A Ambitur.pt tem vindo a publicar o resultado de conversas com 25 empresários e profissionais das mais variadas áreas do Turismo, da hotelaria a rent-a-cars, da aviação à distribuição, contando ainda com algumas análises de professores e investigadores. O foco desta reportagem foram os Recursos Humanos, a importância da Formação, a integração das Tecnologias e os desafios que se colocam ao setor. Poderá ler o trabalho na íntegra na edição 328/Março da Ambitur.
A Solférias vive da criatividade que lhe é dada pelos colaboradores que juntam uma série de características: “capacidade, inovação, profissionalismo e conhecimento”. É assim que o diretor do operador turístico, Nuno Mateus, justifica que a Solférias “não consiga viver sem a componente humana nem sobreviver sem a capacidade informática”, pelo que acredita que a “evolução é contínua” e “precisamos de estar em evolução constante”.
O responsável lembra que a atual forma de trabalhar é muito diferente de há 10 anos: “Anualmente, temos uma rubrica elevada para desenvolvimento tecnológico. Aliás, temos um colega que não faz mais nada a não ser desenvolvimentos tecnológicos”. É através desta aposta que a Solférias consegue ter capacidade de resposta: “Fechámos 2019 com uma média de 70% das vendas online. Não teríamos esta capacidade sem o desenvolvimento tecnológico que temos tido”. No entanto, Nuno Mateus declara que a evolução da Solférias deve-se muito ao saber “encontrar o equilíbrio” que existe entre a parte humana e a parte informática.
Relativamente ao setor, o responsável não tem dúvidas de que o turismo já aproveita a tecnologia para inovar e o mercado tem respondido: “Não lidera a tendência informática mas, como o volume de negócio do turismo mundial é tão grande, existem cada vez mais informáticos a dedicarem-se ao turismo”. E, ao olhar para Portugal, “temos várias empresas que são especializadas em turismo e os informáticos são autênticos técnicos de turismo”, afirma, destacando que a tecnologia “não tem um fim à vista e vai até onde a nossa imaginação mandar”.
Para Nuno Mateus, não existe uma profissão do futuro: “Todos nós somos uma profissão do turismo no conjunto”. Embora a automatização seja uma realidade e vá haver cada vez mais uma evolução nesse sentido, com o robô em constante aprendizagem, o responsável é perentório: “Acredito que a tecnologia tem que estar ao serviço do Homem. No dia em que o Homem estiver ao serviço da tecnologia, está tudo invertido e aí teremos um problema grave”.
E os profissionais do turismo saberão adaptar-se à evolução? “É inevitável!”, considera Nuno Mateus, sublinhando que “o turismo, tecnologicamente, é uma atividade evoluída” e é necessário “saber utilizar o digital em nosso proveito para promover a nossa atividade”.
Por seu turno, Portugal está no bom caminho. “A era digital é um facto e o Turismo soube evoluir ao longo dos anos”. Prova disso são as valências do país em termos de marketing digital e promoção turística: “Estamos expostos no mundo inteiro”, declara o responsável, indicando que o país tem “várias especializações” e “não depende de um só produto”. Só com “temáticas fortes” e “diferentes” é que se pode fazer a diferença: “Nesse aspeto, estou muito confiante”, afirma.
A sustentabilidade não foge à regra e Nuno Mateus é perentório ao afirmar que “não podemos falar só no turismo, nem no país: é geral”. As pessoas assumem cada vez mais uma “preocupação ambiental” e, o turismo, “à medida que se vai especializando, temos tido a ganhar ao defendermos o ambiente”. Nestas matérias, Portugal é um bom exemplo: “Temos várias especializações e não dependemos de um só produto.”
“Formação não é algo do futuro. Faz parte do nosso presente”
No que diz respeito aos recursos humanos, Nuno Mateus afirma que, sendo uma “matéria sensível”, a Solférias lhe dá “muita importância e vai continuar a dar”. A visão do responsável é de que o “sangue novo renova o espírito das empresas e, muitas vezes, surgem ideias novas de pessoas que estão cá há muito tempo ou pouco tempo. Quando trabalhamos da mesma forma durante muitos anos, não conseguimos ver que há formas diferentes e mais rápidas e rentáveis de fazer a mesma ação”, afirma o responsável. No entanto, a formação assume um papel preponderante no bom desempenho dos profissionais. “É uma realidade. Aqui na Solférias temos formação constante”, diz Nuno Mateus, acreditando que essa questão “não é algo de futuro” até porque “faz parte do nosso presente”. Mas declara que, para “tornar a formação mais abrangente”, é necessário “melhorar as tecnologias” nesse sentido. No caso da Solférias, o diretor diz que as formações são uma mais-valia para “estarmos mais próximos dos agentes de viagens que, naturalmente, precisam de formação”, conseguindo “ajudar o agente para que ele perceba o que existe a nível de destinos e serviços”. Esta ligação “só é possível através de formação”, remata.
*Este trabalho foi realizado antes da declaração do Estado de Emergência em Portugal




















































