O setor hoteleiro foi um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19 e Miguel Garcia, diretor regional de Operações Urban Hotels Portugal da Minor Hotels, explica à Ambitur.pt que “esta pandemia trouxe um ajuste na nossa oferta de forma a nos adaptarmos à realidade que vivemos”. Se é verdade que, durante a pandemia, foram várias as áreas dos hotéis que estiveram fechadas, até por falta de procura, como foi o caso dos espaços para grandes reuniões, também é verdade que a palavra adaptação ganhou novos contornos e permitiu a resiliência das unidades hoteleiras em tempos mais difíceis. O responsável esclarece, por exemplo, que “as nossas salas foram também adaptadas para receber reuniões mais pequenas, cumprindo todas as regras de segurança e garantindo o cumprimento do distanciamento social”. Por outro lado, acrescenta, o grupo passou a disponibilizar muitos serviços por via digital através de uma aplicação que permite a consulta de menus, de pedidos de room service ou de marcações para tratamentos no Spa ou refeições.
Além destas adaptações, a Tivoli Hotels & Resorts lançou, o ano passado, um programa especial destinado a clientes que pretendem usufruir das comodidades de uma estadia longa em dois dos seus hotéis em Lisboa e no Algarve, proporcionando-lhes uma experiência que os faz sentir em casa. Trata-se do “Tivoli Homestays“, que inclui uma estadia de 15 noites com vários serviços, incluindo tratamentos de spa e um voucher para gastar nos serviços de restauração do hotel. Este programa possibilita uma experiência residencial urbana no Tivoli Avenida da Liberdade e uma experiência residencial de resort no Tivoli Marina Vilamoura. “O teletrabalho veio trazer uma mobilidade física que permite trabalhar a partir de qualquer localização geográfica e fazê-lo a partir de um hotel permite usufruir de todas as suas facilidades, combinando trabalho e lazer”, frisa Miguel Garcia.
Além destas apostas, o grupo hoteleiro também decidiu investir na formação online, numa altura em que grande parte da equipa se encontrava em teletrabalho ou em lay-off. O objetivo foi mesmo dar continuidade ao plano anual de formação já existente, com vários cursos em diferentes áreas, e manter as equipas ativas e motivadas para a retoma. “Investimos em formação durante todo este tempo, de forma a que, quando regressarmos a 100%, estaremos ainda mais competitivos com nosso maior ativo – as nossas equipas” sublinha o responsável.
O gestor reconhece que o setor atravessa uma fase “extremamente difícil” e que “não é o momento para fazer grandes investimentos”, exceto os que são necessários para a boa conservação dos hotéis e equipamentos. Foi isso que o grupo hoteleiro fez, nomeadamente as obras na cozinha do novo restaurante Yakuza do “restaurateur” Olivier, no Hotel Avani, em Lisboa; e ainda a pintura de frescos no Tivoli Palácio de Seteais. “Nunca deixámos de fazer a manutenção necessária para que nenhum dos nossos ativos se deteriorasse durante os meses de encerramento temporário”, garante o responsável.
Miguel Garcia não tem dúvidas de que “o sucesso está em continuar a oferecer o que nos diferenciava antes da pandemia: serviço de excelência, ótimo produto e sempre antecipar as necessidades dos clientes e garantir que se sente em segurança dentro das nossas unidades”. E acredita que é em momentos como este “que as marcas e a gestão mostram a sua verdadeira qualidade”, sendo assim particularmente importante “mostrar aos nossos clientes que nada abalou a nossa qualidade e que temos o melhor plano de segurança em todas as nossas unidades”. Esta é, segundo o diretor regional de Operações, “a chave para reforçar a confiança dos clientes”.
Num momento em que a procura já começa a sentir-se, Miguel Garcia está convicto de que, para os próximos meses, esta procura virá sobretudo do mercado interno e dos mercados europeus de proximidade que possam viajar de carro, como é o caso de Espanha e França. As expectativas de retoma do mercado inglês também são significativas mas, nos mercados de longo curso, como o americano e brasileiro, “só prevemos uma verdadeira recuperação a partir do terceiro trimestre”.