A pandemia da Covid-19 afetou os vários subsetores do turismo e a Ambitur.pt tem estado a falar com as principais associações do turismo para conhecer de perto as suas preocupações e maiores desafios perante este novo contexto. Luís Correia da Silva, presidente do CNIG – Conselho Nacional da Indústria do Golfe, reconhece que perante estes “tempos de exceção” o Governo tem tentado apoiar a atividade e a sustentabilidade económica e financeira das empresas, apostando em três eixos: linhas de crédito, negociação de moratórias aos pagamentos/dívidas com as instituições bancárias e outras entidades públicas, e concessão de apoios à manutenção dos postos de trabalho. Mas “o conjunto do montante dos apoios é manifestamente insuficiente e, por vezes, desajustado no tempo à situação e dificuldades sentidas pelas empresas, em particular das proprietárias e gestoras de campos de golfe”, critica.
As empresas de golfe nacionais foram, segundo o dirigente do CNIG, “das mais impactadas pelas consequências da pandemia no turismo”, estando praticamente sem receitas significativas desde novembro de 2019, e sem expectativa de as voltar a ter antes de setembro de 2021. “Mas têm sempre de continuar a manutenção dos campos, mesmo quando estes estão encerrados, o que acarreta, mensalmente, elevados custos de operação”, lembra.
Por isso, “há muito que a indústria de golfe nacional dá sinais de exaustão e tenta sobreviver com os poucos ou nenhuns recursos que ainda tem disponíveis e com os parcos apoios à manutenção do emprego que foram facultados”, refere Luís Correia da Silva. Será pois fundamental, indica, que as medidas em vigor de apoio à sustentabilidade económica e financeira das empresas de golfe se mantenham por um período mínimo até abril de 2022. E aqui detalha que essas medidas devem incidir sobretudo sobre os apoios à manutenção dos postos de trabalho e à tesouraria, e a reposição imediata da taxa de IVA do golfe nos 6%, “desejavelmente de forma definitiva”. “Esta medida é estrutural e é há muito reclamada. Teria um impacto imediato nas disponibilidades de tesouraria e na gestão de cash flow das empresas”, sublinha o responsável. Além disso, adianta que seria também “muito importante” que o Governo tivessem em conta a “absoluta necessidade” do prolongamento das moratórias, bem como concretizasse “uma medida já várias vezes anunciada, de viabilização de medidas de apoio à recapitalização das empresas turísticas em geral e do golfe em particular”.
Luís Correia da Silva admite que os meses de abril e maio estão praticamente perdidos, em termos de reservas de golfistas estrangeiros, tanto no alojamento como no golfe, no rent-a-car e mesmo na restauração. Deste modo, as empresas e os campos devem “preparar, o melhor possível, os meses de junho (ainda incerto face à evolução recente da pandemia e ao regresso a medidas restritivas impostas em vários países), setembro e outubro de 2021 para receber os golfistas estrangeiros”, em particular os britânicos, “que estão ávidos de voltar a jogar nos campos nacionais”. Isto admitindo que as autoridades nacionais possam levantar as exigências de quarentena no regresso, substituindo-a pela aceitação de certificados de testagem e/ou vacinação, como, aliás fez o Governo do Reino Unido recentemente em relação a cidadãos que viajem à partida de Portugal, retirando o país da “Lista Vermelha”.
O presidente do CNIG confirma que já por várias vezes esta entidade sinalizou a necessidade de o Turismo de Portugal concretizar uma campanha promocional no Reino Unido, e em outros mercados prioritários, para atrair golfistas estrangeiros, assim que o levantamento das restrições à circulação entre países seja anunciado, e que as companhias aéreas possam retomar os voos de e para Portugal. E explica que, neste momento, as empresas e campos de golfe não têm recursos para investir em campanhas ou ações de promoção o exterior, sendo que “a prioridade deve estar centrada na revisão destas exigências ou na sua adaptação/ajustamento e na captação de reservas e atração de jogadores estrangeiros, em particular do Reino Unido mas não só, (Alemanha, Escandinávia, França, Irlanda são também mercados fundamentais), para jogarem nos campos, no Continente e Ilhas, o mais cedo possível”.
Adianta ainda que o CNIG sabe que o Turismo de Portugal tem mantido contactos com operadores turísticos de golfe e com as companhias aéreas no sentido de preparar o retorno de turistas golfistas logo que isso seja possível “por isso julgamos estarem agora criadas as condições mínimas para que essa campanha possa ser preparada e de imediato concretizada”, diz.