Num setor onde a maioria do tecido empresarial é dominado por micro, pequenas e médias empresas, a consolidação, através de fusões ou aquisições, ou parcerias são cada vez mais uma opção. Falámos com alguns Conselheiros Ambitur e procurámos saber se o setor está a caminhar para esta consolidação, que vantagens e desvantagens este processo pode trazer às empresas e que dificuldades terão de enfrentar pelo caminho. Conheça a perspetiva de José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group.
Qual a necessidade de consolidação do negócio turístico em Portugal?
Considerando as alterações do modelo de negócio turístico, designadamente na distribuição e venda, as necessidades de consolidação para termos empresas competitivas e não excessivamente dependentes de alguns parceiros tecnológicos são enormes.
Que vantagens e desvantagens aponta para uma consolidação empresarial?
A consolidação obriga à partilha da gestão e encontrar pontos comuns e de consenso e nem sempre isso é fácil, mas a grande vantagem é ganhar escala que permite gerir todas as áreas de comercialização e de backoffice de forma muito mais eficiente por quarto ocupado.
O que tem dificultado este caminho, quais os principais desafios?
Falta de capital em Portugal e uma legislação fiscal que não facilita as operações de consolidação. Além disso, por tradição somos muito individualistas e por isso preferimos ser pequenos mas ter 100% do que maiores mas ter de partilhar capital e decisões.
As parcerias são uma opção?
As parcerias podem ser uma das opções mas não são a única. Mas podem ser um facilitador.
Este será o grande salto para uma maior competitividade? Em que áreas?
Este pode ser o salto para a competitividade nas áreas de Revenue Management, gestão de OTA´s, vendas por canais diretos, e também nas diferentes áreas de backoffice, financeira, logística, compras, RH, IT …Ou seja, há diversas áreas onde se pode ganhar muita competitividade se houver escala.
No seu entender, estamos mais perto de uma aceleração a este nível?
Não vejo muitos sinais para esta aceleração, até porque não se tem assistido à separação entre detentores de património hoteleiro (fundos) e gestores/ operadores das unidades. Ao contrário dos mercados internacionais em Portugal, um fundo que detém unidades imediatamente cria uma estrutura para gerir essas unidades. Não é isso que acontece com os fundos financeiros internacionais de maior dimensão.