Numa altura em que são já vários os hotéis a anunciar a reabertura, Cristina Siza Vieira, CEO da AHP (Associação da Hotelaria de Portugal), afirma que “não há reservas” e as que existem “são só no papel e não se irão confirmar”. Em entrevista ao jornal Eco, a dirigente associativa esclarece que “a associação acredita mesmo que os turistas nacionais não serão suficientes para compensar a perda de receitas com os hóspedes estrangeiros”.
A responsável não hesita em afirmar que a previsão é a de um verão “muito fraco” no que diz respeito a turistas internacionais. E recorda que “se o mercado interno só representa 30% das nossas dormidas e 40% dos nossos turistas, não chega”, e tal não se verifica apenas no mercado de lazer mas também no de corporate.
Cristina Siza Vieira é perentória: “basicamente até setembro é um ano perdido” e garante que “vai ser um ano de retrocesso muito grande, depois de anos de crescimento muito bons”.
A AHP acredita que “não há ainda empresas de alojamento hoteleiro que tenham encerrado portas com caráter definitivo”. Quanto a reaberturas, alguns já estão a prever fazer uma experiência em junho. “Alguns estão a ter procura por parte do turismo nacional e vão experimentar ver como o mercado se vai comportar nos feriados de junho”, afirma Cristina Siza Vieira. Mas não nega que é um momento muito difícil: “Se pensarmos que os Pestanas são 30 e vão abrir cerca de 10, consegue-se perceber pelo andar da carruagem que vão ser poucos a abrir. E muito vão abrir apenas parcialmente”.
Selo Clean & Safe
A AHP estima que 100% da indústria tenha o selo Clean & Safe e que “vai ser decisivo corroborando a muito boa imagem que Portugal teve na gestão desta crise”. Recordando que não se trata de uma certificação, mas de um compromisso por parte dos hotéis no sentido de cumprirem as normas, a CEO da AHP adianta que “os [hotéis] que não vão ter o selo, ou que optam por não o ter, terão muito mais ‘trabalho’ para convencer o cliente de que também cumprem todas as normas”.
Apoios ao setor
No que diz respeito aos apoios, a AHP confirma a necessidade de extensão do lay-off. Além disso, “é fundamental que haja normas que sejam conhecidas e razoáveis do ponto de vista económico”, frisa Cristina Siza Vieira, porque “As pessoas vão para os hotéis para usufruir” de todos os espaços, como ginásios, piscinas, kids club… “É urgente definirem-se essas normas, porque têm um grande impacto na operação. Precisamos de saber como é que podem abrir esses espaços”.
Preços
Na entrevista ao Eco, a CEO da associação admite que “o preço não vai ser determinante” e que, embora seja natural “um ajustamento dos preços em relação à procura”, não há uma “expectativa de uma quebra brutal de preços”. E adianta: “É preciso mais pessoas, mais equipamentos e mais produtos para limpar um quarto. Portanto, há toda uma série de custos de operação. No fundo, como dizemos, é preciso fazer contas para saber se vale a pena manter o hotel aberto com estes custos que são pesados”.