Smart and Green Tourism II: “Os hóspedes desafiam-nos a estar permanentemente na frente do investimento sustentável”

A conferência Smart and Green Tourism II, organizada pela Ambitur e pela Ambiente Magazine, regressou para mais uma edição da BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) para debater as questões atuais que ligam o turismo e a sustentabilidade.

No primeiro painel, moderado por Roberto Antunes, diretor executivo do NEST – Centro de Inovação e Turismo, André Matos juntou-se a Leonor Picão diretora coordenadora da Direção de Valorização da Oferta no Turismo de Portugal, e Paulo Rodrigues de Brito, diretor Comercial do BPI. para debater a temática “Transição Verde, uma prioridade para o turismo nacional?”.

quem é integrado nesta equipa, tem sempre de ter “uma injeção formativa daquilo que somos, do que fazemos, de onde nos queremos posicionar e de que forma queremos ser diferentes e melhores”

O diretor de Qualidade do Vila Vita Parc Resort & Spa partilhou com a plateia que esta unidade hoteleira tem já enraizada no seu seio uma cultura de sustentabilidade, admitindo porém que nem sempre é fácil, até porque, em plena operação, conta com cerca de 900 colaboradores no ativo e um rácio de 2,5 colaboradores por hóspede. André Matos explica pois que, quem é integrado nesta equipa, tem sempre de ter “uma injeção formativa daquilo que somos, do que fazemos, de onde nos queremos posicionar e de que forma queremos ser diferentes e melhores”. Esta é a chave do sucesso do Vila Vita Parc, acredita o orador: “cada um de nós saber exatamente o que tem de fazer”.

“a crença individual alinhada com a crença organizativa é que nos permite ir mais além”

Exemplificando, o responsável esclarece que existe uma necessidade de controlar os custos e de apostar em investimentos inteligentes: “por exemplo, não conseguimos ver a inteligência de um investimento se não estiver diretamente ligado a uma frota sustentável”, adianta. O resort conta atualmente com uma frota híbrida e também elétrica. Para André Matos, “não posso realizar um transfer e uma experiência num transfer de topo se o meu veículo for altamente poluente”. Por isso, defende que há a necessidade de ser pedagógico e incisivo junto dos colegas, de dar o exemplo e funcionar como mentores, para que eles “respirem e acreditem no que estamos a fazer”. Outro exemplo prende-se com os resíduos verdes, que são apanhados e triturados, sendo posteriormente enviados para adubo para uma outra propriedade que o grupo tem com vinhas. E há mais exemplos: as borras de café ou as rolhas das garrafas, que são reaproveitadas e reencaminhadas para a Quercus. Defende pois que “esta é a nossa missão” e que “a crença individual alinhada com a crença organizativa é que nos permite ir mais além”.

“grande parte do que fazemos não permite que o hóspede pense de que forma há de agir”

Do outro lado está o hóspede e André Matos garante que “grande parte do que fazemos não permite que o hóspede pense de que forma há de agir”. Daí os investimentos na captação da água do mar, nas frotas sustentáveis, na formação de pessoas, todos eles pontos que o hóspede não controla mas “nós manipulamos de forma positiva a experiência do hóspede com ferramentas sustentáveis”. A verdade é que, explica o diretor de Qualidade do Vila Vita Parc, o hóspede deste resort está habituado a fazer férias, várias vezes ao ano, em outros hotéis da Leading Hotels of the World, pelo que já estão habituados a determinados padrões. André Matos não duvida que, ao longo destes 15 anos, “os hóspedes são mentores e desafiam-nos a estar permanentemente na frente do investimento sustentável”.

Por Inês Gromicho. Fotos de Raquel Wise