O Pestana Hotel Group esteve hoje reunido com a imprensa para apresentar os resultados financeiros de 2023. José Theotónio, presidente da comissão executiva do grupo hoteleiro português, frisou que o foco está em três eixos estratégicos: pessoas, transformação digital e redução da pegada carbónica.
Começando pelas equipas, o gestor fez questão de lembrar que durante a pandemia não se fizeram ajustamentos salariais, embora não tivesse havido despedimentos. Mas, em 2023, a cadeia hoteleira fixou a remuneração mínima para todos os trabalhadores nos 1000 euros e, este ano, já aumentou este valor para os 1100 euros. Em termos de ajustamentos de salários, a base fixa sofreu um aumento médio de 12% e a remuneração variável, que engloba a participação nos resultados, que é realizada duas vezes por ano, em abril e novembro, resultou numa média de dois salários extra por colaborador, totalizando os 7,5 milhões de euros. O conjunto das remunerações e encargos com os colaboradores teve assim uma subida de 20% no ano passado, representando um aumento de mais de 19 milhões de euros face a 2022.
O conjunto das remunerações e encargos com os colaboradores teve assim uma subida de 20% no ano passado
Além da questão salarial, José Theotónio apontou uma série de outros benefícios a que os trabalhadores do Pestana Hotel Group têm direito, tais como seguro de saúde, descontos de 50% nos hotéis do grupo ou a Pestana Academy. Em 2023, o grupo deu mais de 24 mil horas de formação, quando em 2019 tinham sido apenas 8900 horas. O responsável frisou que é importante haver programas “que motivem as equipas, que lhes deem a possibilidade de se desenvolver e as retenham”.
E ainda na questão das equipas, não fugiu à questão da imigração, sublinhando que “hoje fazer hotelaria sem pensar em imigrantes é impossível”, recordando também que “é importante acolhê-los bem”. E é isso que o Pestana Hotel Group tem procurado fazer, criando condições para que a massa de 16% de trabalhadores estrangeiros que integra hoje a cadeia hoteleira possa beneficiar não apenas de condições financeiras que sejam exatamente idênticas aos trabalhadores nacionais, mas também de outras medidas como o alojamento sempre que necessário ou ações de formação a nível da cultura portuguesa e da língua. Estas ações de formação são também extensíveis às chefias do grupo “que têm de saber acolher estas pessoas”, concluiu.
Melhoria de produtividade com a transformação digital
No que se refere ao segundo eixo do Pestana Hotel Group, o valor que o grupo investiu em sistemas tecnológicos atingiu os 12 milhões de euros em 2023, uma subida relativamente aos oito milhões gastos em 2019. Um investimento que, segundo José Theotónio, permite “uma melhoria da produtividade”. Assim, neste momento, a empresa está a fazer a migração de todo o sistema de front office para a cloud, o que se torna “mais eficiente”, garante o empresário. Por outro lado, no que se refere ao site, o motor de reservas já foi alterado mas o grupo está já a rever outras componentes como a base de dados e a imagem, um processo que ficará concluído este ano.
a empresa está a fazer a migração de todo o sistema de front office para a cloud, o que se torna “mais eficiente”
Também os sistemas de Revenue Management já estão em todas as unidades hoteleiras da marca e há uma aposta no sistema que permite conhecer o cliente e comunicar melhor com ele, com um forte investimento no CRM e nos programas de fidelização.
Por outro lado, e uma vez que o custo com as pessoas é sempre o maior no setor da hotelaria, o Pestana Hotel Group aposta em sistemas de otimização do fator humano: “se conseguirmos maximizar, temos ganhos importantes”, defende o responsável.
Por fim, a aposta no business intelligence, através do investimento em sistemas de recolha e tratamento de dados úteis para quem tem de decidir, e ainda a aposta no sistema de backoffice, que também está a ser migrado para a cloud.
Ou seja, “é um investimento permanente mas há benefícios em termos de gestão”, garante José Theotónio.
Os objetivos ambientais e de sustentabilidade
Por fim, o Pestana Hotel Group aposta na redução da pegada carbónica e na transformação energética, num investimento que deverá rondar os 12 milhões de euros até 2025, tendo estabelecido um plano de ação. Tudo começou pela medição da pegada carbónica do grupo em 2019, com os hotéis a registarem 13 Kg de CO2 por quarto ocupado e, no total da atividade da empresa, a atingir-se os 17 Kg de CO2 por quarto ocupado, valores que são muito abaixo da média do setor que, segundo o presidente da comissão executiva do grupo hoteleiro, se situam nos 47 Kg.
o objetivo é reduzir em 37% esta pegada até 2030, sendo que em 2022 já se tinha atingido uma diminuição de 11% nas emissões de carbono
Para o futuro, o objetivo é reduzir em 37% esta pegada até 2030, sendo que em 2022 já se tinha atingido uma diminuição de 11% nas emissões de carbono.
A nível da área energética, o grupo tem investido na aquisição de equipamentos menos poluentes e mais eficazes, bem como na energia solar em muitas unidades. No que diz respeito à água, já conta com uma dessalinizadora no Algarve que “só não funciona mais porque a legislação não o permite”, lembra José Theotónio. Também o novo campo de golfe do grupo é já regado com água da ETAR da Boavista (Lagos).
Relativamente aos resíduos, o Pestana Hotel Group já tem uma política nas unidades hoteleiras com vista à redução do desperdício e ao tratamento dos resíduos gerados. Em implementação estão já alguns programas-piloto que, este ano, serão alargados a mais unidades.
Também a nível da mobilidade, há uma preocupação na empresa hoteleira, com a adoção de veículos 100% elétricos nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, e de viaturas híbridas no continente.
Por fim, a nível dos fornecedores, há uma intenção de trabalhar com aqueles que também têm estas preocupações.
Por Inês Gromicho
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