A Ambitur.pt está a acompanhar de perto a evolução do Programa Empresas Turismo 360º, uma iniciativa do Turismo de Portugal que pretende colocar as empresas no centro do processo de transformação sustentável do setor. A Parques de Sintra conversa connosco e conta hoje com o selo “Engaged”.
Qual o significado de receber o selo Engaged do Programa Empresas Turismo 360º?
É um reconhecimento do caminho que a Parques de Sintra está a fazer no âmbito da sustentabilidade empresarial e do que já conseguiu alcançar nos temas ESG (Environmental, Social and Governance). Por exemplo, no desempenho ambiental, foram tomadas diversas medidas de redução dos consumos de energia e água. No desempenho social, destacaram-se os princípios da igualdade e não discriminação aplicados, o investimento que é feito na capacitação dos colaboradores e o esforço existente na conciliação entre vida profissional, pessoal e familiar. Finalmente, no desempenho em governança, salienta-se, por exemplo, a transparência e a diversidade no Órgão de Administração da Parques de Sintra.
Qual é a principal atividade da empresa?
A Parques de Sintra gere os mais importantes valores naturais e culturais situados na zona da Paisagem Cultural de Sintra (cerca de 45% da área total) e em Queluz: o Parque e o Palácio Nacional da Pena, os Jardins e o Palácio de Monserrate, o Castelo dos Mouros, o Convento dos Capuchos, o Jardim e o Chalet da Condessa d’Edla, a Vila Sassetti, e, desde 2012, os Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz e a Escola Portuguesa de Arte Equestre sediada nos Jardins históricos de Queluz (e com apresentações no Picadeiro Henrique Calado, na Calçada da Ajuda, Belém). Em termos de património natural, a empresa tem ao seu cuidado cerca de 970 hectares de áreas florestais.
A gestão destas propriedades envolve a sua recuperação, requalificação, revitalização, conservação, investigação, divulgação e exploração, abrindo-as à fruição pública e potenciando a sua valência turística.
Não recorrendo ao Orçamento do Estado, o modelo de gestão da empresa é pioneiro em Portugal, na medida em que a sua sustentabilidade é fundamentada num círculo virtuoso centrado na capacidade de o património gerar receitas (provenientes de bilheteiras, lojas, cafetarias e aluguer de espaços para eventos), que são depois reinvestidas na sua recuperação e manutenção.
Quando foi fundada e por quem?
A Parques de Sintra – Monte da Lua, S.A. (PSML) é uma empresa de capitais exclusivamente públicos, criada em 2000, no seguimento da classificação pela UNESCO da Paisagem Cultural de Sintra como Património da Humanidade (1995). A sua criação teve como objetivo reunir as instituições com responsabilidade na salvaguarda e valorização dessa Paisagem, tendo o Estado Português entregado a esta sociedade a gestão das suas principais propriedades na zona. São acionistas da Parques de Sintra: a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (35%), o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (35%), o Turismo de Portugal (15%) e a Câmara Municipal de Sintra (15%).
O que diferencia a empresa a nível de oferta?
Os monumentos geridos pela Parques de Sintra integram um dos mais excecionais centros históricos de arquitetura e paisagem na Europa. Reconhecendo o valor e a singularidade deste património, a UNESCO inscreveu a Paisagem Cultural de Sintra na Lista do Património Mundial em 1995 e a respetiva Declaração de Valor Universal Excecional foi aprovada pelo Comité do Património Mundial em 2017.
Porque aderiu ao Programa Empresas Turismo 360º?
O Programa incentiva as empresas a reportar o seu desempenho em sustentabilidade por meio da integração dos fatores ESG na cultura organizacional e na estratégia de negócio, orientando-as no processo através de um sistema de indicadores criado com o intuito de aferir as suas práticas ambientais, sociais e de governação. Constitui, por isso, um apoio fundamental para empresas que, como a Parques de Sintra, façam da sustentabilidade e do cumprimento das metas ESG prioridades estratégicas.
O Relatório de Sustentabilidade que faz parte do programa implica identificar/medir/divulgar o desempenho sustentável da empresa e permite à empresa ter uma noção mais estreita dos temas em que precisa de agir para melhorar o seu desempenho na sustentabilidade. Adicionalmente, este relatório facilita a comunicação transparente sobre os temas da sustentabilidade, dando ao mesmo tempo igual relevo às demonstrações financeiras.
Qual foi o benefício do Programa?
Destacamos a confiança e transparência no relacionamento com as partes interessadas; a consolidação da eficiência operacional interna; o aumento da vantagem competitiva; a verificação e divulgação da conformidade com os regulamentos; o auxílio na tomada de decisões assertivas; e o fortalecimento do sentimento de pertença entre os funcionários.
Qual é a principal missão da empresa, tendo em conta este programa?
Promover a descarbonização e a transição energética das atividades desenvolvidas pela empresa, com a redução de consumos de energia primária, de água e de materiais; assegurar a gestão sustentável das florestas; potenciar os serviços dos ecossistemas; e valorizar da biodiversidade. Em suma, continuar a apostar no cumprimento das metas ESG e na nossa jornada para a sustentabilidade, na qual estamos profundamente empenhados, já que é uma componente fundamental da missão da Parques de Sintra.
De que forma a pandemia atrasou o progresso da empresa?
O progresso da empresa no âmbito dos seus objetivos de sustentabilidade não sofreu atrasos. Pelo contrário, durante a paragem provocada pela pandemia, houve tempo para reavaliar os impactos da atividade da Parques de Sintra e para delinear planos de ação que nos permitam alcançar esses objetivos e cumprir as metas ESG. A título de exemplo, e após vários estudos, em 2021, implementámos a limitação e controle de entradas (slots) no Palácio Nacional da Pena, sistema que não existia antes da pandemia. As visitas a este monumento nacional passaram a estar limitadas a cerca de 6 mil entradas por dia, divididas por slots de meia hora ao longo do dia, não sendo, por isso, possível atingir o cenário anterior (pré-pandemia) em que chegaram a verificar-se cerca de 12 mil visitas por dia em época alta.
A medida implica uma substancial redução do número total de visitas aos monumentos sob gestão da empresa e reflete uma opção estratégica da Parques de Sintra que privilegia a sustentabilidade deste importante monumento nacional, na medida em que visa a prevenção do impacto das visitas no desgaste do património, evita a sobrecarga de toda a operação e melhora a qualidade da visitação.
Que projetos/novidades estão em marcha?
Reconhecendo a extrema gravidade da ameaça que representam as emissões globais de carbono e as consequentes mudanças climáticas, com riscos para o património natural e edificado e para a biodiversidade, a Parques de Sintra iniciou, em 2023, a implementação de um Plano de Emergência Climática, que se estende até 2030. Assenta em 5 objetivos principais, prevê atividades para os atingir e inclui indicadores que serão monitorizados a cada três anos. Por exemplo, no âmbito desse plano, irá decorrer um estudo de avaliação do estado das linhas de água nos perímetros florestais da Serra de Sintra que resulte num projeto de restauro. Haverá também intervenções na rede de abastecimento de água proveniente das minas, de forma a reduzir o consumo de água tratada.
Paralelamente, estamos a fazer um estudo da quantificação das emissões de carbono na Parques de Sintra, a concluir no início do próximo ano, que permita implementar, posteriormente, medidas de compensação específicas.
[Crédito Fotografias: Luís Duarte]
Por Diana Fonseca