Os resultados globais do turismo nacional no verão de 2020, tal como esperado, vão ser inferiores aos de 2019 tendo em conta o cenário atual. A previsão é confirmada na 62ª edição do Barómetro do Turismo do IPDT.
Em termos internacionais, a retoma deverá acontecer até ao final de 2021, de acordo com aproximadamente 80% dos respondentes. Destaque para que metade destes inquiridos que acredita mesmo que o retorno irá ocorrer até ao verão de 2021. De forma geral, o painel acredita que a retoma será mais rápida a nível interno.
O nível de confiança médio no desempenho do turismo atingiu, em julho, os 47,3 pontos, um decréscimo acentuado face ao último registo de fevereiro de 2020 (79,5). Segundo membros do painel, o ambiente de incerteza e de mudança constante, a exposição do setor à evolução da pandemia e os avanços e recuos na mobilidade, são fatores que vão impactar o desempenho do turismo no verão de 2020. Contudo, e de acordo com os respondentes, o valor do índice de confiança reflete a dúvida nas condições de evolução do setor e não na qualidade das infraestruturas ou na capacidade dos agentes do turismo.
Os membros do Barómetro apontam uma diminuição considerável da procura turística externa em 2020, acreditando na retoma acentuada a partir de abril de 2021 . Estes, são ainda unânimes a considerar que a procura turística interna irá manter-se muito próxima dos níveis registados em 2019. Apesar da crise de confiança que afetou o setor das viagens, o painel acredita que os portugueses vão continuar a viajar dentro do país.
No conjunto das opiniões, alguns membros são mais otimistas quanto a mercados como o espanhol, o francês e o holandês, ainda que não representem a maioria. No que concerne ao mercado espanhol, um em cada cinco dos respondentes acredita ser possível alcançar – nos últimos seis meses de 2020 – resultados iguais ou superiores aos registados por este mercado no período homólogo de 2019.
Os destinos de natureza (34%) e de praia (31,4%) vão liderar as escolhas dos destinos para as férias de verão em 2020. A saúde e bem-estar (10,1%) também estará no topo dos fatores que vão ter maior influência na escolha do destino.
O crescimento da procura por destinos de natureza e menos massificados devem ser as principais tendências de viagem para o verão 2020, em que a segurança sanitária terá um peso considerável na decisão de viagem.
Nível de Confiança
O nível de confiança médio no desempenho do turismo atingiu, em julho de 2020, os 47,3 pontos: um decréscimo de 40 pontos face ao último registo de fevereiro de 2020. Segundo alguns membros do painel, o ambiente de incerteza e mudança constante, a exposição do setor à evolução da pandemia e os avanços e recuos na abertura das fronteiras, são fatores que vão impactar negativamente o desempenho do turismo no verão de 2020.
Perspetiva de evolução – indicadores
Questão: Comparando com os últimos seis meses, como espera que evoluam os seguintes indicadores nos próximos seis meses?
Para o 2º semestre de 2020 prevê-se que a procura turística externa e a atividade do turismo registem uma forte diminuição. Em relação às viagens internas, as opiniões dividem-se. Além disso, o painel também acredita que a carga fiscal e o endividamento das empresas vão aumentar.
Questão: Como perspetiva a evolução do turismo nacional nos mercados abaixo no verão de 2020, face ao período homólogo?
Em média, os principais mercados internacionais deverão diminuir mais de 90% face a 2019. A exceção deverá ser Espanha, sendo que cerca de 16% dos inquiridos acredita que o verão de 2020 poderá vir a ter um registo similar ao verão de 2019. A proximidade e a gestão da crise sanitária em Portugal podem ser fatores decisivos para motivar os espanhóis a viajarem para o nosso país.
Na ótica do painel, os Estados Unidos da América e Itália são alguns dos mercados que vão registar uma maior diminuição na procura pelo destino Portugal, no verão de 2020.
Questão: Qual a sua expectativa para a retoma do turismo internacional?
Assumindo que o turismo será afetado por levantamentos faseados das restrições, o painel acredita que o arranque das viagens internacionais poderá iniciar-se durante o primeiro semestre de 2021. A possibilidade da descoberta da vacina, o progressivo conhecimento do vírus e a maior familiarização com as formas de proteção são fatores que vão influenciar a retoma.
Questão: Qual a sua expectativa para a retoma do turismo interno?
A nível do turismo interno, e ao contrário do cenário internacional, o Barómetro acredita que a recuperação será relativamente mais rápida. Por esta razão, os portugueses vão ter um peso significativo na retoma dos negócios do turismo.
Fatores que mais influenciam a escolha do destino de viagem
Questão: Neste verão de 2020, qual deverá ser o principal motivo da escolha do destino para o período de férias?
Os destinos de natureza e os destinos de praia (sol e mar) deverão ser a principal escolha dos turistas para o verão 2020. A saúde e o bem-estar serão também fatores decisivos na escolha dos viajantes.
Áreas do turismo com maiores alterações
Questão: Quais as áreas em que irão existir maiores alterações no turismo, pós covid-19?
A procura por destinos de natureza e bem-estar e a menor massificação dos destinos são os elementos que vão sofrer maior alteração no período pós-covid, segundo a perspetiva dos respondentes. Seguem-se a diminuição das viagens de negócios (14,8%), a maior procura por destinos sustentáveis (12%) e a maior procura por tarifas refund e seguros de viagem (10,3%). Destaque também para a crescente preferência por destinos e empresas certificadas (8,9%).
Os dados foram obtidos através de um inquérito a 169 membros, obtendo-se 76 respostas, no período entre 8 e 15 de julho de 2020.