No ano em que comemora o seu 10.º aniversário em Portugal, o escritório nacional da MSC Cruzeiros foi aquele que mais cresceu. A revelação foi feita por Eduardo Cabrita, o diretor-geral da MSC Cruzeiros para o território nacional. No entanto, “não é algo que façamos grande festa. Estamos a contribuir para o bem comum da empresa” e isso é “extremamente importante que aconteça”.
O responsável falou aos jornalistas à margem do batismo do MSC Grandiosa em Hamburgo, que teve lugar a 9 de novembro. Fazendo um balanço do ano até ao fim do mês de outubro, Eduardo Cabrita indicou que “o número de passageiros portugueses que tinham efetuado reservas para 2020” corresponde a “mais 45% do que aqueles que tinham reservado para o ano 2019”. Embora a previsão seja fechar o ano 2019 nos “dois dígitos”, o responsável nota que “não vão chegar aos mesmos números” do ano anterior, onde “registou um aumento de 34%”.
Olhando para o mercado português, o responsável sublinha que Portugal representa “0,7% dos passageiros, quando comparados com os 2% na Europa. Começamos muito mais tarde como país a pensar em cruzeiros ou a usufruir de férias”. No entanto, continua em crescimento. Além do litoral de país, Eduardo Cabrita refere que “começamos a notar interesse de passageiros oriundos de Bragança e Castelo Branco” na procura de um tipo de férias diferentes, o que permite “pensar que o crescimento pode ser ainda maior”, precisa.
O facto do mercado luso não ter a “capacidade de ser um mercado de emissão de passageiros muito forte”, como o espanhol, e de Lisboa estar num “ponto mais afastado”, dificulta a “qualquer companhia colocar um navio à porta de Lisboa a tocar outros portos”. No entanto, face ao desenvolvimento dos portos e ao número acentuado de novos navios, Eduardo Cabrita acredita que Lisboa desempenhe um “outro papel” dentro de “dois a cinco anos. É um caminho a desenvolver” e a MSC está disponível para o fazer. “Procuramos cada vez mais que os cruzeiros que temos à partida Lisboa incentivem um maior número de pessoas”, adiantado que no itinerário Lisboa-Lisboa, “o número de passageiros ascendeu este ano a quase 800 passageiros por cada cruzeiro” quando há 10 anos “tínhamos cerca de 50 passageiros por cruzeiro”.
Sobre as operações para o MSC Grandiosa, o diretor refere que “antes de um navio ser lançado já existe procura pelo próprio navio”, devido à companhia “já ter um certo peso no mercado” e pelo “número de novos navios”. Para Portugal, é sempre uma “boa notícia” até porque os itinerários de inverno 2019-2020 e de verão vão ser realizados no Mediterrâneo, o que facilita geograficamente o mercado português, “podendo efetuar o voo Lisboa – Barcelona”, sendo esta uma das particularidades da empresa em “colocar os novos navios na Europa e no cerne do Mediterrâneo para depois expandirmos para o mundo”, acrescenta.
Ainda sobre o mercado luso, Eduardo Cabrita sublinhou que há outros desafios que se colocam, como a “concorrência que existe nos próprios escritórios”, que o diretor-geral considera ser, nos últimos sete anos, o maior desafio para a companhia. “Cada país é responsável, da melhor forma possível, por ter passageiros desses países”, explica o responsável, acrescentando que, se aquele país “não tiver capacidade de, com alguma antecipação, gerar passageiros para os navios”, significa que “há um outro país que vai ter em antecipação uma capacidade maior. Quando lá chegar, já será tarde porque os camarotes estarão vendidos”, adverte. Neste sentido, a “capacidade em dizer ao mercado que precisamos de antecipar as vendas” é o principal desafio para a MSC Cruzeiros em Portugal.
Aposta no mercado americano
Quanto a destinos, os de maior procura mantêm-se, com um crescimento significativo das Caraíbas devido ao “fator aviação”, com a TAP a oferecer voos diretos a valores “apetecíveis para o bolso dos portugueses”, o que “permite às pessoas efetuar outro tipo de cruzeiros”, justifica o responsável. Já o norte da Europa é aquele que tem registado uma maior expansão nos últimos anos.
Com o crescimento, não só das Caraíbas mas também dos Emirados, a companhia aposta em novos navios, com o MSC Belissima no Dubai e “mais e novos navios nos EUA”, permitindo “vários tipos de itinerários”. A aposta no mercado americano justifica-se pelo facto de ser emissor de “mais de metade dos passageiros a nível mundial”, pelo que é “fundamental diferenciar quer ao nível de navios quer aos itinerários”.
A grande novidade centra-se no novo segmento de Cruzeiros de “Ultra Luxo”, já anunciados pela companhia. Estes navios têm a capacidade de até mil passageiros e vão efetuar outro tipo de itinerários pelo mundo. O facto de serem totalmente distintos dos contemporâneos permite novas abordagens: “há vários setores e segmentos que podem ser explorados”, considera Eduardo Cabrita, dando como exemplo, os Açores. A data prevista para estes novos cruzeiros é 2023 e o objetivo destes navios é que, “sendo mais pequenos e tecnologicamente avançados”, permitam efetuar outro tipo de itinerários que não existem.