O segundo dia do grupo que viajou a convite da Solférias até Marrocos foi inteiramente dedicado à Cidade Vermelha. Desde o período do Neolítico que os agricultores berberes habitavam nesta região mas só em 1602 a cidade foi fundada, por Abu Becre ibne Omar, um berbere primo do rei Almorávida Iúçufe ibne Taxufine. No século 12, os Almorávidas construíram muitas escolas islâmicas, ou madraças, bem como mesquitas. Marraquexe teve um desenvolvimento acelerado tornando-se num centro cultural, religioso e comercial para o Magrebe e para a região subsariana de África.
Começámos pelo novíssimo Museu Yves Saint Laurent, que abriu portas o ano passado. Assinado pelos arquitetos Olivier Marty e Karl Fournier, do Studio KO, o projeto é arrojado recorrendo ao uso de materiais como a terracota, o cimento e pedras marroquinas. Aqui poderá aceder a um espaço de exposição permanente com cerca de 400 metros quadrados e ver de perto cerca de cinco mil peças de “haute couture” e 15 mil acessórios, bem como croquis, fotografias e reportagens publicadas na imprensa. Há ainda uma sala de 150 metros quadrados dedicada a exposições temporárias e um auditório que se transforma em teatro e cinema.
No segundo piso, o museu alberga uma biblioteca com mais de cinco mil livros raros e antigos de história, cultura, literatura e arte decorativa de Marrocos.
Marraquexe foi o local eleito para este museu pois sempre inspirou muito o trabalho de Yves Saint Laurent. O “azul majorelle”, por exemplo, que se tornou um dos clássicos do estilista, veio do Jardim Majorelle, a nossa próxima paragem.
Museu Yves Saint Laurent
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O Jardim Majorelle, que originalmente pertencia ao pintor francês Jacques Majorelle, é um jardim botânico inspirado nos jardins islâmicos, que ocupa cerca de um hectare a noroeste da medina. O pintor criou-o em 1931 mas, em 1980, foi comprado por Yves Saint Laurent e pelo seu parceiro Pierre Bergé, pertencendo atualmente à Fundação Jardim Majorelle, subsidiátia da Fundação Pierre Bergé-Yves Saint Laurent.
O estilista descobriu este jardim numa das suas primeiras visitas a Marraquexe, em 1966 e decidiram salvá-lo de um projeto de um complexo hoteleiro. Yves Saint Laurent e Pierre Bergé mudaram-se para a Villa Oásis e ergueram as mangas para restaurar o jardim e torna-lo “o jardim mais belo, aquele que Jacques Majorelle tinha pensado, planeado”. O atelier de pintura foi transformado num museu berbere, aberto ao público, no qual está exposta a coleção de arte de Yves Saint Laurent e de Pierre Bergé. Atualmente, este é um dos locais turísticos mais visitados de Marraquexe.
Majorelle criou o seu jardim estruturado em volta de um tanque central, com ambientes diferentes, plantas exóticas e espécies raras. Aqui encontrará catos, nenúfares, lótus, jasmins, buganvílias, palmeiras, coqueiros, bananeiras, alfarrobeiras, agaves ou ciprestes, que o pintor foi trazendo das suas viagens pelo mundo. Em 1937, o artista criou o “azul Majorelle”, um azul-cobalto intenso que serve para pintar as paredes da casa e todo o jardim.
Jardim Majorelle
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O próximo destino é a famosa praça Jemaa el-Fna que continua a ser uma das mais movimentadas e animadas de África, e o ponto de encontro dos turistas que ali sentem o pulsar desta cidade marroquina que, em 2011, passou a integrar a lista de Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Já a medina, ou parte antiga, de Marraquexe, está classificada como Património Mundial desde 1985.
Marraquexe tem atualmente o maior souk berbere, ou mercado tradicional, com 18 souks especializados que se concentram na medina, e onde se vendem e fabricam os mais diversos produtos, desde os tapetes tradicionais berberes às típicas babuchas, chinelos em couro de diversas cores.
Na praça encontrará um pouco de tudo – desde contadores de histórias a dançarinos, acrobatas, encantadores de serpentes, saltimbancos, músicos, faquires, engolidores de espadas ou curandeiros. E daqui não pode deixar de se perder pelos souks e descobrir os produtos autênticos, negociando sempre com os comerciantes. A arte de regatear é palavra de ordem e, mais até do que o objetivo de baixar preços, faz parte da cultura do país. Por isso, se pensa que não tem o maior dos jeitos para tal, esqueça a timidez e os receios e prepare-se para negociar tudo.
Poderá passar pelo Souq Ableuh (das azeitonas), pelo Souq Semmarine (do couro) ou pelo Souq Joutia Zrabi (dos tapetes), isto se sabe bem o que quer. Se não, vá avançado pelas ruas estreitas e cheias de pessoas, bicicletas e motas, deixando-se levar por onde quer que o seu instinto queira. Não se preocupe com a saída pois há sempre alguém que lhe indicará por onde ir quando já estiver cansado de compras.
O final do dia na praça Jemaa el-Fna é imperdível e melhor apreciado a partir de um dos muitos terraços de cafés e restaurantes que hoje existem. O pôr-do-sol invade este lugar mágico com a sua luminosidade relaxante e as barracas de comida tradicional acabam por dominar a praça. Aproveite para admirar a vida deste espaço e não se esqueça de fotografar cada momento.
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