A AHRESP realizou ontem, dia 20 de abril, uma conferência dedicada ao “Mercado de Trabalho: Que profissionais teremos amanhã?“, no Salão Nobre da Alfândega do Porto. Empresas, especialistas, decisores, mas também estudantes e futuros trabalhadores juntaram-se para debater temas como Práticas no Mercado de Trabalho europeu; Como Atrair e Reter Profissionais; ou os Condicionalismos na Contratação.
A AHRESP recorda que já antes da pandemia tinha identificado a falta de cerca de 40 mil trabalhadores, em Portugal, nos setores do alojamento turístico e da restauração e bebidas. Um cenário que se agravou e que fez com que, em 2021, o canal HORECA tivesse perdido 76.300 trabalhadores face a 2019, com menos 16.100 trabalhadores no alojamento turístico e menos 60.200 na restauração e similares.
A verdade é que estamos perante uma escassez generalizada de trabalhadores disponíveis para exercer atividade no Alojamento Turístico e na Restauração e Bebidas, de natureza conjuntural, mas também estrutural, problema que também é sentido a nível europeu.
Foram assim várias as conclusões retiradas deste evento, desde logo começando por se sublinhar que as empresas do Alojamento Turístico e da Restauração e Bebidas devem procurar empreender estratégias criativas para atrair e reter profissionais, que devem ir para além da retribuição e que podem passar por sistemas de avaliação, práticas de reconhecimento, garantias de progressão na carreira e a uma melhor conciliação entre vida profissional e vida familiar. Além disso, diz a associação, o valor da retribuição deverá ter sempre em consideração os ganhos de produtividade, fruto do desempenho individual do trabalhador, mas também do desempenho coletivo ao nível de toda a estrutura empregadora.
Por outro lado, apontou-se a necessidade de criar um ambiente mais favorável ao funcionamento das empresas, nomeadamente por via da redução de encargos fiscais, nomeadamente aqueles diretamente relacionados com o trabalho. E de uma melhor e mais adequada gestão da organização do tempo de trabalho, um fator que gera maior produtividade, o que aumenta a disponibilidade financeira para que as empresas possam proporcionar melhores condições de trabalho.
Além disso, concluiu-se que devem ser promovidas iniciativas e mecanismos ao nível da dignificação e da valorização das profissões, para o que pode contribuir uma redenominação das categorias profissionais e uma adequação dos seus conteúdos funcionais, por forma a adequá-los à realidade atual e às exigências das nossas atividades.
E considerou-se urgente uma aposta séria e estruturada na qualificação dos trabalhadores do turismo, promovendo-se um sistema de ensino dual, complementando a aprendizagem com a experiência prática.
Ainda ao nível da formação, a aposta deverá ser o desenvolvimento e implementação de um programa de formação de início de carreira, de curta duração, para as categorias profissionais mais carentes de mão-de-obra qualificada e que, desta forma, facilitem o acesso à profissão. Estas formações devem ser divulgadas e promovidas junto de desempregados e de ativos de outras áreas de atividade que desejem iniciar uma carreira nas empresas de Alojamento Turístico e de Restauração e Bebidas;
Abordando a questão da imigração, a AHRESP refere que esta pode e deve ser encarada como fazendo parte da solução, desde que de forma organizada e com garantia de condições dignas, de trabalho e de vida. Para isso, o poder público deverá ainda rever os atuais mecanismos de legalização para trabalhadores por conta de outrem e de reconhecimento de habilitações, que devem ser agilizados;
Por fim, concluiu-se ser fundamental a elaboração de um “Livro Verde do Mercado do Trabalho HORECA”, para, de forma clara e precisa, se identificar as atuais carências do Mercado, quer em termos de quantidade de recursos humanos, quer em termos da sua qualificação, pois só desta forma é possível identificar as melhores e mais adequadas soluções.