A hotelaria é uma paixão para muitos dos profissionais que neste setor trabalham. E a Ambitur criou a rubrica “Uma carreira na Hotelaria” precisamente para que estes profissionais possam dar-se a conhecer e partilhar a sua visão sobre esta indústria. Ficamos hoje com Flávio Granja Coelho, diretor do Pestana Palace Lisboa desde 2022.
Nascido a 7 de agosto de 1981, em Oeiras, foi nesta zona que passou a sua infância e dela tem memórias felizes “a jogar à bola, a esfolar os joelhos e a jogar ao berlinde”, e esclarece que “era um jogador de futebol fabuloso!”. Flávio admite ter tido a sorte de crescer numa família “forte e coesa”, sendo o mais novo de três irmãos e ainda hoje carinhosamente tratado por “puto” no seio da família. Entre outras recordações de uma meninice bem vivida incluem-se idas à praia, passar os três meses de verão no Algarve ou o cheiro do pão feito pela avó.
Flávio Coelho formou-se em Alta Gestão de Hotel pela Swiss Hotel Management School, em Marbella, e não tem dúvidas de que foi a melhor decisão que tomou, já que há 23 anos Espanha “estava muito à frente de Portugal”. Não hesita em afirmar que a escola trouxe-lhe “mundo” e abriu-lhe os horizontes.
Como e quando iniciou a sua carreira na Hotelaria?
Depois de fazer o curso em Espanha (Les Roches Marbella Swiss Hotel Management School), comecei como Assistente de F&B no Sheraton Lisboa Hotel & Spa. Assistia o Diretor de F&B em todas as funções operacionais.
O que o apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?
Pessoas a trabalharem para pessoas, tudo se resume a gerir pessoas e tentar extrair o melhor das mesmas. O contacto constante com os clientes e toda a diversidade de nacionalidades, culturas e comportamentos.
A chegada ao Pestana Hotel Group deu-se quando e como?
Cheguei ao Pestana Palace Lisboa em julho de 2022, vindo do Grupo SANA, após fazer a abertura do fantástico EPIC SANA Marquês como diretor geral adjunto, senti a necessidade de dar o passo seguinte para cimentar e evoluir na minha carreira.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
Iniciei as minhas funções de Hotel Manager numa fase difícil no panorama hoteleiro e tenho como missão o reposicionamento do Pestana Palace, recuperar os tempos áureos deste fantástico hotel. Trabalho diariamente com esta equipa incrível para criar novos produtos, novas formas de trabalhar, pensar “out of the box” e ajudar a desenvolver os ativos humanos.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Tenho uma abordagem muito simples, porta sempre aberta, trato todos por igual, todos pelo nome, conheço todos os colaboradores da minha vasta equipa. Tenho uma mentalidade de delegar e responsabilizar, mais vale uma má decisão do que uma não decisão. Tenho o lema de que a Direção é mais importante que a velocidade,
tenho uma visão muito própria para este hotel e sinto que tenho uma equipa que me acompanha nas minhas “loucuras”.
Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
Vejo todo o meu percurso com bastante positivismo e vejo todos os momentos menos bons como aprendizado. Tenho tido ótimos mentores e tenho aprendido com todos, a cada ano que passa sinto-me mais completo e tenho orgulho de ter desenvolvido quase todas as pessoas com quem trabalhei. Do ponto de vista de gestão, partilho o lema da marca de relógios Patek Philippe, ou seja, nós nunca somos donos de um Patek Philippe, apenas cuidamos dele para uma próxima geração, assim faço em todos os hotéis por onde passo, giro como se fosse meu para que o próximo encontre um hotel melhor do que aquele que eu encontrei e que possa continuar o trabalho de consolidação/ afirmação.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
Retenção de pessoas e consistência de serviço, além de toda a incerteza que existe no negócio.