Ambitur abordou as várias regiões do país de forma a saber que prioridades e desafios apontam para o desenvolvimento do turismo e quais as expectativas em relação aos próximos tempos.
Eduardo Jesus, secretário regional de Turismo e Cultura da Madeira, começa por recordar que 2021 já trouxe à região bons indicadores, com a recuperação de operações e a conquista de outras novas. No segundo semestre, por exemplo, a Madeira obteve resultados positivos nas ligações aéreas e na hotelaria face a 2019. Em agosto, a região atingiu, pela primeira vez, a barreira dos 50 milhões de euros de proveitos totais deste setor. “Nunca na história do turismo da Madeira se tinha quebrado esta barreira num só mês”, atenta o responsável.
Em setembro, a hotelaria apresentou um máximo histórico do mês nos proveitos de aposento no alojamento, de 28,3 milhões de euros. Comparativamente a igual mês de 2019, o RevPar aumentou 13,4% (51,88 euros em setembro de 2019). Já em outubro, também relativamente a 2019, verificou-se uma subida de 9,9% nos hóspedes e de 5,8% nas dormidas. “Foi o primeiro mês em que as dormidas superaram qualquer registo homólogo de 2019”, prossegue. Em novembro, e pelo segundo mês consecutivo, as dormidas superaram os valores homólogos do último ano pré-pandémico. Fazendo uma comparação com este mês de 2019, pode observar-se que o número de hóspedes entrados e de dormidas na RAM registaram aumentos de 5,1% e 4,4%, respetivamente. Por fim, em dezembro, os aeroportos da região registaram ligações diretas com 24 países, um valor recorde alcançado pelas infraestruturas aeroportuárias da Madeira e Porto Santo.
“O facto dos aeroportos atingirem aquele máximo histórico é revelador de como o destino Madeira continua a crescer no mercado externo e a intensificar o seu posicionamento, não só ao nível europeu, mas global”, sublinha Eduardo Jesus. E acrescenta que o valor recorde em referência é atingido num mês marcado por muitos cancelamentos de voos em todo o mundo, “o que faz este dado ser ainda mais significativo e revelador da imagem de destino segura que a região mantém”. Face aos números de dezembro de 2019 no Aeroporto da Madeira, verificou-se subida no total de lugares disponibilizados (de 144.054 para 157.042, ou seja, + 9,02%), no nível de frequências (de 830 para 859, +3,49%) e um aumento efetivo em termos de rotas (de 67 para 78) e de companhias aéreas a operar (de 29 para 36).
O secretário regional de Turismo e Cultura da Madeira não hesita em dizer que “2021 fica obrigatoriamente influenciado pela diversificação de mercados que nos fez valer, no verão, recebermos viajantes do Báltico e de alguns países de leste, resultando num contributo de 8% do total de turistas que fizeram férias na região”.
Já ao nível do reforço das acessibilidades, o ano passado trouxe várias novidades como as ligações diretas de Nova Iorque, EUA, com a Azores Airlines; de Kiev, Ucrânia, com as companhias Ukraine International Airlines e SkyUp Airlines; de Bucareste, Roménia, com a TAROM; de Ljubljana, Eslovénia, com a Trade Air e a Croatia Airlines; de Sofia, Bulgária, com a Bulgaria Air; de Zagreb, Croácia, com a Croatia Airlines; de Reykjavik, Islândia, com a Icelandair; de Nuremberga e Münster, Alemanha, com a Corendon Airlines; de Vilnius, Lituânia, com a Avion Express; e de Billund e Aarhus, Dinamarca, com a Air Seven.
Empresas demonstram proatividade
Eduardo Jesus indica à Ambitur.pt que o empresariado turístico da região se mantém muito atento a toda a evolução das oportunidades e, acima de tudo, com uma grande proatividade face a essas mesmas oportunidades. Sendo um tecido empresarial com grande tradição no setor, com uma presença de mais de 200 anos na Madeira, a verdade é que já esta habituado a ciclos positivos e outros menos positivos. “Com alguma resistência e saber acumulado, consegue gerir toda esta vulnerabilidade causada pela pandemia”, admite. Mas é um setor que soube reagir “muito positivamente” aos efeitos da pandemia, adaptando-se às circunstâncias e “procurando sempre uma resposta que fosse interessante para os mercados de origem, fazendo corresponder a oferta com o desejo do viajante”.
Além disso, as empresas encontraram na pandemia “uma ocasião para requalificar as suas unidades, modernizá-las“, aproveitando “os momentos de menor procura para realizar obras e intervir nas suas estruturas, fazendo com que, neste momento, a oferta hoteleira da Madeira seja melhor do que aquela que existia antes da pandemia”, frisa o responsável. Ou seja, num período de acalmia, “serviu-se dele para atualizar, modernizar, requalificar a oferta e torná-la melhor”. Mas, acima de tudo, diz Eduardo Jesus, “é um empresariado que está pronto, com capacidade instalada e vontade, preservando todos os seus ativos para responder às tendências que o mercado nos apresentar”.
O secretário regional de Turismo e Cultura da Madeira reforça que “queremos que a região se assuma cada vez mais como um «must-visit» a nível global, um destino que é seguro e atrativo para todos“. Deste modo, a prioridade é consolidar a retoma sustentada dos mercados tradicionais estratégicos para a Madeira – Reino Unido, Alemanha e França, recuperando os valores de 2019. Quando ao mercado nacional, vai continuar a merecer uma forte aposta da região para que continue a responder positivamente, tal como tem acontecido nos últimos anos.
A Madeira tem ainda o objetivo de crescer, face a 2019, nos mercados da Europa Central e de Leste, e Espanha, e diminuir a dependência da Europa, apostando nos novos mercados do continente americano, nomeadamente dos EUA, para onde já existem operações com a Madeira e do Canadá.
Outra meta é consolidar a diversificação dos consumidores e reforçar o posicionamento do destino, no âmbito da nova Marca Madeira, junto de todos os parceiros, “afirmando-a como uma love brand digital”, bem como reforçar a digitalização do destino.
A nível dos produtos turísticos, “é nosso desiderato manter o posicionamento de destino de ano inteiro, de oferta complementar vasta, exótica e de qualidade”, adianta Eduardo Jesus, com foco nos produtos de Natureza, Mar, Cultura, Lifestyle e Enogastronomia, aumentando a sua notoriedade, alavancando com a captação e realização de eventos de referência.
No que diz respeito à sustentabilidade, a Madeira caminha para a certificação do destino, retirando do processo todos os contributos que valorizam a sua oferta.
“Em relação aos desafios, estaremos empenhados em aproveitar oportunidades neste tempo de adversidades, com flexibilidade, proatividade e rapidez na mudança”.
Para este ano, a expectativa é que a pandemia dê lugar a uma maior normalidade pelo que a região irá manter grande proximidade a todos os agentes económicos do setor para que, em conjunto, “possamos ser proativamente consequentes no encontro de soluções para o incremento dos fluxos turísticos para a Madeira, particularmente através de novas operações, e reforçando as existentes”, sublinha Eduardo Jesus.