A 1.ª edição do Ambitur Talk2Business, no passado dia 1 de outubro, quis ouvir a “experiência” da cultura e conhecer os desafios com que esta se debateu durante a pandemia da Covid-19. Para isso, convidou Miguel
Capucho, manager da fadista Cuca Roseta, a partilhar a sua visão sobre o assunto numa mesa redonda organizada por Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé, e que contou também com a participação de Tiago Simões, diretor de Marketing da Sonae MC. Com poucos apoios por parte do Ministério da Cultura, o setor, a par do turismo, teve de se “reinventar”.
A fadista Cuca Roseta e a sua equipa confiaram que iam “ter o melhor ano das nossas vidas”, com uma agenda de 57 concertos apenas para começar o ano de 2020, conta-nos Miguel Capucho. No entanto, com o início da pandemia, “chegámos a março e recebemos telefonemas de toda a gente a cancelar” os espetáculos. As salas fecharam e “muitos artistas com grandes nomes ficaram mesmo sem qualquer receita”, já para não falar dos técnicos que têm ainda “menos capacidade” de lidar com uma situação destas.
Nessa primeira fase, o manager afirma que “o Ministério da Cultura desapareceu” pois “os apoios aos artistas eram nulos” e, ainda que fossem pedidos, qualquer subsídio era “irrelevante para se manter atividade”. No caso de Cuca Roseta, a fadista recebeu ainda alguns apoios que “reverteram diretamente para todos os seus artistas”, no sentido de “proteger a sua família musical”, adianta. No fundo, na cultura “sentimos que perdemos tudo” e que “não tínhamos qualquer futuro à nossa frente”.
Perante um cenário tão negro, Miguel Capucho parou para pensar e decidiu que era preciso “encontrar soluções” e não tem dúvidas de que “o que foi relevante para nós foi reinventarmo-nos”. O Continente foi pioneiro na organização de concertos online e teve um papel “decisivo”, quase enquanto Ministério da Cultura, porque “investiu nos artistas”, que reverteram esse dinheiro para as suas equipas, defende. Adicionalmente, o manager adaptou um camião para “concertos móveis” que percorreram 18 cidades portuguesas e onde se pôde ver “as pessoas a chorar à janela”, na altura do confinamento, o que revela a “importância que a cultura tem na vida das pessoas”.
Mas não foi só o retalho que ajudou a cultura, também o turismo quis contribuir. Assim, “como as autarquias não podiam suportar espetáculos tivemos a ideia de ‘entrar’ nos hotéis do Algarve”, explica o responsável. Com o apoio dos hotéis NAU e Vila Galé, a fadista surpreendeu os hóspedes com concertos grátis nas unidades. Já o Turismo de Portugal continua a sua aposta na concretização do Festival do Fado. Este ano o género musical ia estar presente em 12 países da América Latina e, face à Covid-19, “tomámos a opção de fazer um concerto online para cada um desses países”.
Para sobreviver, Miguel Capucho considera que é fundamental “encontrar ideias e, sobretudo, pessoas que nos apoiem”. “Aquilo que nos resta neste momento, pelo menos até ao ano que vem, é sermos inovadores”, conclui.
Nesta primeira iniciativa, estiveram presentes cerca de 25 empresários e profissionais do setor, que acederam ao convite da Ambitur, cumprindo as limitações impostas pela Direção-Geral de Saúde. A primeira edição do Ambitur Talk2Business marca o início de um conjunto de iniciativas que a Ambitur pretende levar a cabo nos próximos tempos. O Ambitur Talk2Business conta com o apoio do Fórum Turismo.
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