tudo num só lugar. A forte ligação à música, com uma programação cultural recorrente, uma coleção de vinis da casa ou os gira-discos nos quartos, é exemplo da forma como o Outsite Mouco mantém o seu ADN original, promovendo uma identidade autêntica e oferecendo uma experiência única a quem nos visita.
O que é Grupo Outsite e porquê o investimento no alojamento turístico? Porquê o Porto?
A Outsite é uma rede global de coliving e coworking fundada em 2015 por Emmanuel Guisset, que identificou uma lacuna na oferta para trabalhadores remotos que procuravam um ambiente acolhedor e comunitário para viver e trabalhar. Com presença em destinos como Bali, Califórnia, Lisboa ou Madeira, a Outsite aposta em localizações que combinam atratividade turística, boas ligações e um estilo de vida urbano.
O Porto, com a sua crescente popularidade entre nómadas digitais e empresas tecnológicas, surge como uma escolha natural. A cidade alia uma personalidade única, autenticidade cultural, qualidade de vida e uma dinâmica muito interessante – fatores-chave para a comunidade da Outsite –, bem como um tecido empresarial vibrante e uma grande procura por eventos e experiências diferenciadoras, o que representa um enorme potencial para o desenvolvimento das operações do Mouco.
Preveem ter mais unidades a nível nacional?
Atualmente, a Outsite conta com oito unidades em Portugal – Porto, Cascais, Ericeira, Lisboa (Intendente e Cais do Sodré), Vilamoura, Sagres e Madeira. O Outsite Mouco, no Porto, é a única propriedade com conceito de hotelaria; todas as outras são unidades orientadas para o coliving.
A expansão nacional continua a ser uma possibilidade estratégica, dependendo da identificação de ativos que se alinhem com os valores da marca.
Qual o público-alvo do Outsite Mouco?
O público do Outsite Mouco é diversificado, mas com um traço comum: procura autenticidade, flexibilidade e criatividade. Do ponto de vista do coliving, do coworking e da oferta de eventos corporativos, a unidade atrai sobretudo nómadas digitais, freelancers, profissionais criativos, empreendedores e equipas de empresas tecnológicas que procuram espaços para trabalhar, estadias prolongadas, retiros de equipa ou eventos corporativos com um conceito distintivo.
No que diz respeito ao alojamento, o hóspede que procura o Outsite Mouco é um hóspede interessado num espaço flexível, com uma abordagem informal e autónoma, e uma oferta complementar, tanto a nível de cultura e trabalho como de experiências em comunidade. A faixa etária dominante situa-se entre os 25 e os 45 anos e, a nível de mercados emissores, temos como principais mercados o alemão e o inglês, com forte crescimento dos mercados espanhol e norte-americano.
Como está a ser a recetividade do mercado a este novo conceito?
A recetividade tem sido positiva. 2024 foi um ano de adaptação e reposicionamento, mas os primeiros meses de 2025 estão a dar sinais bastante otimistas. Quanto à dimensão de alojamento, o preço médio aumentou em relação ao ano passado e a ocupação cresceu cerca de 10% face ao período homólogo de 2024.
A nível dos eventos corporativos, também temos crescido e atraído grandes players do tecido empresarial do Porto para reuniões de equipa, retiros, eventos de grande, pequena e média dimensão, entre outras iniciativas. De facto, temos condições excecionais para acolher eventos, desde a diversidade e versatilidade das salas à logística e tecnologia disponíveis in house. Essa capacidade tem-se refletido na resposta muito positiva do mercado, que reconhece o Outsite Mouco como um espaço diferenciador para encontros corporativos e criativos
Depois, no que diz respeito ao coworking e ao coliving, notamos uma adesão crescente, também fruto da realidade cada vez mais comum do trabalho remoto no Porto. A estratégia de abertura à cidade, com eventos culturais, concertos e iniciativas comunitárias, também tem contribuído para reforçar a notoriedade da unidade no panorama local e gerar uma dinâmica muito interessante, que mistura portuenses, nómadas digitais, profissionais em regime de teletrabalho e turistas.
Quer descrever-nos esta unidade?
Localizado na zona do Bonfim, o Outsite Mouco é um complexo hoteleiro que combina, num só espaço, oferta de alojamento, eventos e reuniões corporativas, coliving, coworking e cultura. Por causa desta diversidade, é um case study no panorama hoteleiro do Porto e o único hotel com um conceito verdadeiramente multidisciplinar na cidade.
Dispomos de 62 quartos e estúdios (alguns com kitchenette, jardim ou varanda), ideais tanto para estadias de curta como de longa duração. Contamos com piscina, sala de yoga, jardim, café com esplanada, espaços de coworking, sala de podcasts, duas salas de reuniões e a Sala Mouco – um auditório multifuncional com capacidade para 300 pessoas, que é uma das principais salas para eventos e concertos no Porto fora do circuito dos grandes auditórios.
A unidade distingue-se também pela sua atmosfera acolhedora, abordagem informal e uma programação cultural ativa que cruza música, arte e bem-estar.
Quais as vossas expectativas em relação à procura deste ano?
Temos perspetivas otimistas em todas as dimensões da nossa oferta. Este ano, apostámos particularmente na dimensão de eventos corporativos e reuniões, devido às condições de excelência que dispomos para dinamizar o segmento de MICE. É uma área em que claramente nos diferenciamos e que queremos capitalizar, com uma abertura maior à cidade e ao tecido empresarial do Porto.
Quanto ao alojamento, temos expectativa de alcançar uma taxa de ocupação superior aos 70% em 2025.
Globalmente, queremos consolidar a nossa posição como um dos espaços mais versáteis e inspiradores na hotelaria do Porto, reforçando a ligação à comunidade local e aos turistas que a cidade recebe.
Por Inês Gromicho




















































