Já são conhecidos os nomeados para os prémios Xénios 2025, da ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal. A Ambitur decidiu conversar com cada um dos nomeados para conhecer melhor o seu percurso e perceber o que os motiva na Hotelaria. Hoje falamos com Pedro Salazar, director of Sales da Bensaude Hotels Collection, que está nomeado para Melhor Diretor Comercial.
O que significa estar nomeado para os Xénios 2025?
Tem um significado especial por ser uma nomeação entre pares, totalmente desinteressado e que me deixa muito lisonjeado.
E o que significa ser o Melhor Diretor Comercial?
Tanto em hotelaria como noutro qualquer setor, penso que é muito difícil alguém assumir-se como o melhor diretor comercial, pela simples razão que o sucesso do nosso trabalho depende de muitas equipas (operacionais e administrativas, mais ou menos distantes) e de vários fatores externos que não controlamos. Nalguns casos podem dificultar e comprometer o nosso trabalho, enquanto noutros podem facilitar e ajudar de forma decisiva a obtenção de resultados.
Porquê trabalhar em Hotelaria?
No meu caso em particular, acabou por ser um acaso, mas um acaso muito feliz! A hotelaria tem-me proporcionado grandes oportunidades de crescimento pessoal e profissional e tenho tido a sorte de fazer grandes amizades e de trabalhar com pessoas de grande qualidade, não só mas especialmente nos últimos 13 anos em que tenho procurado dar o melhor contributo para o desenvolvimento da Bensaude Hotels Collection que comemora 90 anos, tendo como referência a inauguração do icónico Terra Nostra Garden Hotel em 1935.
Qual tem sido o seu percurso neste setor e de que forma contribuiu para esta nomeação?
A forma como o meu percurso contribuiu para esta nomeação não sei responder, mas sinto-me um privilegiado por todas as etapas percorridas. O meu primeiro contato com o setor aconteceu num dos mais marcantes eventos da minha geração que foi a Expo’98. Fiz parte de uma equipa extraordinária de Relações Públicas que assegurou a presença do ICEP no evento que expunha Portugal nas vertentes de comércio externo, captação de investimento e promoção turística. Para prepararmos este evento percorremos Portugal continental de Norte a Sul, visitando os locais mais emblemáticos e contactando com os seus mais apaixonados e conhecedores representantes.
Depois da Expo’98 tive a sorte de integrar a Direção de Promoção Turística do mesmo instituto, com envolvimento em projetos relacionados com o Turismo Cultural, onde os temas do património, festivais e gastronomia eram centrais. Foi uma grande aprendizagem e o primeiro local onde fiz grandes amizades.
Seguiu-se uma excelente oportunidade para integrar a equipa comercial das Pousadas de Portugal, então uma empresa pública, onde percebi como a oferta de qualidade pode fazer a diferença, qual o impacto que o turismo pode ter na economia local e o potencial das sinergias entre hotelaria, património e cultura. Contudo, como costumo referir, a verdadeira entrada no mundo da hotelaria só aconteceu quando o Grupo Pestana assume a gestão das Pousadas e surge a oportunidade de transitar como Diretor Comercial para o Pestana Cascais e contribuir para o grande sucesso que foi a abertura do Pestana Sintra Golf. Foi uma grande aprendizagem e o meu mentor e Diretor Geral neste projeto é hoje meu colega na posição de Diretor de Operações da Bensaude Hotels Collection, António Casanova, a quem devo grande parte dessa aprendizagem.
Depois de uma breve, mas intensa passagem pela Madeira, seguiu-se uma experiência em Évora com os atuais Hotéis M’Ar De Ar. Mais uma abertura, mais aprendizagens, mais amizades, uma delas com “frutos” muito especiais. Antes de encontrar a minha casa açoriana com a Bensaude Hotels Collection, com a qual me identifico nas mais diferentes dimensões, houve ainda uma aventura no Porto, uma cidade que por razões familiares sempre me disse algo de especial, o que me permitiu conhecer a realidade de uma das maiores cadeias hoteleiras internacionais.
São mais de 20 anos de experiência no setor, não correu tudo bem, mas penso que tenho conseguido dar um contributo positivo para o desenvolvimento de projetos emblemáticos, pelo que só possa estar grato e sentir-me privilegiado por ter tido sempre pessoas que nos momentos certos confiaram (e quero acreditar que continuam a confiar) em mim.
Qual é a sua formação?
Comecei por me interessar pela possibilidade de uma carreira diplomática e conclui o primeiro ano do curso de Relações Internacionais na Universidade Autónoma de Lisboa, mas por razões várias, no ano seguinte decidi inscrever-me num novo curso, inspirado na Sorbonne e que tinha acabado de ser inaugurado na Universidade Católica Portuguesa, pelo que em 1997 conclui a licenciatura em Línguas Estrangeiras Aplicadas.
Já depois da licenciatura e ainda a pensar numa carreira diplomática, fiz uma pós-graduação em Relações Internacionais no ISCSP. Mais tarde, já com foco noutras oportunidades, fiz uma excelente pós-graduação em Marketing e Negócios Internacionais no ISCTE/INDEG.
Entretanto, tenho sempre procurado atualizar-me e acompanhar as novas tendências, com formações mais ou menos formais, mas sempre com a certeza de que a aprendizagem deve ser uma constante e a qualidade do nosso trabalho está permanentemente a ser influenciada pela forma como conseguimos transformar experiência e informação em conhecimento.
Que mensagem gostaria de deixar aos jovens que estão agora a estudar para trabalhar na indústria hoteleira?
Entendo o propósito da questão, mas há um grande risco de qualquer resposta ser interpretada como paternalista ou mesmo de dar uma ideia presunçosa de que tenho grandes conselhos para dar. Por isso, tentando fugir destas armadilhas, penso que, antes de tudo, devemos sempre centrar-nos em utilizar todas as nossas capacidades e competências, porque mesmo nas funções mais operacionais, a forma como encaramos cada tarefa pode fazer toda a diferença. Por outro lado, a capacidade de aprendizagem, flexibilidade e interajuda são, na minha opinião, competências críticas que merecem ser desenvolvidas. Por último, pela minha experiência, o principal fator de mobilização deve ser, acima de tudo, a forma como nos identificamos com os projetos, encontrando um propósito que nos compromete muito para além do simples cumprimento de tarefas.






















































