Ambitur abordou as várias regiões do país de forma a saber que prioridades e desafios apontam para o desenvolvimento do turismo e quais as expectativas em relação aos próximos tempos.
Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), começa por afirmar que 2021 trouxe números superiores a 2020, apontando para um “otimismo moderado”, embora ainda longe da realidade pré-pandémica. A verdade é que sempre que as restrições eram levantadas e a pandemia parecia estar controlada, verificava-se uma “evolução muito positiva”. Assim, o responsável confirma o regresso dos turistas às grandes cidades, especialmente afetadas no período mais gravoso da pandemia, e também elevados índices de ocupação hoteleira nos subdestinos da região, “que souberam capitalizar o contexto para captar um perfil de turista que é necessariamente diferente nesta altura”. No período da Passagem de Ano, por exemplo, o Douro, Minho e Trás-os-Montes tiveram “um desempenho assinalável”, com taxas de ocupação muito elevadas. Já no seu todo, o destino Porto e Norte acredita superar a meta interna inicialmente estabelecida para o ano passado, com pelo menos 50% dos índices atingidos em 2019, que tinha sido o melhor ano de sempre.
Luís Pedro Martins não deixa de louvar o “comportamento heroico” das empresas da região ao longo desta pandemia. Reconhecendo que não tem sido fácil, e que tanto proprietários como trabalhadores foram particularmente afetados por esta crise sanitária, o responsável alega que “não baixaram os braços”. “Existe uma natural saturação emocional, uma grande incerteza sobre a evolução da situação pandémica (e o que ela pode ditar), mas também uma grande vontade de dar a volta à situação”, aponta. E acrescenta que “souberam, desde cedo, adaptar-se à nova realidade, reajustar a oferta dentro dos moldes que era necessário e serem resilientes até à exaustão”.
Em termos de investimento na região, o presidente do Turismo do Porto e Norte admite que, embora possa existir alguma contração este ano face a 2019, “vamos assistir ao lançamento de vários projetos, ao retomar de alguns investimentos que ficaram congelados com a pandemia e ao aceleramento de projetos que estavam previstos, nomeadamente na cidade do Porto”. Ou seja, sublinha, “a região continua a ser muito atrativa para novos investimentos na área do turismo”.
Prioridades e desafios 2022
Mas Luís Pedro Martins tem noção de que o setor do turismo enfrenta um desafio muito exigente e que a prioridade é “voltar, o mais cedo possível, a alcançar os resultados que tínhamos em 2019”. Para tal, defende, é necessário continuar e reforçar o apoio às empresas e trabalhadores, que foram “duramente afetados por quebras elevadíssimas na faturação”. E recorda que se passaram dois anos em que foram muitas as empresas do setor a iniciar “um ciclo com largos meses de perdas totais, com tudo o que isso significa em termos de desequilíbrios de tesouraria, de exaustão emocional e incerteza na manutenção do negócio”. E lembra também que esta realidade, embora não de forma tão acentuada, ainda perdura. Por isso não tem dúvidas de que “o apoio às empresas é essencial, para que consigam manter a qualidade da oferta intacta”. O responsável esclarece à Ambitur.pt: “Não queremos que o turista regresse ao nosso destino e saia com a noção de que encontrou uma realidade diferente”.
Outro problema identificado é a falta de recursos humanos, sobretudo qualificados, um “grande desafio a ultrapassar durante o ano que agora começa”, diz.
Já no caso do Porto e Norte, Luís Pedro Martins anseia pela normalização da conectividade aérea, sobretudo o restabelecimento da oferta de voos de longo curso que trazem à região “mercados muito importantes”, como o norte-americano, brasileiro ou canadiano, que proporcionam estadias médias superiores a outros mercados e revelam um grande poder aquisitivo. “Este é um fator crítico de sucesso”, destaca o entrevistado, justificando assim a preocupação com a operação da TAP e a exigência de “recursos financeiros para poder ser recompensada pela falta de comparência da TAP”. E sublinha: “Sabemos quais os mercados, as companhias e as rotas onde apostar; faltam-nos os recursos”.
No que diz respeito à reformulação da oferta, Luís Pedro Martins afirma que a região tem três novos produtos estruturados que acredita terem grande atratividade: o termalismo, o enoturismo e o turismo de negócios. O presidente do TPNP frisa que também no segmento de leisure este ano “nos coloca desafios exigentes”. A entidade está a realizar um trabalho de recuperação da operação turística para o território e, igualmentem de captação de mercados quem tradicionalmente, não chegam à região. “Temos bem definido o caminho que precisamos continuar a traçar para 2022, no sentido de reerguer o turismo da região, continuando a apoiar as nossas empresas, repondo a conectividade aérea, potenciando a internacionalização pela digitalização da oferta e acelerando a estruturação de produtos da nova procura”, remata.
Recuando no tempo, poucos meses depois do confinamento, Luís Pedro Martins lembra a previsão de que a Páscoa de 2022 traria já alguma normalização da atividade turística. E admite que, caso esta nova variante não tivesse surgido, o Natal e a Passagem de Ano já teriam tido números muito próximos de 2019. Com os dados disponíveis neste momento, “temos um destino seguro e acreditamos que o turista tem essa perceção do destino Porto e Norte”, indica. Além disso, pelo feedback das delegações do Turismo de Portugal, o destino “continua a estar no topo das preferências dos turistas dos nossos mercados tradicionais e mantém a notoriedade como destino de excelência em alta”. O presidente do Turismo do Porto e Norte espera pois que em 2022 haja “uma retoma muito acentuada e, em 2023, definimos como meta recuperar os seis milhões de hóspedes, as 12 milhões de dormidas e os 700 milhões de euros em proveitos registados em 2019”.