A Ambitur.pt está a acompanhar de perto a evolução do Programa Empresas Turismo 360º, uma iniciativa do Turismo de Portugal que pretende colocar as empresas no centro do processo de transformação sustentável do setor. Neste artigo, falámos com a Termalistur, Termas de S. Pedro do Sul, que conta hoje com o selo “Engaged”.
Qual o significado de receber o selo Engaged do Programa Empresas Turismo 360º?
Gerir um recurso natural como a água mineral natural, bem como os vários serviços que dela dependem, é uma missão que nos está cometida e uma responsabilidade ímpar, pois para além do impacto desta atividade para a economia local, a coesão regional e o desenvolvimento sustentável associam-se à preservação do ambiente e do próprio recurso a longo prazo. A necessidade de materialização dos princípios de sustentabilidade económica, social e ambiental apontam para a urgência da ação e da mudança de paradigma no valor que damos à água e no uso que fazemos deste e de outros recursos que o planeta coloca à nossa disposição. A adesão das Termas de S. Pedro do Sul ao projeto piloto do Turismo de Portugal veio sublinhar o nosso empenho em contribuir para a implementação da agenda de desenvolvimento das Nações Unidas, nomeadamente do alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Estamos cientes da enorme responsabilidade que é a gestão de um dos bens mais preciosos do nosso território, a água termal, e que as decisões que tomamos na prestação de serviços de saúde e bem-estar afetam não só os nossos clientes, como colaboradores, fornecedores e outras partes interessadas, pelo que continuamos a seguir um modelo organizacional robusto e uma cultura ética forte, prosseguindo o rumo estratégico que estabelecemos com o propósito de fazer a diferença no setor do termalismo em Portugal.
Qual é a principal atividade da empresa?
Considerando a crescente diversidade de atribuições das autarquias locais, a complexidade da gestão da maior estância termal da península ibérica e a procura de um desenvolvimento sustentado das Termas de S. Pedro do Sul, o Município de S. Pedro do Sul entendeu por bem a criação de uma empresa pública, cujo capital social é detido na totalidade pelo Município de S. Pedro do Sul, tendo em vista a gestão dos balneários termais e toda a atividade termal, possibilitando uma gestão autónoma e mais flexível, gerando ao mesmo tempo mais eficácia. Passaram a estar reunidas as condições para o estabelecimento de uma gestão dinâmica e desburocratizada. Após as necessárias aprovações sobre a sua constituição em sede de Câmara Municipal e Assembleia Municipal, iniciou a sua atividade em 15 de março de 2004. Além da gestão dos Balneários Termais e de todas as atividades ligadas ao termalismo, que constituem o objeto principal da empresa, a Termalistur pode exercer atividades acessórias relacionadas com o seu objeto principal, designadamente estudos, planos de investimento e gestão de serviços correlacionados, em especial, entre outros, os de turismo, exploração e transformação das águas e de prestação de serviços de transporte bem como todas as ações conducentes à valorização do património histórico e natural de S. Pedro do Sul. A Termalistur colabora com o Município na limpeza e higiene urbana, manutenção de espaços públicos e jardins da estância termal.
O que diferencia a empresa a nível de oferta?
A atividade está alicerçada na utilização de um recurso natural endógeno, a água mineral natural, que brota naturalmente à superfície terrestre por artesianismo (sem recurso a bombagem) e cujo caudal se mantém constante. A principal atividade da empresa prende-se com a utilização deste recurso para a prestação de serviços de termalismo terapêutico, fisioterapia e bem-estar nos balneários termais. No entanto, esse mesmo recurso, antes de ser utilizado nos balneários termais, circula por um sistema de permutadores que fazem o aproveitamento da sua temperatura natural (68ºC), sendo esta direcionada para a produção de energia geotérmica. Desta forma, considera-se que o aproveitamento geotérmico da água mineral natural constitui um impacto ambiental positivo inerente à atividade, na medida em que possibilita a redução do consumo de outras energias (nomeadamente a elétrica) para aquecimento ambiente das instalações e águas quentes sanitárias e permite ainda a disponibilização deste tipo de energia “limpa” a algumas unidades hoteleiras situadas na estância termal. A água termal é também utilizada como matéria-prima para a produção dos dermocosméticos AQVA, marca própria das Termas de S. Pedro do Sul, que para além da sua utilização nos serviços prestados, permitiram a entrada da Termalistur numa nova área de negócio através da comercialização direta destes produtos ao consumidor final.
Porque aderiu ao Programa Empresas Turismo 360º?
