Este ano, a 18 de abril, dia dedicado aos monumentos e sítios, o tema é “Desporto um Património Comum”, o que de imediato faz recordar a febre da destruição de património face à implementação de elementos inovadores e ao desenvolvimento de práticas desportivas saudáveis entre a população. Falamos, por exemplo, da substituição rápida das linhas férreas históricas por ciclovias. Os sítios natureza destas linhas históricas são fantásticos – enquanto não se constrói uma barragem -, e apreciar a paisagem enquanto se desgastam calorias é uma ideia muito estimulante, muito atrativa.
Mais uma vez, é a ansia provocada pelo aproveitar de fundos comunitários criando, assim, grandes ‘elefantes brancos’. Vejamos: retirou-se o comboio por ser incomportável manter, mesmo para fins turísticos. Demasiado caro para continuar. As soluções de quem gritava para que se mantivessem e se transformassem em projetos
de continuidade, não foram ouvidas. Inúteis. Foi mais fácil criar algo que rapidamente pudesse atrair pessoas e que as movimentasse para locais com problemas territoriais à procura de soluções para o seu desenvolvimento.
Claro que não há objeção à inovação dos territórios e à implementação de novas soluções que acompanhem a passagem do tempo. Mas há objeção a soluções não pensadas, não refletidas, soluções que avançam apenas porque “está na moda”.
A sustentar este ponto de vista está, por exemplo, o último acidente ocorrido há bem pouco tempo numa destas ciclovias, que obrigou os bombeiros a percorrer, a pé e com a maca às costas, 4km para socorrer uma pessoa acidentada. A ambulância não chegava ao local. Saídas e outros acessos, nem vê-los. Felizmente foram apenas
4km, podiam ter sido 10 km ou mais.
E por falar em património histórico ferroviário, será que podemos esquecer a Ponte Maria Pia no Porto? Será que no seu lugar estarão, em breve, apenas os seus pilares e um grande vazio?
Por Isabel Freitas
Docente e investigadora de Turismo e Património da Universidade Portucalense
