Por Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal
A competitividade de Portugal no exigente cenário do turismo global dependerá, cada vez mais, da nossa capacidade de alicerçar a criação de valor numa base inquestionável. A sustentabilidade, social e ambiental, é essa nova fronteira da competitividade, que exige de todos nós decisão e ação consistentes para estabelecermos nesta matéria um fator decisivo de diferenciação positiva.
No Turismo de Portugal essa ação levou à implementação de políticas e programas que incentivam todo o ecossistema do turismo em Portugal a incorporar os vários níveis da sustentabilidade na governação das empresas, por forma a que a transformação que precisamos aconteça nos três pilares das políticas ESG: ambiente, social e governação.
Temos de ter sempre presente que o turismo é positivo, na medida em que é bom para visitantes e residentes, pelo que temos de ser capazes de fazer desta atividade um catalisador de impactes positivos nos territórios, no ambiente e nas comunidades. Construir um turismo inclusivo, sustentável e responsável não é mais uma opção, antes uma condição para a construção de um futuro melhor, com a consciência que residentes e viajantes fazem parte do mesmo propósito, um propósito que deve buscar equilíbrios. Equilíbrios entre pessoas, entre territórios, do litoral e do interior, entre turismo, cultura e natureza.
o turismo é positivo, na medida em que é bom para visitantes e residentes, pelo que temos de ser capazes de fazer desta atividade um catalisador de impactes positivos nos territórios, no ambiente e nas comunidades
Esta é uma evolução estratégica que está em sintonia com as tendências da procura global, que valorizam destinos com base no seu compromisso ativo com a proteção do património – património ambiental, social, histórico e cultural. Para Portugal, que tem nestes eixos argumentos fortíssimos, esta é uma oportunidade estratégica que devemos aproveitar.
Foi para materializar esta visão que o Turismo de Portugal desenvolveu, entre várias outras iniciativas, o Programa Empresas Turismo 360º, uma iniciativa pioneira desenhada para capacitar o tecido empresarial a integrar os princípios ESG na sua atividade. O programa funciona como um catalisador que fornece às empresas as ferramentas e o conhecimento necessários para medirem, gerirem e melhorarem o seu desempenho. No fundo, visa promover práticas responsáveis nos pilares ambiental, social e da governação, assegurando às empresas melhores condições de acesso ao financiamento, otimização da eficiência, e um desempenho financeiro mais sustentável.
Com o apoio de ferramentas como a FOREST – Ferramenta Organizacional e Reporte da Sustentabilidade no Turismo –, associada ao programa Empresas Turismo 360º, as empresas podem não só otimizar a sua operação, mas também comunicar o seu compromisso de forma credível, o que as qualifica para obter o selo “Sustainability Engaged”.
Este esforço coletivo extravasa a esfera individual de cada empresa e contribui diretamente para o desígnio nacional de promover uma gestão cada vez mais inteligente dos territórios. Ao capacitar os agentes no terreno, estamos a construir, de forma colaborativa, um território mais qualificado, competitivo e, acima de tudo, mais sustentável.
O nosso desígnio é garantir que o turismo deixa uma pegada deliberadamente positiva nas comunidades e gera um legado de valor partilhado.
É uma sustentabilidade que se quer completa, que alia à responsabilidade ambiental um forte compromisso social e uma estratégia de governação empresarial que, sendo cada vez mais capaz de gerar valor, promova o bem-estar das populações e a coesão do território. O nosso desígnio é garantir que o turismo deixa uma pegada deliberadamente positiva nas comunidades e gera um legado de valor partilhado.
Desta forma, a sustentabilidade, ambiental, social e de governação, abandona o plano das ideias e dos conceitos abstratos para se converter numa prática diária, concreta e mensurável no seio das nossas empresas. É esta transformação no terreno que efetivamente protege o nosso património e promove a coesão nacional, enquanto qualifica e enriquece a experiência de quem nos visita hoje.
Em última análise, o nosso objetivo reside em garantir que o turismo se consolida como uma força motriz de transformação positiva da nossa sociedade e de crescimento da nossa economia, que atua como um pilar para a coesão nacional e como um guardião que protege e valoriza os recursos que tornam o nosso território único. O que pretendemos é edificar um setor que seja um motivo de orgulho partilhado por todos os portugueses e uma inspiração para quem nos visita, de modo a posicionar Portugal entre os lugares cimeiros da competitividade turística mundial. Este é um dos nossos desafios mais exigentes, mas é também a nossa mais determinada e ambiciosa visão para o futuro do turismo no nosso país.
Este artigo foi publicado na edição 354 da Ambitur.




















