A adesão teve como objetivo acelerar o processo de incorporação dos indicadores ESG nas diferentes operações da empresa, reequacionando as suas práticas ambientais, sociais e de governança.
Qual foi o benefício do Programa?
Para além dos benefícios resultantes da melhoria da imagem corporativa, podemos destacar outros benefícios como a preparação da empresa para o cumprimento da legislação que está a ser desenhada na Europa e em Portugal, reduzindo o risco da empresa pela demonstração de transparência e garantias de compliance e para responder aos desafios de mercado que advêm dos compromissos de Portugal e da Europa face às alterações climáticas e às questões sociais, adquirir conhecimentos sobre o tema emergente da sustentabilidade, reduzir custos, atenuando o impacto ambiental da empresa e aumentando o seu impacto social e otimizando o uso eficiente de recursos. O Programa permite ainda o acesso a uma plataforma informática que compila os dados da atividade num relatório de sustentabilidade, suportado no desempenho ESG adaptado ao setor do turismo e preparado de acordo com os standards globais de sustentabilidade, para ir ao encontro das exigências do setor financeiro no acesso ao financiamento. Acreditamos que todos estes fatores contribuem para uma maior diferenciação da empresa e acréscimos de competitividade.
Qual é o principal compromisso da empresa, tendo em conta este programa?
O compromisso visa reforçar as boas práticas adotadas em matéria de ambiente e alterações climáticas, sociedade e cultura e governança e economia, afirmando as Termas São Pedro do Sul como um destino turístico sustentável, onde o envolvimento de todos é essencial, tornando as mudanças para alcançar um estilo de vida mais sustentável reais, seja qual for o papel que desempenhado dentro da organização.
De que forma a pandemia atrasou o progresso da empresa?
O setor termal foi fortemente afetado pelas medidas de prevenção e combate à pandemia de covid-19, com suspensão de atividade durante vários meses nos anos 2020 e 2021. As Termas de S. Pedro do Sul não foram exceção e apesar de em 2021 terem recuperado clientes em relação a 2020, os valores alcançados ficaram aquém dos resultados de 2019 com a consequente redução significativa no seu volume de negócios. Em 2022 confirmou-se a tendência de recuperação e espera-se que o ano de 2023 nos possa colocar novamente no nível de atividade alcançado pré-pandemia.
Como está a ser a recuperação?
Depois de 2 anos de pandemia “ativa”, surge em 2022 a situação de guerra na Europa que trouxe uma grande instabilidade económica bem como o aumento dos preços dos combustíveis e matérias-primas, com impacto direto na atividade da empresa. No entanto, perante as adversidades foram desenvolvidas algumas ações tendo em vista a recuperação da empresa, destacando-se por exemplo a criação de programas de tratamento específicos, adequados e direcionados para patologias com necessidade de tratamento termal e/ou de reabilitação, incluindo um programa de recuperação de doentes Long-Covid ou um programa de bem-estar noturno, vocacionado para o relaxamento dos visitantes das Termas de S. Pedro do Sul. Outro exemplo prende-se com o elevado investimento no processo de rebranding das marcas “Termas de S. Pedro do Sul” e “AQVA” levado a cabo em 2022, com a reformulação de toda a estratégia de comunicação das marcas, tornando-as visualmente mais modernas e atrativas, impulsionando a sua presença digital e consequentemente, despoletando a procura das mesmas.
Que projetos/novidades estão em marcha?
Durante este ano ficará concluída a execução do projeto de promoção da utilização da energia geotérmica, que tem como objetivo alargar a rede já existente de distribuição de geocalor (que atualmente abrange os balneários termais e 2 unidades hoteleiras nas imediações) para outros utilizadores ligados ao turismo termal de S. Pedro do Sul, de forma a tirar o melhor proveito deste recurso endógeno, de forma sustentável, prevendo-se que no total fiquem abrangidas, para além dos balneários termais, 13 unidades hoteleiras.
Também este ano serão lançados novos produtos AQVA, com particular destaque para uma linha de 3 produtos dermocosméticos inovadores que prometem ajudar a vida daqueles que sofrem de dermatite atópica, e que resultam de um longo trabalho de investigação em parceria com a Universidade da Beira interior.
Outra novidade é a atribuição de financiamento no âmbito PRR para a requalificação total do Balneário Rainha D. Amélia, com a pretensão de tornar este espaço num dos melhores da Europa, com um conceito inovador, em que iremos procurar ter um atendimento amplo a todos clientes, aliando a nossa água termal única com a dermocosmética e com tratamentos totalmente diferenciadores e inovadores no panorama termal internacional. As obras deverão ficar concluídas até dezembro de 2026.
Por Diana Fonseca