A Ambitur.pt tem estado ao lado do setor da Hotelaria em Portugal, seguindo tendências, anunciando novidades, acompanhando mudanças. Hoje trazemos-lhe mais uma rubrica, desta feita procurando a visão das mulheres que escolheram o mundo dos hotéis para o seu percurso profissional. Como é ser mulher nesta indústria? É o que procuramos saber com “Hotelaria no Feminino”. Falamos desta vez com Ana Espregueira Mendes, Cluster Director Of Sales and Marketing no InterContinental Porto – Palácio das Cardosas e do Hospes Infante Sagres. A profissional acredita que o setor hoteleiro tem evoluído e criado espaço para o talento feminino. E não nega que a visão feminina traz “um rigor distinto, com foco no detalhe, organização e dedicação”.
É difícil ser mulher na hotelaria em Portugal nos dias de hoje? Observa alguma evolução desde o seu primeiro emprego no setor?
Ser mulher na hotelaria continua a ser um desafio, especialmente em determinadas funções, como nas áreas de Revenue e Food & Beverage (F&B) onde a predominância masculina ainda é muito visível. No entanto, sinto uma evolução positiva desde que comecei a trabalhar no setor. Atualmente, já é
possível verificar mais oportunidades para as mulheres, embora o caminho ainda esteja a ser trilhado.
Quando começou a trabalhar no setor hoteleiro e onde?
Diria que o início da minha carreira foi em 1986, como Assistente do Controlador de receitas no Sheraton Porto hotel, pois foi esta experiência inicial que me abriu portas para o mundo da hotelaria e me motivou a seguir este caminho.
O que a motivou a trabalhar na hotelaria?
A escolha pela hotelaria foi quase acidental. Na época, quando terminei o 11º ano, as opções eram limitadas a cinco áreas. Sem saber ao certo o que fazer, decidi fazer um estágio no departamento financeiro do atual Crowne Plaza Porto, antigo Meridien, que estava a abrir portas. Esse estágio foi determinante para descobrir o meu interesse pelo setor.
Qual a sua função no hotel em que trabalha? Desde quando ocupa esse cargo? E como é o seu dia a dia?
Sou diretora de Vendas e Marketing no InterContinental Porto há 13 anos. Mais recentemente, desde julho de 2022, abracei também o desafio de liderar também o departamento de vendas do Hospes Infante Sagres. O meu dia a dia é muito dinâmico, especialmente por trabalhar com dois hotéis de marcas diferentes, o que exige bastante criatividade. A minha rotina envolve gerir uma equipa de cerca de 12 pessoas, e estar constantemente à procura de novas oportunidades para manter a “máquina” a funcionar, sempre com o olhar no futuro.
Alguma vez sentiu, ao longo da sua carreira, mais dificuldade em aceder a determinado cargo/função por ser mulher? Considera que ser mulher é um fator que dificulta o crescimento profissional?
Em alguns setores da hotelaria, é notória a facilidade com que os homens têm acesso a oportunidades, No meu caso, e na área de vendas e marketing, não senti essa dificuldade, uma vez que é uma função tradicionalmente ocupada por mulheres. No entanto, reconheço que noutras áreas as barreiras para as mulheres são mais evidentes.
Na sua opinião, há um equilíbrio ou desequilíbrio no número de mulheres versus homens que trabalham no setor? De que forma isso se verifica – nos cargos exercidos, nos salários oferecidos? E por que razão considera que é assim?
Na minha experiência, não acredito que haja uma disparidade salarial no setor onde trabalho, ou que uma mulher ganhe menos do que um homem apenas pelo facto de ser mulher. No entanto, não tenho acesso a todos os dados que possam confirmar isto, sendo que alguém da área de Recursos Humanos estaria mais capacitado para responder de forma mais detalhada. No que toca a oportunidades, ainda há uma menor representação feminina em determinadas áreas, mas o setor tem vindo a evoluir e a criar mais espaço para o talento feminino.
No seu hotel quem está em maioria – mulheres ou homens? E na equipa onde trabalha?
Há uma presença feminina bastante marcada, o que considero uma vantagem para o equilíbrio da operação.
No seu caso pessoal, gosta mais de trabalhar com equipas de mulheres, só de homens ou mistas?
Prefiro trabalhar com equipas mistas. O equilíbrio de género é fundamental para manter uma equipa consistente e harmoniosa, com diferentes perspetivas e habilidades a contribuir para o sucesso do grupo.
É fácil conjugar a sua vida pessoal/familiar com a vida profissional? Sente uma maior pressão em atingir este equilíbrio pelo facto de ser mulher?
Para mim, conjugar a vida pessoal com a profissional tem sido relativamente fácil, no entanto, reconheço que o equilíbrio pode ser mais desafiador para quem tenha outro tipo de responsabilidades familiares.
O que pensa que a visão feminina pode trazer de diferenciador e de positivo ao setor hoteleiro?
A visão feminina traz um rigor distinto, com foco no detalhe, organização e dedicação. A nossa atenção ao pormenor, o brio com que executamos cada tarefa, faz a diferença em muitas áreas da hotelaria. Acredito que certos departamentos, como o de F&B, poderiam beneficiar de uma liderança feminina, pois há aspetos e detalhes que, muitas vezes, só o olhar feminino consegue captar.
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