Andrea Pfeiffer, que assumiu recentemente o cargo de diretora-geral da TUI Espanha, Portugal e Américas, esteve à conversa com a Ambitur para explicar esta sua nova e mais abrangente missão. Não hesita em afirmar que a liderança feminina é fundamental para promover a diversidade e a inovação no setor do turismo e aponta que no seu caso acaba por ser o background multicultural que faz a diferença, permitindo-lhe compreender diferentes realidades e mercados. Esta nova fase passa por expandir a presença da marca em mais agências de viagens portuguesas e diversificar a oferta de produtos no mercado nacional, apostando também em destinos de médio e longo curso. Leia aqui a segunda parte desta Grande Entrevista, publicada na íntegra na edição 350 da Ambitur.
Quais as mudanças que identifica na distribuição turística portuguesa? Quais as tendências futuras?
O mercado português tem registado uma aceleração significativa na digitalização nos últimos anos, o que resultou numa maior integração de ferramentas tecnológicas nas agências de viagens. Este avanço tem vindo a simplificar os processos, tornando-os mais eficientes e melhorando a personalização dos serviços oferecidos. Entre as tendências futuras, destaca-se o crescente interesse por destinos menos concorridos, experiências autênticas e sustentáveis, bem como a preferência por reservas antecipadas, que garantem melhores preços e maior disponibilidade. Além disso, o mercado português está a evoluir para uma maior procura por produtos premium e exclusivos, capazes de satisfazer as expectativas de um viajante cada vez mais exigente.
É importante para si sinalizar uma liderança feminina no setor de viagens, porquê? É difícil uma mulher obter a liderança no setor da distribuição da Europa, nos dias de hoje?
A liderança feminina é fundamental para promover a diversidade e a inovação no setor do turismo. Embora os progressos sejam notáveis, ainda persistem desafios, especialmente em cargos de direção. Quando comecei a trabalhar no setor, a presença de mulheres em posições estratégicas era bastante limitada. Atualmente, o progresso é visível, mas ainda há muito a fazer para assegurar a igualdade de oportunidades e eliminar barreiras. As empresas devem comprometer-se a promover ambientes inclusivos e equitativos, que valorizem o talento feminino e reforcem a competitividade do setor.
O que pensa que a visão feminina pode trazer de diferenciador e de positivo ao setor da distribuição?
Mais do que uma questão de género, acredito que cada pessoa traz ao negócio a sua perspetiva única, moldada pelas suas experiências e vivências. No meu caso, o que considero diferenciador é o meu background multicultural: a combinação das minhas origens alemãs, espanholas e também portuguesas. Esta diversidade permite-me compreender diferentes realidades e mercados, adaptando-me com naturalidade às necessidades específicas de cada contexto e contribuindo para soluções mais abrangentes e eficazes.
Quais as tendências turísticas para 2025? Verificam-se mudanças acentuadas por parte do consumidor?
Este ano, o turismo em Portugal será marcado pela personalização e autenticidade. Os viajantes procuram cada vez mais experiências únicas, preferindo destinos menos conhecidos que lhes permitam uma conexão mais profunda com a cultura local. Destinos como o Vietname, com o seu rico património cultural e paisagens naturais, e a Costa Rica, conhecida pela sua biodiversidade e ecoturismo, refletem esta tendência por viagens mais autênticas e personalizadas.
A sustentabilidade também terá um papel fundamental, com um aumento da procura por produtos ecológicos e responsáveis. Isto traduz-se no crescimento da procura por alojamentos “boutique” que adotem práticas sustentáveis e atividades que permitam aos viajantes desfrutar da natureza sem comprometer a sua preservação.
O turismo de luxo continua a crescer, com uma procura crescente por experiências exclusivas, como estadias em vilas privadas em destinos como Santorini ou safaris personalizados na África do Sul. Os consumidores estão cada vez mais focados em viver experiências memoráveis, centradas na qualidade e na sustentabilidade.
Como encara o grupo TUI a pegada ambiental do setor turístico? Que passos estão a dar no sentido da procura de uma pegada neutra nas viagens turísticas? Este é um dos principais desafios da atividade turística?
A sustentabilidade é um dos pilares estratégicos da TUI. Trabalhamos para minimizar a nossa pegada ambiental, utilizando energias renováveis nos nossos alojamentos, promovendo atividades de baixo impacto ambiental e estabelecendo parcerias com fornecedores locais que garantam a preservação dos destinos. Além disso, iniciativas como a criação de itinerários responsáveis e a redução das emissões nas nossas operações fazem parte do nosso compromisso para com um turismo mais sustentável. Esta abordagem não só responde às regulamentações atuais, como também reflete as expetativas dos viajantes que procuram opções mais responsáveis.
Experiência do cliente: em que patamar estamos hoje? Como se pode definir esta experiência do cliente ao dia de hoje e quais as tendências futuras?
Os viajantes procuram flexibilidade, personalização e autenticidade. Preferem opções que lhes permitam ajustar as datas, escolher tipos de alojamento, como resorts ou pequenos hotéis boutique, e adicionar atividades exclusivas, como excursões culturais ou gastronómicas. Também valorizam a possibilidade de prolongar a sua estadia ou combinar destinos, como, por exemplo, uma viagem à Tailândia que combine uma visita aos templos com umas férias em Phuket.
As tendências atuais revelam um crescente interesse em destinos emergentes, bem como uma preferência por reservar com antecedência para garantir melhores preços e disponibilidade. Além disso, a tecnologia desempenha um papel fundamental na experiência do cliente. Desde as plataformas de reserva digital às aplicações móveis, ou apps, que permitem gerir viagens em tempo real, os clientes procuram cada vez mais ferramentas que melhorem a sua experiência antes, durante e após a viagem.
Na TUI Spain, Portugal & Américas, oferecemos uma oferta diversificada que abrange desde férias em família e viagens de grupo até opções mais específicas, como city breaks, circuitos culturais, cruzeiros fluviais e tours de vários dias, adaptando-nos às necessidades de cada cliente.
Cada vez é mais importante a exclusividade de produto face ao cliente final? Qual o caminho que as agências de viagens devem seguir neste caminho? E como pode a TUI ajudar ao nível da exclusividade de produto?
A exclusividade tornou-se essencial para os clientes, que procuram experiências autênticas de viagem. De acordo com a Phocuswright, há um interesse crescente por destinos que ofereçam uma ligação mais profunda com o ambiente. Exemplos disso incluem viagens ao Japão, onde os turistas podem participar nas cerimónias do chá ou ficar alojados em casas tradicionais, e o aumento de safaris exclusivos em África, como no Quénia ou na África do Sul, que proporcionam aventuras personalizadas e um contacto mais próximo com a vida selvagem, com a promessa de uma experiência memorável.
Esta tendência está alinhada com 80% dos viajantes que procuram “experiências de viagem mais autênticas e culturais”. Um dos nossos pontos fortes é a nossa capacidade de flexibilizar a nossa programação através dos nossos consultores de viagens, criando experiências à medida de cada cliente.
Para satisfazer esta procura, as agências de viagens devem oferecer produtos mais individualizados, manter-se atualizadas com as tendências do setor e aproveitar as ferramentas tecnológicas que lhes permitam diferenciar-se. Na TUI Spain, Portugal & Américas, apoiamos esta abordagem, fornecendo produtos exclusivos, formação especializada para os Agentes e plataformas tecnológicas que facilitam a gestão e personalização das ofertas, reforçando a capacidade das Agências de corresponder às expectativas de cada tipo de cliente.
*Esta entrevista está publicada na íntegra na edição 350 da Ambitur.
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