A Entidade Regional do Turismo do Alentejo e Ribatejo investiu cerca de 350 mil euros no projeto “Organização, Estruturação e Promoção Empresarial do Enoturismo no Alentejo e Ribatejo”, com o objetivo de “promover e qualificar o enoturismo” e “contribuir para o desenvolvimento da região”.
Na sessão da apresentação dos resultados do projeto, que decorreu esta quinta-feira na ViniPortugal, no Terreiro do Paço, o presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo, António Ceia da Silva, sublinhou a importância da “grande colaboração entre as Comissões Vitivinícolas do Alentejo, do Tejo e, ainda, da Associação de Produtores da Costa Alentejana” para este trabalho. Para o dirigente, o projeto só faria sentido com a “cooperação entre aqueles que possuem o know how na área” e “aqueles que têm uma forte componente com os produtores”.
No entanto, este trabalho trouxe desafios para o futuro como a necessidade de “melhorar e qualificar aquilo que existe”. O projeto teve a duração de dois anos (entre 2016 e 2018) e levou à realização de 10 workshops, onde foi possível “fazer críticas construtivas aos produtores e ao enoturismo” com o objetivo de “melhorar o seu serviço”.
O projeto levou ainda ao desenvolvimento de um conjunto de materiais promocionais como filmes promocionais temáticos e guias que posicionam a região do Alentejo e Ribatejo como um dos melhores destinos de enoturismo. Os guias estão divididos em dois volumes: um dedicado ao Alentejo e o outro à região do Tejo. Os dois volumes contam com descrições pormenorizadas de cada produtor, informação relativa às castas e, ainda, referências históricas sobre a família e o património do produtor, para além de informação geral sobre a oferta enoturística da região.
Com um sucesso considerável, a ERT vai apostar na presença nas feiras do livro de Lisboa e Porto, eventos que podem receber mais de 800 mil pessoas. “É uma oportunidade excelente para promover e vender este Guia aos interessados”, considera António Ceia da Silva. Para além das feiras, o Guia vai estar disponível nas livrarias como a FNAC ou a Bertrand. Outra colaboração “muito especial” para este Guia veio da TAP. “Conseguimos que a companhia aérea esteja com os guias em três rotas que são muito importantes como os EUA, Canadá e Brasil”, indicou.
“A sinalética é uma necessidade”
Sobre o Alentejo, Francisco Mateus sublinhou a importância deste projeto para a criação de Manual de Boas Práticas. O presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) diz que “a análise feita às mais de 70 unidades aderentes à Rota dos Vinhos do Alentejo” contribuiu para a criação deste manual, ao mesmo tempo que serviu para “fazermos uma recomendação de melhorias em cada enoturismo analisado”.
Francisco Mateus não tem dúvidas em afirmar que, dentro do que foi traçado para o projeto, “o objetivo foi cumprido”. No entanto, dentro do quadro de melhorias, o responsável máximo da CVRA destacou a sinalética existente, tendo, no âmbito deste projeto, avançado “para um estudo com vista à melhoria da sinalização rodoviária”. A razão para esta melhoria tem a ver com “uma situação identificada nos workshops que fizemos com os produtores: muitas vezes, os turistas chegavam e não tinham ajuda para os fazer chegar a cada unidade”. E esta melhoria da sinalização reveste-se de maior importância quando, em 2018, se registaram 163 mil enoturistas no Alentejo, mais 13% do que em 2016”, aquando do arranque do projeto. Já iniciada, a melhoria da sinalização espera que o próximo projeto “passe para a sua implementação”.
Também Luís de Castro se mostrou preocupado com a sinalética da sua região. O presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVRTejo) apontou o “dedo” à Infraestruturas de Portugal, que coloca “entraves” à implementação do projeto “no terreno. Esperemos que este obstáculo seja ultrapassado com a ajuda do Turismo de Portugal”, indica o responsável, considerando que o enoturismo é “uma aposta certa do turismo nos próximos anos” e o projeto “foi um pontapé de saída. O caminho já está lançado”, sublinha.
Carlos Trindade apontou o caminho da “formação das pessoas no setor. Ainda nada está feito”, diz. O presidente da Associação de Produtores de Vinho da Costa Alentejana diz que é necessário “centrarmo-nos na melhoria da formação das pessoas que vão estar e que estão nos enoturismos”, ao mesmo tempo que todo o setor tem de ser capaz “de operacionalizar o trabalho que foi feito. É preciso termos mais linhas de Valorização do Portugal 2020 ou 2030: “a Linha de Valorização do Interior tem de ser adaptada e há intenções de investimento por parte dos produtores”, insiste o responsável, que acredita que “este projeto vem dar luz verde para avançarmos” nesse sentido.
Com uma vasta experiência na área do enoturismo, Maria João de Almeida foi o elemento que impulsionou todo o projeto. Nas palavras da jornalista e crítica de vinhos, “foi um desafio muito interessante. O espírito de entreajuda foi essencial para me ajudar a fazer o trabalho”.
O projeto “Organização, Estruturação e Promoção Empresarial do Enoturismo no Alentejo e Ribatejo” contou com uma equipa composta por três jornalistas (incluindo Maria João de Almeida), quatro fotógrafos, um designer e um tradutor especializado na área do vinho em inglês e português.
Para a investigadora, o Alentejo tem um “imenso potencial” e com “projetos super dinâmicos” que são fundamentais para “incentivar outras regiões”. Maria João refere ainda que, das várias viagens que fez pelo mundo, “os nossos enoturismos são dos melhores que já vi”.
A jornalista deixa assim o repto: “Temos de acordar e apostar na divulgação e na comunicação”. O Alentejo tem “potencial” e Portugal pode “ser um dos melhores países de enoturismo do mundo”, remata.