Continuamos nesta viagem de descoberta dos percurso profissionais de quem acumula “quilómetros” dedicados à Hotelaria nacional. Hoje entrevistamos Marcos Sousa, diretor do Salgados Palace e do Salgados Palm Village, da NAU Hotels & Resorts.
Marcos Sousa, pai de dois filhos, assume-se como um apaixonado por desporto e por aprender. E diz gostar de ler, de praia e de boa companhia, além de não perder um Grande Prémio de F1 e, quando o tempo sobra, de gostar de fazer legos. Confessa à Ambitur que sofre de um “mal geral”: gostar bastante de comer e beber, seja em casa ou fora dela.
Marcos nasceu em Valongo, em Fevereiro de 1982, tendo passado a sua infância até aos 10 anos de idade em Ermesinde (Porto). As memórias destes tempos de meninice transportam-no aos momentos em que fugia sozinho, em que andava de autocarro para ir ter com os primos, jogava à bola na rua ou trepava às árvores com o avô a ralhar. Na década seguinte, já em Aveiro, as recordações são de alguém que teve de criar novas amizades, admite, inserindo-se numa nova escola e numa nova cidade. Mas lembra-se especialmente de fazer aquilo que mais adorava: jogar futebol e andar de bicicleta. No “segredo dos deuses”, ficam as “batalhas épicas” com o irmão, quase seis anos mais velho.
Marcos Sousa tirou, em 2006, Técnica e Gestão Hoteleira na Escola de Hotelaria de Coimbra, e quatro anos mais tarde graduou-se em Direção Hoteleira pela Escola de Hotelaria de Portimão. Houve ainda tempo para, este ano, concluir um Master em International Hospitality Management na Les Roches Marbella. Além disso, explica, desde 2018 que todos os anos reserva uma semana de férias para pequenos cursos ou workshops que passam por áreas tão distintas como Coaching, Neuro Estratégia, Parentalidade Consciente, Método LASEr, Hipnose ou o Método Wim Hof. Reconhece que as opções vão surgindo de uma forma natural por “sugestão de fornecedores, amigos, colegas ou por necessidades que identifico para colocar em prática os meus sonhos e ambições”.
Como e quando iniciou a sua carreira no turismo/hotelaria – quais os primeiros passos?
Iniciei o meu percurso profissional com 17 anos, trabalhando como repositor e promotor em hipermercados. Mais tarde, a partir dos 19 anos, comecei com copeiro, barman e até gerente de bar, quando senti necessidade de aprender mais. No entanto, o meu envolvimento ao nível mais profissional começou depois de concluir o curso de Técnicas e Gestão Hoteleira na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, em 2006, quando assumi funções como Chefe de Sala/Gerente na Cervejaria Portugália em Coimbra.
O que o apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?
No setor hoteleiro, o que me apaixona é a capacidade de criar experiências memoráveis para os hóspedes e inspirar outras pessoas, seja as equipas pela liderança, seja os clientes pelo serviços, sejam os vizinhos pelas atitudes. A dinâmica deste setor, a interação com pessoas de diferentes culturas e a possibilidade de fazer parte de eventos especiais são aspetos que continuam a motivar-me. Ao longo dos últimos anos, a parte mais conceptual tem-me despertado mais interesse.
A chegada ao atual grupo deu-se quando e como?
Deu-se em em maio de 2013 para reabrir as unidades NAU Salgados Palace e NAU Salgados Palm Village, que se encontravam encerradas. O processo foi tão simples como enviar o CV para o diretor de RH e ter sido escolhido após entrevista com o mesmo e o COO. Foi uma entrevista, com algum humor à mistura, onde me recordo de ter feito uma metáfora em jeito de brincadeira. Passou-se mais de uma década desde então!
