Em entrevista ao jornal Expresso, este fim-de-semana, Nazaré da Costa Cabral, presidente do Conselho das Finanças Públicas, recorda que “temos de assegurar que a TAP não se transforma num sorvedouro de dinheiros públicos, e sem justificação, para o futuro”. A responsável lembra que o risco é que o impacto da transportadora nas contas públicas nacionais vá além do défice orçamental de 2020, continuando a agravar os défices dos anos futuros.
Nazaré da Costa Cabral explica que o apoio estatal à TAP no Orçamento Suplementar para 2020 tinha “um montante previsto de 946 milhões de euros” mas que pode chegar ao valor autorizado pela Comissão Europeia de 1200 milhões de euros. “Por um lado, não está excluído que seja ainda necessário recorrer a esse remanescente para perfazer esses 1200 milhões de euros. E não sabemos como vai ser em 2021”, diz, em declarações ao Expresso.
E avisa que é fundamental “saber exatamente quanto é que a TAP vai precisar no próximo ano”, o que estará “muito relacionado com o processo de reestruturação em curso”. E adianta: “para lá da questão orçamental, temos de ver a viabilidade da TAP, saber se a TAP é uma empresa viável”.
A presidente do Conselho das Finanças Públicas esclarece que “é expectável que a TAP seja, um dia, pelo menos parcialmente, vendida, para termos um novo parceiro privado a entrar e a injetar também o capital de que a TAP precisa”. E para que seja “vendida de uma forma satisfatória”, Nazaré da Costa Cabral afirma que o plano de reestruturação é essencial “e saber como vai ser bem-sucedido no sentido de caminharmos para uma situação de melhor solidez financeira”.