A Ambitur.pt continua a dar-lhe a conhecer o trajeto dos muitos profissionais que se dedicam de corpo e alma à Hotelaria em Portugal. Desta vez falámos com Fabíola Pereira, administradora no Grupo PortoBay Hotels & Resorts.
Fabíola é natural do Funchal, onde nasceu em maio de 1973. E foi na ilha da Madeira que passou a sua infância. As memórias de crescer “numa ilha cheia de encanto, natureza, muito mar, com família e amigos próximos” são abundantes. A profissional recorda o mar e o sol, os verões no Clube Naval do Funchal, os piqueniques na serra, as tradições e as festas, tudo elementos marcantes para quem cresce na ilha. Além, claro, do Natal, Fim de Ano, Carnaval, Festa da Flor, os arraiais, os verões no Porto Santo, as vindimas…
Licenciada em Sociologia das Organizações, pela Universidade do Minho, Fabíola Pereira optou por ir fazendo mais tarde várias formações na área da Gestão e do Marketing. Descreve-se como dona de um “espírito justiceiro acentuado” e de uma curiosidade em conhecer mais profundamente os fenómenos e acontecimentos que contextualizam a nossa sociedade. Por outro lado, confessa que a dimensão humana das organizações também sempre a atraiu.
Como e quando iniciou a sua carreira na Hotelaria?
Comecei na hotelaria em 2004, oito anos depois de ter feito a minha formação em Sociologia das Organizações e depois de ter passado por uma experiência em jornalismo no Diário de Notícias da Madeira, e em Recursos Humanos e Marketing na Empresa de Cervejas da Madeira (ECM), onde trabalhei marcas como a Coca-Cola, Brisa e Coral. Na Madeira, onde vivo, o Turismo é um setor de grande expressão, e tinha curiosidade por esta área, até porque cresci a ver os meus pais, ambos, a trabalhar no setor.
O que a apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje a faz continuar a querer estar nesta indústria?
É muito gratificante poder trabalhar numa indústria que pode proporcionar tão bons e memoráveis experiências ao cliente final. Receber bem e proporcionar bons momentos aos outros também realiza e motiva quem trabalha em hotelaria. É um setor de pessoas para pessoas, apaixonante, multicultural, diverso, intenso, muito exigente também, mas com uma “adrenalina” muito boa. Quando cheguei, há quase 20 anos, achava que seria uma passagem, mas fui ficando. Continua a ser muito desafiante e ainda me sinto com imenso por fazer.
A chegada ao atual grupo deu-se quando e como?
Cheguei no final de 2004, depois de um ciclo muito enriquecedor e estruturante na indústria das bebidas e do grande consumo. Tudo começou com um trabalho que tive de fazer para uma cadeira da pós-graduação Gestão, que frequentava então. Nesse contexto, entrevistei o Dr. António Trindade – CEO do Grupo PortoBay. A forma
apaixonada como me falou do Grupo e da sua estratégia de distribuição, na altura com cinco hotéis e em fase de crescimento, fez-me pensar que um dia gostaria de ter oportunidade de trabalhar ali. A forte orientação para o cliente, o respeito pela Equipa e o conceito de produto e de distribuição atraíram-me desde logo. Na primeira
oportunidade que tive, candidatei-me a uma vaga anunciada pela PortoBay.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
Comecei na área do Timeshare do grupo, uma pequena operação associada ao resort Vila Porto Mare. Aprendi muito. Um ano depois, estava a assumir a direção de Marketing do Grupo. Em hotelaria, esta disciplina começou mais tardiamente e a minha experiência anterior na área do grande consumo, deu-me bagagem e segurança para ir organizando a nossa ação. Estruturámos a marca PortoBay, nessa altura ainda muito recente, revitalizámos os programas de fidelização do grupo, promovemos a comunicação dos hotéis e do grupo, criámos eventos, dos quais destaco o festival ON e a Rota das Estrelas, iniciámos a digitalização da marca, alavancámos as vendas diretas, preparámos a entrada em novos destinos para onde o grupo foi crescendo a partir de 2007, nomeadamente Rio de Janeiro, Búzios, Algarve, São Paulo, Lisboa e Porto. Em 2017 integrei o Conselho de Administração, função que acumulo ainda hoje com a direção de Marketing e Comunicação.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Atualmente, além de acompanhar e participar nas reuniões do Conselho de Administração da PortoBay, continuo a assumir a direção de Marketing e a área de Vendas Diretas e E-Commerce. Tenho uma equipa jovem e diversa na sua formação base, que se estrutura em várias subequipas especializadas. Os desafios são constantes e procuro estimular a autonomia, a interdependência e a sua capacidade de abordar criativamente os diferentes reptos que temos tido. Valorizo a empatia, o positivismo, a responsabilidade, a multidisciplinaridade e o entusiasmo. Procuro dar-lhes suporte em retaguarda e de forma próxima.
Quais os momentos que a marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
Todas as minhas passagens foram especiais. A passagem pelo jornalismo trouxe-me o respeito por diferentes olhares sobre o mesmo assunto. A passagem pelos Recursos Humanos, aproximou-me da parte mais humana e emocional das organizações. Foi nessa altura, na ECM, que abri um processo de recrutamento para Marketing num dia e, no dia seguinte, apresentei eu própria a minha candidatura interna. Este foi o meu momento de viragem: a entrada no Marketing e o regresso à Comunicação, áreas que adoro. Muito positiva foi também a oportunidade de criar quase de raiz um departamento na PortoBay. É uma enorme satisfação olhar para trás e realizar o caminho feito.
Um pouco ao lado, enfatizo também uma área que me tem trazido sentido de missão. Sou voluntária da Associação de Paralisia Cerebral da Madeira desde 2011. Há quatro anos assumi funções como presidente da Direção. É uma grande responsabilidade, mas é sobretudo uma honra pois aproxima-me de realidades e contextos de grande superação, que me ensinam todos os dias.
Momento negativo, só posso enunciar um. A pandemia. Embora hoje consiga admitir que do ponto de vista de gestão, passar por ela como administradora de PortoBay e como presidente de uma instituição com lar residencial, desenvolveu competências e abriu caminhos, mas não esqueço os momentos escuros e de incerteza pelos quais passámos.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
A transformação digital. A necessidade de flexibilidade e adaptação constantes da organização a novos comportamentos do consumidor. Ajudar a preparar a espinha dorsal de PortoBay no que toca às bases da fidelização para os próximos tempos e facilitar a consequente adaptação da organização face a novos desafios. Mas PortoBay tem um ótimo ADN.