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
O percurso tem sido intenso, recheado de performances interessantes ao nível financeiro, de qualidade e vários reconhecimentos em prémios coletivos e um individual, onde se destaca, em 2019, nos Prémios Xénios – Excelência em Hotelaria atribuídos pela ADHP – Associação de Directores de Hotel de Portugal, a distinção de Melhor Diretor de Hotel do Ano. Mais do que isto, agrada-me testemunhar que quatro colegas que trabalharam na equipa já são diretores de hotel e outros que têm vindo a crescer pessoal e profissionalmente dentro da organização.
O Salgados Palace tem agregado um centro de congressos com 21 salas modulares e um auditório com +1600 lugares, o que nos permite que sejamos um empreendimento ímpar e assim todos os dias temos algo diferente a acontecer. Cada ano é uma jornada única!
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Atualmente, as minhas funções incluem a gestão global das operações do NAU Salgados Palace & Congress Center 5* e NAU Salgados Palm Village 4*. Procuro liderar a equipa para proporcionar experiências únicas aos hóspedes, coordenar eventos de grande envergadura e garantir um serviço de qualidade. A minha abordagem de gestão envolve incentivar a colaboração, a comunicação eficaz e o desenvolvimento pessoal. Hoje em dia pensar igual gera os resultados já conhecidos, por isso, tenho vindo a promover pensamentos diferentes para gerar resultados diferentes.
Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
O meu percurso tem sido recheado de coincidências. Curiosamente fui estudar “tarde”, entre os 22 e 24 anos; este facto, associado aos valores que os mais pais (e irmão) me transmitiram, deram-me uma maturidade diferente e permitiram-me sobressair ao nível comportamental e de liderança.
Os momentos mais positivos descantam-se as várias task forces no grupo Vila Galé, seja no apoio a unidades em Portugal e no Brasil, como o desenvolvimento do ERP da empresa. Já no grupo NAU Hotels, com mais experiência, permitiu-me ampliar a visão da indústria, da comunidade e destaco os vários eventos icónicos – desde lançamentos de carros a durar três meses, aos eventos das associações do setor, congressos médicos, congressos internacionais, principais empresas em Portugal e, ainda, a expectativa sobre a Cerimónia Gala Michelin Portugal, que ocorrerá no Salgados Palace em fevereiro de 2024. Por fim, a implementação de regime tudo incluído, mantendo um nível de satisfação equilibrado.
Do outro lado da ponte, estão também momentos que produziram muito do que sou hoje porque me ajudaram a crescer. Gerir pessoas tem sido, sem dúvida, o mais complexo, onde realço ter que liderar pessoas com idade para serem meus avós e com parcas competências digitais até à gestão do binómio expectativa vs realidade; a sazonalidade que nos desafia na gestão das equipas e das suas ambições, porque se monta uma equipa nova ano após ano. As mudanças geram sempre desconforto e, por vezes, há que ter flexibilidade para as aceitar e incrementar atitude para uma visão otimista.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
Este ano os desafios são novos. A equipa de gestão e de report é nova e há naturalmente novos processos onde é necessária uma rápida adaptação individual para transferir confiança e tranquilidade para o coletivo. O desafio ainda se eleva mais, dado que decidi tirar um Master in International Hospitality Management em Les Roches, Marbella. Ainda neste âmbito, o processo de reposicionamento das unidades com a introdução de marcas internacionais de renome tem sido um projeto muito interessante.
Conciliar a vida de profissional, estudante e família é um tremendo desafio. Contudo, com intenções bem definidas, tudo fica mais fácil, tudo se consegue. O tema da moda é talvez o maior deste ano: equipas. Com a chegada da Highgate a Portugal, diria que as maiores aprendizagens foram observar melhor e ver diferente. Esta ampliação de visão, aliado ao conhecimento da equipa de gestão, faz com que se analisem e se apliquem novas metodologias nas gestão e necessidades das equipas.
Por fim, as necessidades dos clientes (e das equipas) está a um nível de transformação bastante elevado após a pandemia. Sermos capazes de o identificar e incrementar ações ditará muito do sucesso do ano.