A associação que representa as Termas em Portugal divulgou esta semana os números da atividade do setor no primeiro semestre de 2021. “São resultados preocupantes para a saúde dos portugueses, uma vez que, apesar de refletirem uma ligeira recuperação em relação a 2020, demonstram que a atividade termal está ainda muito longe dos números registados no primeiro semestre de 2019”, alerta a associação num comunicado.
Se no final de 2020 os números refletiam uma perda de mais de 75 mil clientes e de perto de 9 milhões de euros de faturação face a 2019, o número de clientes que fizeram Termas no primeiro semestre de 2021 é 76% inferior a igual período de 2019 e o volume de faturação regista perdas de 72,2%, indicam os dados partilhado pela Associação das Termas de Portugal.
Para o presidente da Associação das Termas de Portugal, Victor Leal, “estes números preocupantes refletem a atuação discriminatória e errática do Governo relativamente ao enquadramento das Termas nas medidas aplicáveis no âmbito da atual pandemia”. Discriminatória, justifica o responsável, “porque as Termas foram a única tipologia de unidades prestadoras de cuidados de saúde com obrigatoriedade de encerramento, o que aconteceu durante 193 dias: entre 18 de março e 15 de junho de 2020 e entre 15 de janeiro e 1 de maio de 2021”. E errática pelo facto de, “apesar do levantamento da proibição de encerramento, decretada na RCM nº 45-C/2021, no âmbito das medidas aplicáveis aos concelhos de risco elevado e de risco muito elevado, as Termas terem sido de novo obrigadas a encerrar, exceto se integradas em empreendimentos turísticos, exceção decretada no final do mês de junho”, acrescenta.
O presidente da Associação das Termas de Portugal lamenta a “desconsideração das Termas como unidades prestadoras de cuidados de saúde” tendo provocado “perdas no número de clientes, no volume de negócios, mas também trouxe efeitos catastróficos no emprego e noutras atividades económicas dependentes da atividade, como são os casos da hotelaria, restauração e comércio local”.
Citando o número crescente de estudos internacionais, a Associação das Termas de Portugal lembra que “a terapêutica termal desempenha um papel fundamental na redução de risco de doenças crónicas que têm maior correlação com os casos mais severos de Covid-19, como Diabetes, Obesidade e Hipertensão, entre outras”. Além disso, está comprovado o “efeito benéfico do termalismo na recuperação de quem sofre consequências nefastas de longos períodos de confinamento, provocadas por deficientes condições de teletrabalho e de comportamentos que podem causar risco à saúde, como o sedentarismo e o consumo de álcool, de tabaco e de alimentação pouco saudável”, precisa o comunicado.
Desta forma, Victor Leal reitera que “o encerramento das Termas colocou em causa a saúde de mais de 75 mil portugueses, sendo urgente que o Governo e as Autoridades de Saúde entendam o impacto destes números e o efeito que está a provocar na saúde e qualidade de vida dos portugueses. É o momento de os decisores das políticas de Saúde demonstrarem de forma inequívoca que as Termas são parte integrante do Sistema Nacional de Saúde, através de medidas que não discriminem este setor face às restantes tipologias de unidades prestadoras de cuidados de saúde”.