No âmbito dos “Open Days PME Connect”, José Luís Arnaut, chairman da ANA – Aeroportos de Portugal, no painel dedicado ao tema “A internacionalização e o futuro no setor do Turismo” sublinhou que “hoje temos um grande entrave à internacionalização do País e à boa imagem do país que é o SEF, que não tem sabido responder às necessidades do turismo, dos passageiros e do país, tornando-se um problema que não conseguimos minimamente controlar”. A iniciativa “Open Days PME Connect” arrancou no dia 20 de fevereiro e termina no dia 22, no Auditório da Casa da América latina e UCCLA, em Lisboa.

Tendo em conta os fatores externos que têm forte impacto em Portugal, José Luís Arnaut falou no caso do Brexit, que pode criar uma situação complicadíssima para o SEF. “Basta pensar que todos os dias temos 18 voos a vir do Reino Unido, e todos esses passageiros terão de passar pelo SEF. Em Lisboa e Porto é dramático, em Faro pode ser caótico”, alertou. Na mesma linha, Pedro Santos Silva, diretor financeiro do Pestana Hotel Group e administrador do Grupo Pestana Pousadas, salientou o impacto do funcionamento do SEF na aposta no Turismo, “que faz com que as coisas corram mal logo à partida”.
Ainda no painel sobre a internacionalização e o futuro no setor do Turismo, o moderador, Rui Gidro, partner da Deloitte, salientou “o grande crescimento do Turismo em Portugal, uma indústria de peso que representa 14% no PIB nacional (dados de 2017), e lançou o debate sobre as várias perspetivas do turismo para os players envolvidos”.
“Portugal é um mercado com problemas estruturais sérios”
Miguel Frasquilho, chairman da TAP, referiu que “só conseguimos sair da crise em que a Troika teve de intervir porque o nosso tecido empresarial se soube adaptar e percebeu que tinha de se virar para fora”. Até 2010/2011 as exportações estavam nos 30% e passaram para os 44% atuais, mas ainda estamos abaixo de outros países da mesma dimensão e acima 50% conseguimos ser sustentáveis. “Foi, de facto, graças aos nossos empresários que foi possível esta recuperação da nossa economia, e não há outro caminho para melhorar a economia nacional”, reforçou.
Pedro Santos Silva defendeu que o turismo é um mercado que, para crescer, tem de ir para fora, mas questionou: “Será que Portugal vai conseguir acompanhar este crescimento?. Portugal é um mercado com problemas estruturais sérios”, alertou o responsável: ainda é um mercado dependente de fatores externos, como as quebras de turismo noutras regiões do globo; quer queiramos, quer não, é um mercado periférico, dependente, por exemplo, da falência de operadores aérea – basta ver o caso da Madeira, onde este factor tem um impacto que não se consegue colmatar –; falta ainda formação qualificada no setor; e temos a questão do aeroporto de Lisboa, de que dependem muitas regiões do país, entre outros fatores determinantes.
José Luís Arnaut referiu que “95% dos turistas chegam a Portugal, chegam de avião, o que é uma grande responsabilidade, e houve, entre 2013 e 2017 um forte crescimento na atividade aeroportuária”, e todos concordaram na importância de um aeroporto para o estímulo do turismo nas regiões.
Raúl Castro, presidente da Câmara Municipal de Leiria, realçou que “a região Centro há muito tempo tem a pretensão de criar uma infraestrutura aeroportuária, que se justifica porque temos uma âncora fortíssima que é Fátima, com sete milhões de peregrinos por ano. Para além disso, é uma região onde há um enorme património classificado, com muitos visitantes por ano, e há outras áreas como o turismo das ondas, com muita expressão”. O autarca sublinhou ainda que “para quem não sabe, há muitos empresários com aeronaves privadas a aterrar em Monte Real, porque somos claramente uma região internacionalizada em termos empresariais, mas precisamos de ser apoiados com estruturas, com apoios para formar e receber pessoas para trabalhar, com mais de um milhar de estudantes internacionais só em Leiria”.
Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé, falou do processo de internacionalização do Grupo e das particularidades de entrar em novos mercados internacionais. “No caso do Vila Galé, o processo de aprendizagem no Brasil não foi fácil, até por coisas simples como a comunicação, mesmo falando do Brasil, porque as expressões não são as mesmas, mas, como já existia algum conhecimento de operadores europeus a operar neste país, o Grupo achou que seria uma boa aposta, «e que conseguiríamos levar turistas da Europa para lá”, disse o responsável.
O administrador destacou ainda os desafios permanente como “as diferenças significativas na cultura, a forma de lidar com os fornecedores e tudo tratado localmente e não nacionalmente /regionalmente, com três tipos de legislação que impactam na concretização de negócios e parcerias”, No entanto, realça que “é um mercado interno gigante, de 60 ou 70 milhões, em que vale a pena apostar com produtos diferenciadores e inovadores”.

Na intervenção de Luís Araújo, o presidente do Turismo de Portugal, destacou a aposta numa promoção de Portugal que é mais do que falar de um país só para visitar: “Promovemos Portugal como algo muito maior, um país inclusivo, onde vale a pena investir, viver, estudar, comprar segunda residência, e que merece mais do que uma visita”.
O dirigente apontou igualmente a necessidade de estar permanentemente a antecipar tendências e a encontrar oportunidades para servir qualquer pessoa, com qualquer objetivo: um turista, um investidor, ou quem queira vir viver para cá. Por isso, tem sido muito importante a promoção feita em meios digitais: “Em 2018 conseguimos impactar 170 milhões de pessoas de forma digital, com uma campanha feita em países por todo o mundo. Criámos mais de 150 vídeos/conteúdos”, acrescentando que Portugal é já um exemplo de benchmark para outros destinos.






















































